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Universidade Federal de Goiás
Artesanato Cidade de Goiás

Patrimônio da Cidade de Goiás estimula reflexão sobre preservação cultural

Em 15/10/21 10:28. Atualizada em 15/10/21 10:29.

Evento GOYAZ 2001+20 discute performances patrimoniais, visualidades e narrativas

Anna Júlia Steckelberg*

“Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que o Tempo passe tudo a raso. É o que procuro fazer, para a geração nova, sempre atenta e enlevada nas estórias, lendas, tradições, sociologia e folclore de nossa terra”, Cora Coralina. 

“A cidade de Goiás é Cora e Cora é a Cidade de Goiás", afirmou o professor Lázaro Ribeiro, durante uma mesa redonda no evento GOYAZ 2001+20. A conversa ocorreu no último sábado (9/10) e integrou o eixo temático 3 Performances patrimoniais, visualidades e narrativas. A mesa redonda também contou com a presença do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Felipe Berocan da UFF, com a professora do Instituto Federal de Educação e Tecnologia de Goiás, Cristiane Ventura, com o doutorando da UFG em Arte e Cultura Visual, Emiliano Alves de Freitas, e com a professora da UFG da Regional Goiás, Silvana Belline.

Goyaz 2001=20

Os palestrantes trouxeram suas experiências na Cidade de Goiás e em processos sociais e culturais como atos de comunicação e de construção dos significados.  Cristiane Moreira apresentou seu projeto realizado na cidade, o Enxovia Forte - Cine-instalação, que foi realizado em 2017 pelo IFG. “Eu desenvolvi um projeto de pesquisa focado na experiência da percepção do espaço e instalações audiovisuais, como o espaço histórico traz uma narrativa e como o público interage”, afirmou a professora. Enxovia Forte foi uma instalação na antiga Cadeia da Cidade de Goiás, no século XIX, que propunha ao visitante um contato de como era a rotina dos presos daquela época.  

“O evento tem contribuído de forma brilhante para o pensamento a respeito do patrimônio cultural de Goiás”, afirmou Emilliano Freitas que escolheu falar das ações poéticas de seu projeto de pesquisa dentro da UFG, Capu. “Minhas ações no Capu em 2018 eram contrapor a hegemonia do patrimônio goiano, onde questionamos o que pode ou não ser preservado em uma sociedade como patrimônio”, disse.

O estudo do professor de Arquitetura da UFG faz uma reivindicação sobre o patrimônio histórico da Cidade de Goiás, que divide o que deve ou não ser preservado. Emilliano comentou com maestria sobre como a área de patrimônio é privilegiada e carrega a história da elite da cidade. “É como se a periferia, as comunidades quilombolas e outras regiões não tivessem história do povo”, comentou o professor. 

Lázaro Ribeiro  levou para a mesa redonda sua experiência com o Ponto de Cultura, projeto que começou em 2009, que desenvolve ações performáticas, teatro, dança e cinema dentro da cultura e patrimônio da Cidade de Goiás. “Durante o projeto, buscamos registrar a memórias por meio do audiovisual para a sociedade, mostrar a cultura brasileira para os brasileiros”, afirmou o professor. 

Ponto de Cultura trouxe filmes mostrando, além das construções históricas, o povo como patrimônio e Cora Coralina. “Sem a população não teríamos o patrimônio, para além de prédios e estrutura. Fomos até às periferias e buscamos pessoas que são patrimônio também. Por exemplo, as doceiras, cozinheiras, sapateiros, artesãos, entre outros”, disse. 

A mesa redonda encerrou com a professora Silvana Bellini, que trouxe sua experiência ao fazer um filme sobre a comunidade indigena Karajá. “Minha ideia de fazer o documentário veio a partir de uma visita a uma tribo Karajá, em que as meninas são socializadas de acordo com as Bonecas Karajá, que faziam. Só que as bonecas começaram a ser substituídas por Barbies. Eu achei aquilo muito forte. Por isso, decidi que precisava mostrar essa cultura das mulheres Karajá”, comentou Silvana sobre sua ideia inicial. 

O filme, feito em 2018, relata a vida de uma senhora indígena, que luta para a preservação da cultura Karajá, em especial das Bonecas Karajá. Toda comunidade e sua organização social em Goiás pode ser vista no documentário, e como a indígena mais velha, em uma aldeia urbana, representa a força daquele povo, que resiste a toda violência e preconceito. 

“Precisamos pensar que há um paradigma eurocêntrico da modernidade. Há uma lógica colonial que mantém hierarquias sociais e culturais dentro de nossos patronimos”, disse Silvana. O final foi marcado por comentários e respostas de perguntas dos telespectadores. GOYAZ 2001+20 está ocorrendo de forma online e qualquer um pode acompanhar pelo site do evento, é totalmente gratuito. 

*Anna Júlia Steckelberg é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta

 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades