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Universidade Federal de Goiás
Adolescente covid (bando de imagens)

Índice de letalidade por complicação da covid-19 em adolescente do Brasil é de até 37%

Em 23/11/21 10:03. Atualizada em 25/11/21 08:59.

Pesquisa avalia risco de morte pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica após covid-19

Versanna Carvalho

Foto capa: Jucimar Sousa

Uma pesquisa realizada por um grupo de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM/UFG) com o tema “Síndrome Inflamatória Multissistêmica no Brasil (SIM-P): características sociodemográficas e risco de morte” revela que crianças e adolescentes que tiveram covid-19 podem vir a ter uma complicação grave como a SIM-P. No Brasil, a chance de ir a óbito por SIM-P varia de 4,5% em crianças entre 5 e 9 anos a até 37% na faixa etária de 15 a 19. Nos Estados Unidos, a letalidade geral por SIM-P é de 2%.

A orientadora do grupo é a professora do Departamento de Pediatria da FM, Renata Machado Pinto. Ela explica que a mortalidade se refere ao número de óbitos por 100.000, e letalidade é o percentual de óbitos pelo número de casos. "A letalidade mostra a gravidade da doença, e é influenciada pela falta de acesso ao sistema de saúde também. A mortalidade é muito influenciada pelo número de casos da doença. Se o vírus está 'solto', circulando à vontade, mesmo uma doença com baixa letalidade pode ter número alto de mortes", exemplifica. 

Os dados avaliados na pesquisa, com base no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Data SUS), englobam o período de abril de 2020 a abril de 2021, quando 903 casos pediátricos foram notificados no Brasil. Durante a realização do estudo, a equipe foi surpreendida com o fato de que, de abril a agosto de 2021, outros 1.203 casos ocorreram. "Ou seja, até abril tínhamos uma média de 75 casos por mês, e nos quatro meses seguintes a incidência pulou para 300 casos em média por mês", contabiliza Renata.

Mortalidade e letalidade

As principais conclusões do trabalho indicam que a mortalidade e a letalidade no Brasil são maiores que em outros países. Como é o caso dos Estados Unidos, onde a letalidade é de 2%, enquanto no Brasil varia de 4,5% a 37%. Há diferenças regionais gritantes e a região Norte tem os piores índices, com risco de morte por covid-19 2,74 vezes maior e risco de morte por Simp 3,72 vezes maior quando comparado à Região Centro-Oeste (usada como referência no estudo).

Os meninos são os mais afetados pela SIM-P, mas a mortalidade é maior entre as meninas, dado diferente da população adulta, onde se encontra maior mortalidade por covid-19 entre os homens. “Essas diferenças não são totalmente explicadas, mas provavelmente decorrem dos baixos níveis de testosterona vistos em crianças dos dois sexos. Sabe-se que o hormônio masculino é um fator que auxilia a entrada do vírus para dentro das células e é um dos fatores que explica a maior mortalidade de homens adultos por covid-19”, observa a coordenadora. 

Adolescentes

A pesquisa também mostra que crianças mais jovens têm maior chance de evoluir com SIM-P, mas os adolescentes têm maior risco de morrer. A letalidade por faixa etária está distribuída da seguinte forma: de 0-4 anos, 7%; 5-9 anos, 4,5%; 10-14 anos, 5,5%; e de 17-19 anos, 37,5%. "A covid-19 também pode ser grave e matar na faixa etária pediátrica. E os números aqui do Brasil são piores do que no resto do mundo", lamenta a professora.

Na opinião de Renata Machado, esses números deixam claro que crianças e adolescentes também podem ter casos graves e morrer de covid-19. "Não é razoável 'correr o risco', ainda mais quando há vacina disponível a partir dos 12 anos. E ao reduzir a circulação do vírus, reduzimos o risco de contágio para as crianças mais novas, que ainda não podem se vacinar", conclui.

Prêmio

Participaram da pesquisa os recém-formados pela Faculdade de Medicina da UFG Lara Araújo Dias, Laura Abi Faiçal Barros, Marcela Batista Soares, Walison José de Morais e Vinicius da Silva Oliveira. Além deles o grupo é formado pela estudante da FM Julia Almeida Português (5º ano), da doutoranda em epidemiologia Erika Carvalho de Aquino. Eles estão vinculados à Liga Acadêmica de Pediatria (LAP) e à Liga Acadêmica de Endocrinologia e Nutrologia (Laen) da UFG. O grupo foi orientado pela professora Renata Machado Pinto, coordenadora destas ligas. 

Em setembro último, a equipe teve o pôster com o tema “Síndrome Inflamatória Multissistêmica no Brasil (SIM-P): características sociodemográficas e risco de morte” premiado na categoria People Choice Award no 59th Annual Meeting of the European Society for Paediatric Online (Espe 2021 Online). O evento foi realizado de forma on-line e contou com a participação de médicos endocrinologistas pediátricos de diferentes partes do mundo.

Fonte: Secom-UFG

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