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Universidade Federal de Goiás
PANORAMA

PANORAMA

Em 14/07/21 14:27. Atualizada em 14/07/21 14:28.

Por uma educação libertadora

Wesley Melo Barbosa de Menezes*

PANORAMA
Em setembro de 2013 cerca de 200 mil descendentes de haitianos foram colocados em situação de apátridias  por decisão do Tribunal Constitucional da República Dominicana. A medida revogou a nacionalidade de indivíduos nascidos entre 1929 e 2010 que fossem filhos de imigrantes indocumentados.

Ambas as nações foram colonizadas e estiveram sob o domínio de potências europeias. Porém, por diversos fatores históricos, a República Dominicana conseguiu prosperar e hoje é uma das nações mais desenvolvidas do Caribe. O Haiti leva o título de nação mais pobre das Américas e vem enfrentando diversas crises que se agravaram com um terremoto que atingiu a ilha em 2010 e agora com o assassinato do Presidente, ocorrido recentemente. 

A República Dominicana é o país que mais recebe imigrantes haitianos e também o que apresenta políticas hostis em relação a essa população migrante que busca melhores condições de vida no país vizinho. Nas raízes desse conflito temos o racismo contra a primeira nação negra independente do mundo, e o fato de ser a segunda a se libertar nas Américas. 

A independência do Haiti foi declarada em 1804. Os ex-escravizados se tornaram os governantes e os europeus foram derrotados. Foi um golpe para o mundo branco “civilizado” da época. A França só reconheceu a independência mais de 20 anos depois e mediante a uma indenização pelas “perdas” sofridas que embargou a economia do país recém-criado. Além disso, foram impostos uma série de boicotes à nova nação que procurava exaltar suas raízes africanas. No processo de independência da República Dominicana eles procuraram se afirmar como nação de brancos, mestiços e índios em detrimento da herança africana proclamada pelo país vizinho. 

O racismo operou na história desses países e teve papel fundamental para a atual organização do mundo. Sabendo dessas questões e diversas outras que operam em nossa realidade é de fundamental urgência e importância lutar contra essa forma de opressão sendo anti-racista. É necessário também que a educação seja libertadora. Não é suficiente saber a história do mundo, do Haiti, do Brasil e não refletir e agir em relação a isso.

Quando a educação não acontece de forma a desenvolver a consciência crítica e a reflexão sobre as questões sociais, na primeira oportunidade, o oprimido se torna o opressor. Haiti e República Dominicana eram colônias de países europeus, ambas estavam na condição de nações oprimidas. Atualmente com a situação econômica superior em relação à nação vizinha, a República Dominicana explora e oprime a nação Haitiana.

Não há receitas prontas ou formas fáceis de resolver essas questões. Que por meio da educação a gente consiga conscientizar nossa população. Que em algum futuro nossos representantes sejam instruídos e trabalhem em favor de uma comunidade global igualitária e representativa.

Wesley Melo Barbosa de Menezes, licenciado em Geografia na PUC-GO, bolsista profissional na Reitoria Digital da UFG e apoio técnico da Cátedra Sérgio Vieira de Melo - UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas FCS