
Pesquisadores se reúnem para comentar vida política de Pedro Ludovico
Encontro foi motivado pelo lançamento do livro de Rildo Bento de Sousa
Anna Júlia Steckelberg*
“O jequitibá Pedro Ludovico não tombou, como ele disse em seu leito de morte. Suas raízes estão entranhadas por todo estado de Goiás, no concreto e na terra. Em uma rede complexa de vários fios de memórias e histórias”, afirmou o professor da UFG, Rildo Bento de Souza, durante o lançamento do seu livro “As raízes profundas do jequitibá: O processo da construção mítica de Pedro Ludovico Teixeira”, que ocorreu no dia do aniversário da capital Goiânia, 24 de outubro.
Propositalmente, o evento ocorreu também em comemoração aos 130 anos de nascimento do médico e político Pedro Ludovico, idealizador e construtor da capital goiana. Foram convidados a participar o professor da UFG, Francisco Itami Campos, o diretor do Museu Pedro Ludovico Teixeira, Pedro Henrique Campos de Santana e a pesquisadora e representante da família Ludovico, Maria Dulce Loyola Teixeira.
Uma das personagens mais recorrentes na memória e na história de Goiás, Pedro Ludovico foi objeto de estudo da pesquisa e literatura do professor Rildo, que minuciosamente apresentou sua vida política. Em seu livro, houve uma apresentação dos elementos pelos quais a imagem de mito de Pedro Ludovico Teixeira se perpetua no imaginário goiano.
“Meu objetivo não foi construir um mito de Pedro Ludovico. Porque eu parto do princípio de que ele é um mito, consagrado pela memória coletiva e pela história. Perpetuado em ruas, monumentos, museus, que levam seu nome ou que foram erguidos em sua homenagem. É, em minha opinião, o único que tem um estado com a força que ele tem resistido ao tempo”, explicou o autor.
Em seu jogo das representações e controle de imagem, em entrevistas, discursos e vida política, Pedro Ludovico queria ser alguém imponente, gigante e que durasse por milhares de anos, por isso o jequitibá. Apelido que possuía de seus amigos mais próximos e até se autodenominava. “O jequitibá representa sua vida política. As raízes são seus feitos e a construção de Goiânia, sua maior obra. Enquanto isso, as folhas e frutos são sua memória e homenagens”, comentou Rildo.
“Por muito tempo, Pedro Ludovico foi criticado dentro da política por inveja e tudo mais. Isso porque ele não possuía a distância de poder, ele andava nas ruas como uma pessoa normal, não tinha aquele instinto de nobreza. Era uma pessoa agradável, do povo, do povo goiano”, comentou também o professor Francisco Itami Campos durante o evento.
Francisco ainda deu destaque a construção de Goiânia que concretizou a vida política de Pedro Ludovico, fazendo ele ser o grande fundador do progresso de Goiás. “É difícil separar Goiânia de Pedro Ludovico. As raízes do jequitibá estão na análise que Pedro fez do estado de Goiás, ter noção da dimensão e das necessidades”, afirmou o professor.
Durante o encontro, o diretor do Museu Pedro Ludovico, Pedro Henrique Campos, aproveitou para comentar sobre o museu, que não é um memorial. “Pedro Ludovico era um homem muito discreto e sabia bem como manter sua imagem. Assim que ele faleceu, o museu não veio para ser uma biografia. Ele veio para guardar acervos originais de sua carreira política e principalmente, da construção de Goiânia”, disse.
“Pedro Ludovico nunca quis se promover, tanto que em sua autobiografia ele foi discreto. Ele era uma pessoa determinada, com honra. O termo jequitibá, usado até por seus amigos próximos, o representa bem, ele era uma pessoa forte”, afirmou a pesquisadora Maria Dulce Loyola Teixeira no encontro.
Pedro Ludovico foi ousado durante sua vida política. Quando resolveu mudar a capital, muita gente não queria. Mas o estado precisava mudar e progredir. Dividido em quatro capítulos, a obra de Rildo contempla a Revolução de 1930 e a ascensão de Pedro Ludovico ao poder. Ele não esquece de retratar a construção de Goiânia e a transferência da capital, além da consagração pela História e pela Memória. E, por fim, o tempo mítico, quando são analisados todos os elementos que identificam o médico e político na cidade construída por ele.
*Anna Júlia Steckelberg é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta
Saiba mais:
Professor da UFG lança livro sobre vida e carreira política de Pedro Ludovico Teixeira
Fonte: Secom-UFG
Categorias: Humanidades FH