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Universidade Federal de Goiás
Papo Musical

PAPO MUSICAL

Em 16/07/21 12:15. Atualizada em 09/08/21 15:35.

"A última nota": um filme para os amantes da música de concerto

 
Gyovana Carneiro*

A Última Nota” – título original “CODA”.

 

Segundo Friedrich Nietzsche “Sem a música a vida seria um erro”. Com essa citação filosófica, inicia-se o filme “A Última Nota”, com o título original “CODA”. A produção canadense com direção de Claude Lalonde já está disponível nas plataformas digitais.

No dicionário Grove de Música, CODA, é descrito como “a última parte de uma peça ou melodia; um acréscimo a um modelo, ou forma padrão. Na fuga, a coda é o material musical que surge após a última entrada do sujeito e, na forma sonata, o que vem após a recapitulação”.

Como uma CODA, o filme a “A Última Nota“, fala da vida de uma artista na terceira idade, relatando um dos períodos mais delicados da carreira do pianista fictício Henry Cole interpretado por Patrick Stewart.

Como “a parte final de uma melodia” o músico sofre ao decidir se é hora de continuar ou encerrar a carreira. Uma reflexão que faz parte da vida. Qual será a melhor hora de encerrar uma carreira? Será esse o momento certo de parar?

Henry Cole dedicou sua vida ao trabalho, pianista de grande sucesso, se afastou dos palcos após o falecimento de sua esposa. O dilema do filme gira em torno do esperado retorno ameaçado por uma crise repentina de ansiedade.

A Última Nota”

 

Neste momento, entra em cena a jornalista Helen Morrison interpretada pela atriz Katie Holmes na qual Henry Cole passa a confiar.

O pianista “Henry Cole” fala:

Eu não consigo. É como se eu estivesse remando na beira de uma cachoeira”

Patrick Stewart interpreta Henry Cole e Katie Holmes interpreta Helen Morrison no filme “A Última Nota”

 

Helen” diz:

“você os deixa feliz, só precisa tocar” (…)

A narrativa do pianista é contida e ao mesmo tempo marcante. Aos poucos o espectador vai conhecendo a trajetória do pianista através das poucas pessoas que o cercam, além da jornalista, seu agente Paul interpretado por Giancarlo Esposito.

Paul interpretado por Giancarlo Esposito

 

Incrível a interpretação de Patrick Stewart ao construir um personagem que é ao mesmo tempo admirado por todos, mas, por dentro, está desmoronando diante da vida, passando com sua atuação magistral, a angustia do seu personagem, para o espectador.

Cena do filme “A Última Nota”

 

O roteiro de Louis Goldout instiga o público. Como uma Sonata em três movimentos, por vezes metafóricos, o filme leva o espectador a acompanhar flashes da vida de Henry, seu deslocamento do tempo presente para memórias do passado e a eventual fusão entre os diversos tempos em suas memórias. Tudo isto com paisagens de tirar o folego e uma trilha sonora especial para os amantes da música de concerto. 

O filme possui uma sutileza própria, e, quem gosta de música deve mesmo ver esse filme. Lá você poderá ouvir boa música e refletir sobre a carreira de um grande pianista.

Ouviremos um pianista da vida real. O argentino Daniel Barenboim (1942) interpretando uma das obras que estão no filme. De Ludwig van Beethoven (1770 – 1827) a  Sonata para piano No. 23 in F minor, Op. 57 “Appassionata”.

Daniel Barenboim (1942)

 

Observe que “A Última Nota”  traz interessantes e ricas abordagens, que tem como fios condutores a música e arte. Aproveite para desfrutar a brilhante interpretação de Daniel Barenboim nessa Sonata de Beethoven.

 

* Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: colunistas Emac