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Universidade Federal de Goiás
Exposição Museu

Professora da USP dialoga sobre perdas e recomeços dos museus

Em 23/09/21 10:02. Atualizada em 23/09/21 10:04.

Maria Cristina Oliveira Bruno participou da abertura da 15ª Primavera dos Museus, promovida pelo Ibram

João Gabriel Palhares*

 

Dando início às atividades da 15ª Primavera dos Museus, a professora de Museologia da Universidade de São Paulo (USP), Maria Cristina Oliveira Bruno, refletiu sobre as perdas e recomeços da museologia. O evento que ocorreu na segunda-feira (20/9) faz parte de uma jornada de discussões promovidas pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) acerca dos papéis das suas instituições diante dos cenários sociais de mudança e ressignificação.

A conferência contou com a mediação da vice-diretora do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG), Rossana Klippel, e a presença da superintendente de patrimônio histórico, cultural e artístico da Secretaria de Estado de Cultura de Goiás (Secult), Tânia Mendonça, da pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura da UFG, Flavia Maria Cruvinel, da coordenadora do curso de bacharelado em Museologia da UFG, Vera Wilhelm, e do diretor do Museu Antropológico da UFG, Manuel Ferreira Lima Filho.

Maria Cristina Oliveira Bruno

Em vídeo, o secretário estadual interino de Cultura, César Moura, que não pôde comparecer à conferência, agradeceu e cumprimentou todas da mesa, em especial a professora Maria Cristina. De acordo com ele, a docente tem um reconhecimento grande para o estado de Goiás por seu auxílio na construção do pensamento museológico e na formação de profissionais goianos.

O momento é muito importante para área museológica de Goiás, segundo o secretário, pois marca o retorno da parceria entre a Secult e o Museu Antropológico da UFG. Para ele, a discussão do evento é um caminho para a reflexão do cenário atual de preservação histórica e cultural durante o fechamento de museus na pandemia. Firmando a parceria entre as instituições, a superintendente Tânia Mendonça, seguiu a fala do secretário e reforçou a parceria histórica entre a Secult e o Museu Antropológico. De acordo com ela, há muitas experiências positivas desde 1980, com a presença pioneira da professora e museóloga, Edna Taveira.

Durante as falas, a pró-reitora Flavia Cruvinel informou que, em meio às discussões que falam sobre a importância de investimento, tanto em tecnologia, como mediação das comunicações, desde 2016 a UFG tem realizado um processo de desenvolvimento de catalogação para preservação de acervos que estão envolvidos no Museu de Ciências da universidade.

A professora Vera Wilhelm não deixou de agradecer também pela oportunidade de vivenciar a mesa com a professora Maria Cristina. Segundo ela, a palestra evidencia os reflexos que diversas mudanças têm causado nas instituições culturais e nos trabalhadores, exigindo maior esforço, resistência, sensibilidade e percepção de atuação.

Manuel Ferreira, diretor do Museu Antropológico da UFG, contou que a instituição se consolidou como uma casa do fazer científico. Segundo ele, em tempos onde as minorias vêm sendo desrespeitadas nas suas histórias e costumes, a casa além de ser um lugar da ciência é também um local de inclusão e cidadania.

Após escuta dos participantes, a professora Maria Cristina iniciou sua fala reforçando a necessidade de compartilhar reflexões e argumentos sobre o setor da museologia, em especial sobre o tema proposto ‘perdas e recomeços’. A inspiração para a exposição, de acordo com a professora, foi a produção do museólogo, Bruno Brulon Soares, sobre o que fazem os museus. A narrativa foi escolhida, segundo Maria, pela abordagem do tempo, da imaginação e do futuro.

Na discussão, a professora expôs os múltiplos caminhos de perda que atravessam os museus, como tragédias, abandonos e oposições. De acordo com ela, não há uma perda que se sobressaia à outra, todas são significativas e doem em mesma quantidade, apenas mudam a sua origem. No caso das tragédias, a professora ressalta sobre a natureza pública da instituição, que são bem visíveis à sociedade devido a sua grande repercussão.

Outro atravessamento levantado por Maria Cristina é a ausência sistemática de financiamento e recursos para sustentabilidade institucional, bem como a descontinuidade institucional, trazendo, assim, uma grande necessidade de gestão em recursos humanos que pensam o museu como local de trabalho a longo prazo. As reorganizações políticas de uma cidade ou estado são outro ponto que acabam trazendo uma descontinuidade na instituição, relatou. Para a professora, os pontos levantados são uma tragédia para a eficácia dos museus.

Nos últimos tempos, a professora também levanta preocupações quanto à ausência de investimentos em capacitações para os profissionais; dissidências científicas; crises ideológicas e políticas; incompatibilidade entre profissões e preconceitos culturais. Diante disso, como recomeçar? A professora enfatizou sobre a necessidade de formação profissional para museus, seja com expansão, sinergia ou diversidade de modelos. A produção de conteúdo sobre os museus, para ela, também é um ponto importante para compreender a realidade das instituições.

A compreensão da diversidade de gestão dos museus, o incentivo a trabalhos colaborativos e socialmente engajados, as políticas públicas direcionadas aos museus e a discussão e criação de legislações e regramentos participativos também fizeram parte das opções discutidas por Maria Cristina para insurgir em meio às perdas. Ao final, a professora dedicou sua apresentação à professora aposentada da UFG e museóloga Edna Luisa de Melo Taveira. A ex-docente dirigiu o Museu Antropológico da universidade de 1983 a 1993 e de 1995 a 1997. Edna faleceu em 2017.

*João Gabriel Palhares é estagiário de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades museu antropológico