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Universidade Federal de Goiás
Orlando Ferreira de Castro

Orlando Ferreira de Castro: uma homenagem da UFG a um de seus idealizadores

Em 09/11/21 09:33. Atualizada em 09/11/21 10:33.

Professor teve uma vida entrelaçada com a história da universidade pública em Goiás

Carolina Melo

Fotos: Patrícia Bueno Godoy

Orlando Ferreira de Castro

Idealista, sonhador, realizador, pioneiro. As marcas do professor Orlando Ferreira de Castro ficam, agora, cravadas na própria história da Universidade Federal de Goiás. Um dos fundadores da UFG, o professor e memorialista faleceu no dia 2 de novembro de 2021, aos 93 anos. Deixa, entre muitos ensinamentos, a sua integridade, seu caráter humanista, e o registro de sua participação na consolidação da universidade pública em Goiás.

Engenheiro civil, ingressou na primeira turma da Escola de Engenharia do Brasil Central, em 1954. Quando ainda era um acadêmico, participou ativamente da mobilização pela criação da universidade federal em Goiás. Articulou e reuniu docentes, estudantes e autoridades locais e presidiu a Frente Universitária Pró-Ensino Federal, que foi fundamental para a criação da UFG, em 1960. As memórias desse tempo, recheadas de detalhes e valor histórico, eram sempre narradas com entusiasmo pelo professor Orlando de Castro a qualquer interlocutor curioso e atento.

Seu engajamento e protagonismo foram importantes também para a criação do Instituto de Belas Artes de Goiás (IBAG), hoje Faculdade de Artes Visuais (FAV), onde atuou como docente até a sua aposentadoria em 1995. Ainda na década de 1990, o professor participou do plano para a constituição do curso de Arquitetura, que veio a se concretizar uma década depois. Pela dedicação à UFG que se manteve mesmo após a sua aposentadoria, recebeu o título honorífico de professor emérito.

No espaço de sua atuação profissional enquanto engenheiro civil, foi presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de Goiás entre 1976 e 1978. Foi nesse momento que, sensível à realidade, começou a observar a pouca familiaridade dos profissionais em relação à legislação da área e ao papel do Conselho Regional. Reflexão que ganhou corpo quando lecionou a disciplina de Deontologia (estudo da ética profissional) na Escola de Engenharia da UFG e percebeu que havia pouca bibliografia sobre o assunto. Lançou então, no final do ano de 1995, o livro "Deontologia da Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Legislação Profissional".

Orlando Ferreira de Castro
Orlando Ferreira de Castro recebe professora Eliane Chaud em seu arquivo pessoal na casa do setor Sul

Sua preocupação com a formação ética profissional se manifestava na sua presença atuante tanto no Conselho Regional quanto na Universidade. Entre tantos profissionais formados na área de Engenharia e Agronomia que receberam a carteira do CREA das mãos do professor Orlando Ferreira de Castro, um deles foi o atual reitor da UFG, Edward Madureira, que guarda na memória a palestra ministrada pelo professor sobre a responsabilidade técnica dos profissionais. “Ali ele dava os primeiros ensinamentos sobre a responsabilidade profissional, sobre a importância da atribuição profissional, então, as minhas primeiras lembranças do professor Orlando remetem ao ano de 1985, portanto, há 36 anos”. Passaram-se décadas até um novo reencontro, que se deu por volta de 2006 em eventos da universidade, onde “professor Orlando de Castro ensinava sobre a UFG, ao contar histórias maravilhosas e marcantes”, recorda o reitor Edward. 

Um memorialista

Orlando Ferreira de Castro era um memorialista e arquivista apaixonado pela história de seu tempo. Tinha um especial prazer em receber pesquisadores, professores e estudantes em sua casa, dispostos a ouvir suas memórias que enriqueciam os fatos históricos do estado de Goiás e, especialmente, da UFG. Era um acervo vivo e lúcido. Apesar da idade já avançada, relembrava eventos e datas históricas com rigor. E era aficionado por documentos históricos, mantendo um rico arquivo particular, sempre disponibilizado a quem se interessasse.

Um parceiro no resgate de documentos importantes da UFG, o servidor aposentado, Armando Honório da Silva, recorda quando o professor Orlando Ferreira de Castro o apresentou ao seu apartamento na avenida Anhanguera, próximo a rua 7, que se tornou um acervo de documentos históricos. “Ele tinha o apartamento para guardar os arquivos, pois na sua casa não cabia tudo. Fui lá com ele e tinham inúmeras prateleiras cheias de documentos, com pastas enormes. E não eram documentos só sobre a UFG, eram documentos sobre a história de Goiás e tudo que ele considerava relevante guardar”.

A história do professor Orlando de Castro se cruzou com a do servidor Armando Honório há 54 anos no então Instituto de Artes, onde seu Armando trabalhou nos serviços gerais e depois na secretaria da unidade. Daquele tempo, relembra a simplicidade, cordialidade e tranquilidade do professor Orlando. “Era uma pessoa simples, comunicativa. Os alunos gostavam muito dele. E a gente percebia a alegria que ele sentia em atender um estudante”.

Orlando Ferreira de Castro
Organizado, Orlando de Castro tinha o costume de anotar memórias e eventos públicos e privados 

A cordialidade está entre as marcas que acompanharam Orlando Ferreira de Castro em todas as suas passagens pela Universidade. O diretor da Faculdade de Artes Visuais (FAV), Bráulio Vinícius Ferreira, destaca essa como sua característica distintiva e relembra uma das visitas do professor Orlando à unidade, quando tiveram a oportunidade de uma conversa informal no final do encontro. “Disse a ele que precisávamos registrar a história de nossa unidade. Nesse momento revelou-se um pesquisador e escritor extremamente metódico, que me disse sem hesitação: ‘Professor, tenho tudo registrado.’ Estava ao meu lado a professora Eliane Chaud como testemunha. Saímos dali comprometidos com a edição de parte da história da UFG e da FAV”. A publicação Faculdades de Artes Visuais: histórias e memórias do Professor Orlando Ferreira de Castro foi lançada em e-book em 2020.

“Ao longo da organização da obra tive o privilégio de conhecer melhor essa pessoa maravilhosa que foi Orlando Ferreira de Castro”, afirma a professora Eliane Chaud. “Fizemos algumas visitas a sua casa. E ali as histórias eram ricas”. Uma percepção curiosa de Eliane sobre o professor Orlando foi em relação às suas anotações, cotidianamente realizadas em canhotos de papéis. “Ele anotava tudo o que acontecia. Desde fatos públicos e políticos até privados e íntimos. Era uma pessoa organizada, brilhante”. 

Mais informações:

Nota de Falecimento

Um protagonista da criação da UFG

 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: destaque Homenagem Institucional