Índice do vírus da covid-19 no esgoto de Goiânia é o maior desde agosto do ano passado
Pesquisadores da UFG vem acompanhando as águas residuárias da capital desde maio de 2021
Carolina Melo
Após quatro meses de baixa concentração do vírus SARS-CoV-2 no esgoto da capital goiana, a carga viral voltou a subir na semana do Natal e atingiu alta concentração na última semana, com índices correspondentes aos que foram detectados no mês de agosto de 2021. Os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), responsáveis pelo monitoramento do vírus SARS-CoV-2 no esgoto da cidade de Goiânia desde maio do ano passado, já projetam um Alerta Precoce a ser divulgado para as entidades de Saúde.
Conforme divulgado no último boletim de monitoramento da Rede Vírus-MCTI, a concentração do vírus encontrada no esgoto coletado na segunda semana do mês de janeiro deste ano é a maior desde 18 de agosto de 2021, e a tendência é de aumento da carga viral. Isso ocorre após meses de queda na concentração do material genético do vírus no esgoto, que era identificado em níveis médios ou até mesmo inferiores ao limite de detecção. Para se ter ideia, em duas semanas dos meses de outubro e novembro e no início de dezembro o monitoramento não detectou carga viral no esgoto. No entanto, a semana do Natal já apontou mudança de tendência na amostragem.
“Identificamos um aumento significativo na semana do Natal. E a primeira semana de janeiro já apontou a tendência de aumento, apesar de não ter atingido alta concentração do vírus. Isso muito provavelmente devido às chuvas intensas do período que diluíram o material de análise. Com a estiagem, a carga viral da segunda semana de janeiro já atingiu níveis elevados”, explica a professora da UFG e coordenadora do projeto, Gabriela Duarte. A alta concentração de carga viral no esgoto de Goiânia não era identificada desde setembro de 2021.
As pesquisadoras da UFG pretendem agora divulgar um Alerta Precoce para orientar os órgãos públicos em ações e na distribuição de recursos, incluindo estratégias de teste, rastreamento e preparação para o enfrentamento de surtos virais. As amostras são coletadas na Estação de Tratamento do Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Brito, para onde são enviadas cerca de 70% do esgoto gerado na capital. As coletas semanais representam a contribuição de aproximadamente um milhão de pessoas.
Assim como explica a professora Gabriela Duarte, a frequência de ocorrência de covid-19 em uma comunidade pode ser estimada pela detecção do RNA do vírus no esgoto. “O monitoramento oferece uma importante ferramenta epidemiológica que sugere a necessidade urgente de medidas de controle sanitário para o enfrentamento da pandemia”. Os resultados do monitoramento da covid no esgoto em Goiânia são publicados em boletins semanais pela Rede Vírus-MCTI.
Projeto
A equipe de pesquisadoras do Instituto de Química (IQ) da UFG é composta pelas professoras Gabriela Duarte, Andréa Fernandes Arruda, Núbia Natália de Brito e pelos pesquisadores e alunos de pós-graduação Paulo Felipe Neves Estrela e Geovana de Melo Mendes. O projeto conta com a parceria dos pesquisadores da Saneago, Felipe João Carvalho Filho e Carlos dos Santos. O protocolo de análise do esgoto utilizado pelas pesquisadoras da UFG foi desenvolvido pelo professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Rodrigo de Freitas Bueno, vinculado ao Laboratório de Tecnologias de Tratamento de Águas Urbanas Servidas e Reuso de Água (LabTAUS). O professor Rodrigo de Freitas também criou o modelo do boletim que vem sendo divulgado sobre o monitoramento do esgoto no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MTCI).
O projeto de Monitoramento de Covid-19 em águas residuárias na cidade de Goiânia (GO) foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e compõe a Rede Vírus do MCTI, criada desde o início da pandemia e que gerencia as informações de enfrentamento no território brasileiro. O projeto da UFG tem três agências de fomento: CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Confira também matéria da Rádio Universitária sobre a pesquisa
Fonte: Secom UFG