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Universidade Federal de Goiás
Paulo Freire

Metodologia de Paulo Freire é revisitada por Frei Betto

Em 19/08/21 09:48. Atualizada em 19/08/21 09:49.

Live com Frei Betto abre Seminário Centenário Paulo Freire: Educação e Direitos Humano

João Gabriel Palhares 

Ao celebrar a contribuição do patrono da educação brasileira, o Seminário Centenário Paulo Freire: Educação e Direitos Humano foi aberto na segunda-feira (16/8) com o diálogo com o frade dominicano Frei Betto sobre as vivências com a metodologia freiriana. O religioso narrou suas experiências com a educação popular. O evento foi organizado pelo curso de Licenciatura em Educação do Campo da Regional de Goiás da Universidade Federal de Goiás.  

Além da presença do frade, os convidados Claude Detienne, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Sandro di Lima, diretor do Instituto Federal de Goiás - Campus Cidade de Goiás (IFG), Angela Fonseca, secretária municipal de Educação da Cidade de Goiás, Aderson Gouvea, prefeito de Goiás e Frei Carlinhos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estiveram presentes na abertura.

Mediado pela professora Alessandra Gomes de Castro, do curso Licenciatura em Educação do Campo, antes da fala de Frei Betto, houve a apresentação de um vídeo por parte da Secretaria de Educação da Cidade de Goiás com crianças da rede municipal de ensino citando frases de Paulo Freire. Os convidados aproveitaram o momento para expressar o agradecimento com a realização do evento e ao pensamento de Freire. “É um momento de resistência e um momento de construção”, afirmou Sandro di Lima.

Em sua fala, Frei Betto citou a contribuição do pensamento de Paulo Freire para as resistências no período da ditadura militar, bem como, para o surgimento das comunidades libertárias de base cristã, dos movimentos populares, do sindicalismo combativo e até mesmo da fundação da Central Única de Trabalhadores (CUT), do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). De acordo com ele, o educador foi a semente para a proliferação desses movimentos, sem ele não haveria a possibilidade de criação dos mesmos. “Ele nos ensinou a encarar a história pela ótica dos oprimidos e torná-los protagonistas das mudanças na sociedade”, afirmou.

Ao narrar suas experiências, o frade lembrou como conheceu os ensinamentos de Paulo Freire. De acordo com ele, o contato foi dado por meio de uma ação que realizava em Petrópolis, no norte do Rio de Janeiro, onde ensinava, com base na vivência, os trabalhadores de uma fábrica de motores. Segundo ele, o momento despertou a cooperação para a construção da aprendizagem e reforçou a necessidade de compreensão quanto à leitura das letras, que deve ser feita, após o estímulo da percepção crítica do mundo. 

A metodologia ‘freiriana’, para o frade, precisa tirar dos educandos o que eles sabem, mas acreditam que não sabem e, em cima disso, estimular as inquietudes e questionamentos, para assim, gerar um espírito crítico. Segundo Frei Betto, o evento se faz necessário para revisitar Paulo Freire e, nesse sentido, contribui para promover a reflexão sobre os abandonos do trabalho de base com as classes populares. “Se queremos resgatar o legado de Paulo Freire, isso significa voltar para o trabalho de base com as classes populares, adotar seu método numa perspectiva histórica aberta às utopias libertárias e ao horizonte democrático, ou seja, fora do povo não há salvação”, afirmou.

Em resposta a uma pergunta, o frade afirmou que o maior desafio para uma educação libertadora é o currículo convencional das escolas. A educação popular, de acordo com ele, não se mescla com a escola formal, pois o tempo convencional desses espaços não compactua com o tempo do educando. Dessa forma, é preciso voltar essa prática dentro de espaços que permitem fluir essa educação popular, como o caso do MST, citou.

João Gabriel Palhares é estagiário de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta

 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades Regional Goiás