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Universidade Federal de Goiás
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Evento debate sobre o fascismo e a neoesvravidão no Brasil

Em 15/10/21 14:39. Atualizada em 12/11/21 17:44.

Palestra organizada pelo Instituto de Física conta com participação de professora María Cortizo

Cinthia Emidio

Na última quarta-feira (13 de outubro) evento organizado pela iniciativa Café com Ciência do Instituto de Física (IF) debateu sobre o fascismo e a neoescravidão no cenário brasileiro. A palestra teve como convidada a professora María Cortizo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento ocorreu de forma remota pelo Zoom com transmissão simultânea pelo canal do Café com Ciência no Youtube.

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Para a professora María Cortizo a palavra fascismo é “interessante politicamente”. Ela recordou que em todos os países da América Latina que passaram por ditaduras, principalmente, militares nas décadas de 1960 e 1970, se falou que tratavam de governos fascistas. De acordo com a professora Cortizo, esses governos tinham mais características ligadas ao “terrorismo de estado’, como, autoritarismo e violência do que ao fascismo propriamente dito.

Segundo a professora, “o termo fascismo é um termo historicamente determinado” no cenário da Itália de Benito Mussolini. Muitas dessas características, por sua vez, não estão presentes nos governos ditatoriais supracitados e nem no atual contexto brasileiro. A professora esclarece que o governo latinoamericano que mais se aproximou do fascimo foi o peronismo argentino encabeçado por Juan Domingo Perón especialmente por seu apelo às massas populares.

María Cortizo escreveu um artigo em 2020 em que se discute se o Brasil estava em um projeto próximo ao projeto fascista. Ela ressalta a importância de se compreender se o atual cenário brasileiro é um projeto fascista ou se suas características se aproximam mais de outros projetos de governo, como, o franquismo espanhol ou o salazarismo português. 

A professora Cortizo relembra que em vários países europeus surgiram partidos políticos legalizados neofascistas, neofranquistas e neonazistas. Para ela, o surgimento desses partidos políticos podem dar fôlego e fortalecer projetos fascistas ao redor do mundo. A professora lembrou da reunião ocorrida há poucos dias entre Sergio Mattarella e Angela Merkel que discutiram a necessidade de se observar e aprender com o passado.

María Cortizo elucida características do fascismo, como, o surgimento de um líder carismático, o forte nacionalismo e industrialismo. Além disso, o apelo às massas populares e não apenas a grupos específicos, a presença do fascismo em todas as relações sociais. Nesse sentido, a professora utiliza o exemplo de Norberto Bobbio que afirma que todos saem com marcas desse período pois o fascismo estava em todas as relações sociais.

Sobre a escravidão no Brasil, a professora reforça que as marcas e o processos deixadas pela escravidão no Brasil são particulares, ou seja, diferente do que ocorreu em outros países. Segundo María Cortizo, para se entender a história do Brasil é fundamental se entender o processo de escravidão. Ela se utiliza de Darcy Ribeiro para esclarecer que os séculos de escravidão no Brasil deixaram marcas que permanecem no presente cenário.

A professora María Cortizo se utiliza de Antonio Gramsci e Piero Gobetti para suas análises. Ela esclarece que se emprega de uma perspectiva historicista gramsciana pela qual para se entender os acontecimentos do presente é fundamental compreender o passado e o processo. Nesse sentido, o fascismo italiano não se repete em nenhum outro governo por ser fruto do contexto histórico exclusivo da Itália, como, a unificação tardia italiana ocorrida apenas no século XIX.

Categorias: Humanidades IF FH