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Universidade Federal de Goiás
PORQUE O ESTADO IMPORTA

PORQUE O ESTADO IMPORTA

Em 13/10/21 10:01. Atualizada em 13/10/21 10:01.

Porque o Professor Importa!

 

"Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho:

os homens se libertam em comunhão."

Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, p. 52. 

 

Tadeu Alencar Arrais e Ana Luísa Aragão*

 

Pelo menos 30% dos brasileiros frequentam instituições de ensino e travam, todos os dias, contato com professores. As escolas públicas, em todo país, tornaram-se, de diferentes modos, pontos de apoio na tentativa de superar a crise sanitária resultante da pandemia. Alia, a comunidade escolar encontrou o apoio fraterno dos profissionais da educação. E não é para menos. Na educação básica são mais de 48,4 milhões de alunos. Na educação superior outros 8,4 milhões de alunos.  Se a escola transformou-se na instituição de maior presença no território nacional é porque, para além das paredes de alvenaria, madeira ou taipa, existem profissionais dispostos a exercer, sob circunstâncias variadas, o ofício de ensinar

A superação do analfabetismo, uma das barreiras de acesso à cidadania, foi resultado de um esforço extraordinário de professoras e professoras. É preciso lembrar que, em 1940, mais de 60% da população brasileira era considerada analfabeta, percentual que passou, em 2018, para 6,6% da população. Só no ensino básico são mais de 2,2 milhões professores e no ensino superior outros de 390 mil.  As dificuldades de acesso às escolas rurais ou às comunidades ribeirinhas e até mesmo as horas gastas no deslocamento nas metrópoles, não impedem o exercício de seu ofício. O magistério, como tradução formal do encontro de pessoas com o universo da ciência e da cultura, tem exigido extraordinária dedicação dos profissionais da educação.  

A retórica da abnegação, enfatizada no dia 15 de outubro, naturaliza o fato de que esses profissionais atuam em condições cada vez mais adversas. Não dispensamos, no dia 15 de outubro, os afetos da comunidade escolar. No entanto, não podemos deixar de recordar a negligencia do poder público com essa categoria profissional. 

A negligencia é, econômica, já que milhões de profissionais da educação sobrevivem com baixos salários.  Estudo da OCDE aponta que a remuneração de um professor das séries iniciais em Luxemburgo é 5 vezes maior que a do Brasil. A Espanha, para o mesmo nível de ensino, paga 3 vezes mais e o Chile quase duas vezes mais.  Como senão bastasse a baixa remuneração, a carga horária anual e o total de alunos nas séries iniciais no Brasil é superior à registrada na Alemanha, em Portugal, na Espanha, no Chile e na Colômbia. A equação é simples: os professores do ensino básico ganham menos, trabalham mais e dispõem da pior infraestrutura. Esta aí a receita para o adoecimento. 

Mas a negligência é, também, política, já que o direito de expressão, materializado na autonomia pedagógica, tem sido criminalizado em função de projetos como o Escola Sem Partido. O manto do debate ideológico camufla os interesses privatistas que pretendem anular o artigo 205 da Constituição Federal que apregoa a educação como direito de todos e dever do Estado. 

O Observatório do Estado Social deseja que os profissionais da educação convertam sua força numérica em potência política.  Do contrário, os anos vindouros, sempre, serão a repetição de um passado de pouco orgulho e um presente de muitas lamentações. 

Vídeo homenagem

Para mais informações

Plataformas de Dados do Observatório do Estado Social Brasileiro

http://obsestadosocial.com.br/

https://observatorio.spatialize.com.br/#/

 

Canal Porque o Estado Importa

https://www.youtube.com/channel/UCuZDu3jkiPMfxYTmfzVzKWw

 

Tadeu Alencar Arrais é professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás e Ana Luísa Aragão  é Professora do Instituto Federal Goiano – Campus – Posse, doutoranda em Geografia pela UFG/IESA

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

 

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunista Iesa