
Permanência dos estudantes ingressos pelas ações afirmativas é discutida
Colóquio promoveu o compartilhamento de experiências da Faculdade de Nutrição
Ana Luiza Abreu*
A segunda mesa redonda do 1° Colóquio de Ações Afirmativas, realizado quinta-feira (4/11), foi dividida em duas partes: No primeiro momento ocorreram as apresentações sobre as ações afirmativas na Universidade Federal de Goiás (UFG). Em seguida, houve duas participações sobre o Núcleo Docente Estruturante (NDE) na gestão das Ações Afirmativas na Faculdade de Nutrição (Fanut), e o Grupo de Estudos e Pesquisa das Ações Afirmativas da Fanut trazendo resultados de pesquisas realizadas pelo NDE.
O início da mesa se deu com a moderadora e coordenadora do evento, professora Ida Helena Francescantonio, que abordou a relevância da discussão sobre a permanência dos estudantes ingressos pelas ações afirmativas no ensino superior. “Sabemos que as dificuldades são muitas,e que precisamos formar grupos, estar bem atentos nas questões que estão ocorrendo nesse momento para pensar nas estratégias que cada curso pode fazer para auxiliar na permanência desses estudantes no ensino superior”, afirmou.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis (PRAE/UFG), Maisa Miralva da Silva, foi a primeira a participar e iniciou sua fala chamando a atenção para o significado das ações afirmativas. “São políticas públicas focadas para segmentos historicamente excluídos, alijados ou impedidos de terem oportunidades, por exemplo, de acesso à educação, como um bem público e direito das pessoas. As ações afirmativas reconhecem que há uma distinção e desigualdade no acesso a essas políticas sociais”. De acordo com ela, o objetivo principal das políticas de ações afirmativas é promover a inclusão social, reduzindo a distância de oportunidades de acesso. Nesse sentido, ainda de acordo com a pró-reitora, não se pode somente falar das ações afirmativas como oportunidades, mas também como condição de permanecer, por exemplo, na universidade pública.
Em seguida, a professora e coordenadora das Ações Afirmativas (CAAF/UFG), Marlini Dorneles Lima, falou a partir das atribuições da própria CAAF. Ela pontuou que essa coordenadoria faz o exercício de Sankofa, ou seja, olha para trás e para frente em relação a como o formando e o egresso de alguma graduação está indo, em termos de mercado de trabalho. “Quando a gente pensa em permanência, vem-me essa imagem do sankofa, porque foi o que eu aprendi na CAAF, de olhar o passado e estar no presente, porque a CAAF tem uma atribuição muito importante que é acompanhar tanto as políticas internas como estar atenta e vigilante em relação às políticas de cotas, por exemplo”.
A professora Maria Bethânia Sardeiro, que atua na Coordenação de Inclusão e Permanência (CIP/UFG), deu início a sua participação pontuando a diferença primordial entre a CIP, a CAAF e PRAE: em termos de sua ação, pois a CIP trabalha com questões de natureza pedagógica, porém sem excluir as outras vertentes. “Não dá para a CIP se constituir como uma coordenação de inclusão e permanência, sem pensar nas políticas de ações afirmativas que é essencialmente o papel da CAAF, mas que tem impacto direto na vida dos estudantes e claro, vai gerar problemas ou não no seu aspecto pedagógico”.
NDE na gestão das Ações Afirmativas da FANUT
A Professora Andrea Sugai, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa das Ações Afirmativas da Fanut (GEPAA). relembrou que o Núcleo Docente Estruturante é regido pela CEPEC n° 1302/2014 e explicou alguns projetos do DNE. Um deles é o Estudantes de Nutrição no programa de ações afirmativas da UFG: Caracterização, Intervenção e Monitoramento, que tem como foco caracterizar o perfil socioeconômico, demográfico,cultural, acadêmico e o ambiente educacional; identificar quais experiências acadêmicas são vivenciadas no curso; avaliar o rendimento e comparar com o desempenho; propor ações de acompanhamento e intervenção acadêmica. A partir desse levantamento que foi coletado dados de 14 semestres, Andrea afirmou que foram encontrados alguns resultados. Entre eles, durante os anos de 2009 e 2021, ingressaram 925 estudantes no curso de Nutrição e 1%, ou seja 11 indígenas passaram pela graduação ao longo desse período.
Para finalizar a mesa redonda, a professora Maria Luiza Ferreira Stringhini, que também faz parte do GEPAA da Fanut, deu continuidade ao assunto dos projetos desenvolvidos pelo NDE, sendo um deles o que diz respeito aos fatores que influenciam o rendimento acadêmico: comparação entre estudantes ingressos pelas ações afirmativas e ampla concorrência, que foi um trabalho com 843 estudantes ingressos até o ano de 2018. Entre os resultados obtidos, o estudo constatou que 82,8% não trancaram a graduação e 61,9% reprovaram uma ou mais vezes. Segundo a professora, os dados possibilitam avanços para os próximos semestres e ações futuras dentro da Faculdade de Nutrição.
*Ana Luiza Abreu é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta
Fonte: Secom-UFG
Categorias: Humanidades Fanut