Talita Prudente

Educação, ciência e tecnologia são motores da inovação. Por meio de pesquisas realizadas nas universidades, esses elementos convergem para geração de conhecimento e produtos avançados que colaboram no desenvolvimento de setores públicos e privados. Nesse contexto, o Conecta Pós surge para potencializar a interação dos programas de pós-graduação da UFG com empresas e governos, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do Centro-Oeste.

O programa foi criado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFG. Laerte Ferreira, pró-reitor de pós-graduação, conta que o Conecta Pós não chegou para burocratizar ações, e sim para auxiliar e explorar novas oportunidades. “O programa é uma filosofia que prega a conexão da universidade com diferentes segmentos da sociedade. Uma relação interdisciplinar, que pode ser proposta em todas as áreas do conhecimento”.

A coordenação do Conecta Pós está sob olhar experiente do professor Robert Bonifácio (FCS-UFG), membro permanente nos programas de pós-graduação em Ciência Política (PPGCP) e em Direito e Políticas Públicas (PPGDP). O professor é  conselheiro da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE), sócio fundador do Instituto Péricles de Políticas Públicas e ex-secretário executivo do Escritório de Prioridades Estratégicas da Prefeitura Municipal de Goiânia.

“O Conecta Pós é um órgão de fomento à tríplice hélice (relação entre universidade-governo-empresas) para gerenciar parcerias e atomizar a cultura da inovação nos programas de pós-graduação. A ideia é que o programa faça parte da rotina dos PPGs, independente da aprovação ou não de novas cooperações”, reflete Robert Bonifácio ao destacar que o programa atua em diferentes frentes e também engloba as inúmeras parcerias já existentes na UFG.

Para  o reitor da UFG, Edward Madureira, o Conecta Pós é fruto de um crescimento natural da universidade. Ele lembra que na maioria dos países, universidades e empresas possuem relação de proximidade, e que, no Brasil, as instituições  superaram antigas premissas de que centros acadêmicos e de ciência  não se relacionam com setores produtivos. Tanto que, a legislação brasileira já possui marcos regulatórios que estimulam as parcerias para inovação.

“As universidades são agentes de desenvolvimento do país e a UFG se consolidou com bases muito fortes na pesquisa e na pós-graduação. O Conecta Pós vem justamente para fortalecer e criar pontes entre a pós-graduação e o setor produtivo, mas jamais a universidade abrirá mão de fazer ciência sem aplicação prática. Essa também é de fundamental importância para o desenvolvimento da sociedade.”, ressalta Edward Madureira.

O lançamento oficial do Programa Conecta Pós será realizado em uma live especial, no dia 17 de setembro, a partir das 17 horas, no canal oficial da UFG no YouTube. Entre os convidados para o evento estão Maria Zaira Turchi, da Diretoria de Cooperação Institucional do CNPq, Otávio Laje Filho, presidente da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial) e o professor Jorge Audy, cofundador do Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

UFG e indústria

O CONECTA Pós foi concebido a partir do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação - MAI/DAI, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O programa auxilia na execução de projetos na pós-graduação desenvolvidos de acordo com demandas empresariais. Com nota máxima nos critérios de relevância e experiência da instituição com Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), a aprovação da UFG neste edital  reforçou o potencial de integração da universidade.

O pró-reitor de pesquisa e inovação da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, explica que quando uma empresa estabelece  contato com instituições científicas ela acessa laboratórios, ferramentas e recursos humanos qualificados, um instrumental atualizado para inovar e se destacar no mercado.  Por outro lado, essa conexão gera novos questionamentos na universidade, possibilidades de financiamento de projetos de pesquisa e ampliação das perspectivas de trabalho e empreendedorismo dos alunos e cientistas.

Jesiel ainda lembra que a relação entre universidades e empresas ganhou força com o Decreto nº 9.283/2018, que regulamenta o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei Federal nº 13.243/2016). Entre outras garantias, a lei autoriza ICT’s públicas e agências de fomento a participarem do capital social de corporações privadas e facilita a negociação da transferência de tecnologia entre as instituições. 

Participante do MAI/DAI, a empresa nacional Ballagro Agro-tecnologia, especializada em soluções de  controle biológico sustentável para agricultura, firmou recentemente uma parceria com os Programas de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas e em Agronomia. O projeto é coordenado pelas professoras Leila Garcês (EA) e Mara Rúbia Rocha (EA), com supervisão do gerente de inovação da Ballagro, Sergio Antonio Barraca. A pesquisa  visa o desenvolvimento de um novo bioproduto, que tem como matéria prima o fungo Waitea circinata, presente em raízes de orquídeas do Cerrado. 

“Enxergamos a UFG como uma instituição de extrema relevância nacional na geração tecnológica. Entendemos e valorizamos o árduo caminho dos pesquisadores na produção de ciência, tecnologia e novos produtos. Toda empresa tem suas necessidades e dinamismo no processo de geração de valor e renda. Na UFG, encontramos docentes de alto nível e o entendimento necessário para esse dinamismo, com  muita flexibilidade e vontade de seus pesquisadores para a consolidação da parceria. A relação é primordial, necessária e enriquecedora”. - Sergio Antônio Barraca.

UFG e governos

O conhecimento produzido nas universidades  é um patrimônio à disposição da sociedade, mas o poder de  transformação social, cultural e econômico da ciência atinge ainda mais pessoas quando atrelado ao desenvolvimento de políticas públicas. A primeira interlocução do Conecta-Pós nesse sentido ocorreu em Anápolis, com a apresentação de uma proposta para criação de um polo de pós-graduação na cidade. A parceria se dá entre a UFG, a prefeitura e o setor empresarial da região.

A princípio, o projeto será instalado no Centro de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia de Anápolis, local que também  vai abrigar startups e coworkings. Serão oferecidos cursos de mestrado profissional  e especialização em diversas áreas como Saúde Coletiva, Ensino na Educação Básica, Administração Pública, Finanças e Tecnologia. “Os cursos convergem com as características econômicas e estratégicas da cidade”, explica Robert Bonifácio, coordenador do Conecta- Pós. 

“A vinda da UFG para Anápolis representa um marco na inovação e na construção de um novo patamar do nosso polo tecnológico. A parceria já está fazendo a diferença e queremos seguir avançando para trazer mais da UFG para nossa população”, comentou o prefeito de Anápolis, Roberto Naves. A expectativa é que a ação do Conecta em Anápolis seja referência para que outros municípios percebam a lógica e o impacto da conexão com instituições científicas.

Segundo a coordenadora de pós-graduação lato sensu da UFG, Aline Leite Medrado, o novo polo de pós-graduação permite a formação de um perfil profissional que associa conhecimento, desenvolvimento estratégico e  inovação. “A proposta apresentada pelo Conecta Pós vai ao encontro do objetivo principal da pós-graduação lato sensu da UFG: a socialização do conhecimento através da qualificação, especialização e atualização do profissional graduado, incorporando competências técnicas e científicas com vistas ao desenvolvimento da sociedade”.

Confira a matéria da Rádio Universitária sobre o Conecta Pós.