
Divulgação do cinema brasileiro é destaque da live #CulturaNaUFG
Organizado pela Proec, encontro também discutiu sobre a preservação do patrimônio audiovisual nacional
João Gabriel Palhares
Ao levantar a discussão sobre o florescimento das diferentes manifestações culturais brasileiras, o programa ‘Lives #CulturaNaUFG’, organizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec), adentrou ao mundo do cinema com a Websérie Cinelimite. O primeiro episódio pautou a propagação do cinema brasileiro internacionalmente e recebeu os convidados Gustavo Menezes e Matheus Pestana, produtores audiovisuais e integrantes do Cinelimite, organização sem fins lucrativos responsável pela exibição de produções brasileiras e promoção do intercâmbio cultural entre os Estados Unidos e o Brasil.
Mediado pela pró-reitoria adjunta de Extensão e Cultura e Direção de Cultura, Flávia Maria Cruvinel, os produtores audiovisuais, Gustavo Menezes e Matheus Pestana, dialogaram com o público sobre os processos de curadoria do site Cinelimite, parcerias e recepção do público americano frente ao projeto. Outro integrante, Willian Plotnick, também colaborou com o debate por meio do chat da transmissão.
De acordo com os organizadores, o Cinelimite surgiu da inquietação de produtores audiovisuais dos Estados Unidos que tinham interesse pelas produções brasileiras, mas encontravam dificuldades para acessar os materiais. Navegando pelas veias híbridas da internet, Willian - que está em Nova York - entrou em contato com Gustavo e Matheus, onde foram construídas pontes para o intercâmbio do material e reprodução, que hoje é exibido no site do projeto.
Iniciado em meados de agosto do ano passado, o projeto conta com a recepção não só dos Estados Unidos como também da Índia, Inglaterra, Indonésia, China, África e, é claro, do Brasil. De acordo com Willian, a reação da recepção é de surpresa. “As pessoas nos EUA estão se acostumando com a ideia de que o cinema brasileiro existe além deste cinema novo”, conta.
Ainda, a recepção, de acordo com Willian, mostra como as pessoas ao redor do mundo são fascinadas pelo cinema brasileiro. A organização, sem fins lucrativos, recebe hoje a parceria da Universidade de Columbia nos Estados Unidos para a transmissão do conteúdo e se apoia na não cobrança de taxas para garantir o acesso democrático às produções.
Conteúdo
Segundo Gustavo, a organização do projeto sempre teve interesse na história brasileira, assim, a curadoria do site está mais voltada aos filmes menos ‘canônicos’. Dessa forma, toda pesquisa para exibição das produções é pensada com acervos parceiros e instituições que têm poder sobre as obras de diversos cineastas, como Sérgio Ricardo e Anselmo Duarte. As mostras do site já circulam, de acordo com os organizadores, entre filmes mais autorais, de ciclos regionais, de gênero, filmes experimentais e segue aberta para ideias novas. “A gente quer explorar até onde for possível todas as vertentes do cinema brasileiro”, afirma Gustavo.
A dificuldade do trabalho, segundo os convidados, é discutir com quem tem o direito de exibição do filme. “Já chegou ao ponto de um cineasta ter decidido se isolar em uma cidade e a gente ter que se virar para mandar o contrato para ele assinar e poder traduzir e exibir”, conta Matheus. Pela falta de preservação, outro problema encontrado por eles é achar cópias de produções mais antigas digitalizadas em bom estado.
Citando a preservação dos conteúdos, a mediadora Flávia Cruvinel citou e relembrou o acidente que ocorreu nos galpões da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no final do mês passado. De acordo com Gustavo, o acontecimento representa um impacto para os produtores audiovisuais, mas já era algo esperado frente ao sucateamento que a instituição vem sofrendo. “No incêndio do galpão, foram perdidos quase 4 toneladas de material, isso é a história do Brasil que vai embora”..
Willian também se manifestou através do chat falando sobre o impacto do acidente para a organização. “Queremos nos concentrar em filmes brasileiros mais antigos. Mas como podemos fazer isso sem a Cinemateca? Cinelimite exibiu muitos filmes de má qualidade. Estamos orgulhosos de fazer isso! Mas, sem a Cinemateca, há pouca esperança de que um dia seremos capazes de exibir esses filmes em um grande teatro”, escreveu.
Filmes domésticos
Além da organização de exibições, o Cinelimite também trabalha com a recuperação de filmes domésticos. Os organizadores contam que há a possibilidade de doação de acervos privados que são encaminhados para os EUA onde é feito o trabalho de preservação. Segundo Matheus, atualmente eles contam com 50 filmes domésticos digitalizados. As produções recebidas são utilizadas para participação de mostras internacionais de filmes domésticos.
Rompendo as fronteiras, os organizadores finalizaram falando sobre o horizonte do Cinelimite. De acordo com Gustavo, a exibição de filmes presenciais está dentro das articulações da organização para o futuro. Eles também já estão se movimentando para criar mais materiais de contextualização do cinema brasileiro para o público estrangeiro.
Fonte: Secom-UFG
Categorias: Arte e Cultura Proec