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Universidade Federal de Goiás
Papo Musical

PAPO MUSICAL

Em 26/11/21 10:03. Atualizada em 26/11/21 10:03.

Florence Beatrice Price (1887-1953): primeira mulher afro-americana a ser reconhecida como compositora sinfônica

Gyovana Carneiro*

Florence Beatrice Smith Price (1887 – 1953)

 

Na última crônica do mês que celebra a consciência negra, falaremos de uma compositora de descendência africana, nascida em 1887 em Little Rock, Arkansas, EUA – Florence Beatrice Smith Price.

Prodígio, Florence deu seu primeiro recital aos quatro anos de idade, compondo sua primeira obra aos onze.  Aos catorze já frequentava, como aluna de piano, órgão e composição, o prestigiado Conservatório de Música da Nova Inglaterra, em Boston, onde se formou aos 19 anos.

Florence Beatrice (1887 – 1953)

 

Após a formatura, muda-se para Atlanta, e, se torna chefe do departamento de música da Universidade de Clark Atlanta desistindo do sonho de viver no México onde supunha que não iria sofrer discriminações raciais. Pouco tempo depois casa-se com o advogado Thomas J. Price, de quem imcorpora o sobrenome Price.

Em 1927, houve uma onda de violência na cidade com agressões raciais, inclusive linchamentos, obrigando a família a se mudar para Chicago juntando-se à migração de cidadãos afro-americanos do Sul dos Estados Unidos da América.

Florence e sua família se estabeleceram em Chicago, possibilitando a ela usufruir de todo o potencial de ensino disponível naquela cidade, aprimorando seus conhecimentos em composição, línguas e arte.

Florence Beatrice Smith Price

 

A família Price passou a viver em uma cidade onde havia manifestações contra as políticas de segregação.  A comunidade negra de Chicago estabeleceu instituições econômicas, artísticas e acadêmicas que facilitaram o crescimento criativo e comunitário.

Como membro da Associação Nacional de Músicos Negros, Price se tornou uma ativista. A associaçao realizava recitais e conferências, servindo como um importante espaço para o fortalecimento de músicos negros.

Florence Price está sentada na extrema direita. Membros do Conselho da Associação Nacional de Músicos Negros. Esq: Blanche K. Thompson, Josephine Inness, Henry L. Grant, Mary Cardwell Dawson, Clarence Hayden Wilson e Florence B. Janeiro de 1941. Charles ‘Teenie’ Harris
Arquivo: Carnegie Museum of Art

 

Em meados de 1930, Florence e Thomas separam-se. Com coragem e determinação, Florence conseguiu viver de sua música, trabalhando como organista em abertura de filmes mudos e compondo  músicas de propaganda de rádio usando pseudônimos.

Foi em Chicago que Florence Price foi considerada a primeira mulher afro-americana a ser reconhecida como compositora sinfônica, e a primeira a ter uma composição interpretada por uma orquestra importante.

Orquestra de Chicago

 

Várias peças de Florence seriam tocadas nos anos seguintes por influentes orquestras, dentre elas a  Orquestra Sinfônica de Chicago. Isso se deu em parte pelas premiações recebidas por suas obras:  Sinfonia em mi menor  Sonata para piano.

Florence Price com outras pessoas (1934) Festa em homenagem a Maude R. George,
Foto: Bibliotecas da Universidade de Arkansas, Fayetteville

 

Florence Price morreu aos 66 anos, em 1953, época em que sua música foi negligenciada.

Felizmente, no século 21, o interesse por compositoras afro-americanas fizeram a música de Florence Beatrice Smith Price  emergir, sendo que em fevereiro de 2019, a University of Arkansas Honors College realizou um concerto em homenagem a Price;  em outubro de 2019, o International Florence Price Festival  celebrou a música e o legado de Price e em janeiro de 2021, de 04 a 08 de janeiro a obra de Price foi celebrada como a  Compositora da Semana da da Rádio BBC.

Florence Beatrice Smith Price (1887 – 1953)

 

O estilo composicional de Price consistiu principalmente no idioma americano revelando suas raízes sulistas. Florence utilizava em suas composições elementos da música da igreja afro-americana, utilizando-se da estética tradicional.

Ouviremos o Concerto nº 2 para violino e orquestra de Price interpretado pela  Urban Playground Chamber Orchestra, com solo da violinista negra Kelly Hall-Tompkins  sob a regência do maestro Thomas Cunningham.

Kelly Hall-Tompkins 

 

Observe! A música de Price revela a tradição e modernismo, refletindo a maneira como era a vida dos afro-americanos nas grandes cidades da época.

*Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: colunistas Papo Musical Emac