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Universidade Federal de Goiás
Internet EDUCA

INTERNET EDUCA

Em 02/02/22 14:46. Atualizada em 04/02/22 17:12.

Faça de suas aulas ao vivo videoaulas

Fernanda Cunha*

Você já pensou em quantas aulas uma professora, um professor ministra ao longo de toda sua carreira docente, no correr aproximadamente de 25 a 35 anos de magistério?

Certa vez, presenciei a fala de um educador de destaque, que mencionou que aula é ação de se pensar em voz alta...

Certamente esta ação é acontecimento que se tece em processo de ensino-aprendizagem e neste sentido a professora, o professor evoca a participação das vozes ali presentes em prol do desenvolvimento do pensamento autônomo, crítico, quando se tratando de educação plena.

Significativa, esta afirmação ao refletir pelas práticas docentes, que permeiam a singularidade da performance autoral de cada professora, de cada professor.

 Refletir sobre a performance pedagógica traz imediata indagação sobre quantos insights [re]criativos se enlaçam no momento da edificação de [re]conhecimento.

Vale lembrar que este pensamentos em voz alta, o acontecimento de aula promovido pela professora, pelo professor, em aulas presenciais e/ou síncronas – no presencial pela rede, é momento vivido ao vivo, momento este podendo promover transbordamento peculiar da ação de se pensar com autonomia.

Este transbordamento [re]criativo ao vivo a que me refiro, que culminância da ação de edificar pensamentos em voz alta, fio condutor dialógico para/no/através de processos de ensino-aprendizagem, se faz matéria-prima para produção de ideias, cuja produção pode singularizar o desenvolvimento da consciência crítica, no ceio do universo coletivo, marcado pelo fortalecimento da identidade ontológica do ser em seus aspectos socioculturais, no enriquecimento de sua autoctoneidade.

Há que se convir que, o que aqui se expressa, trata-se muitas vezes de transbordamento para além de planos de ensino, sendo estes planos essenciais para o planejamento de aulas, mas que podem gerar engessamento, caso o acontecimento da aula não esteja engajado pela ação libertária conectada às vozes plurais, incorrendo ao perigo da educação homogeneizadora.

Entendo relevante tomar olhar atencioso ao que Dennis Aktnson, professor emérito da Universidade Goldsmiths de Londres, do Departamento de Estudos Educacionais e do Centro de Artes e Aprendizagem, enaltece sob o conceito That-which-is-not-yet (aquilo-que-ainda-não-é), extraído do livro sobre ética de Badiou (2001), Aktinson (2014, p. 6) teoriza o espaço pedagógico em dois níveis: em seu potencial múltiplo e sobre a ideia de invisibilidade. Vejamos pelas palavras de Aktinson:

Podemos pensar em “aquilo-que-ainda-não-é” como algo referente a formas de ser que não têm existência, ou seja, que não contam ou que ainda não são valorizadas. Pode abranger estados emergentes de um vir-a-ser, mas também as formas de ser que estão muitas vezes presentes, mas ausentes, isto é, que não existem na medida em que se encontram fora ou à margem dos modos dominantes de compreensão e valor. Na teoria cultural, o termo “outro” é por vezes empregado para designar tal condição. Nos contextos de ensino-aprendizagem, é bem possível que haja aprendizes cujo status ontológico não seja reconhecido – por isso, seu potencial para o vir-a-ser é limitado – e que, portanto, têm uma existência marginalizada no espaço pedagógico. (Tradução nossa, In: ATKINSON, Dennis. Pedagogy of the event. Goldsmiths: University of London, 2014. Disponível em: <http://www.kettlesyard.co.uk/wpcontent/uploads/2014/12/onn_atkinson.pdf >. Acesso em: 14 maio 2018).

Continua Atkinson (2014, p. 7), ao exemplificar o potencial múltiplo:

É possível vislumbrar essa situação, por exemplo, quando crianças/estudantes produzem algo misterioso ou incompreensível segundo a perspectiva do referencial pedagógico formado pelos discursos e práticas curriculares que embasam a prática do professor. Pode-se também constatá-la quando aprendizes de outras culturas se inserem em um contexto pedagógico que não apoia sua existência ou conquistas prévias como aprendizes. Portanto, essa ideia de aquilo-que-ainda-não-é pode ser empregada inicialmente. (Tradução nossa, In: ATKINSON, Dennis. Pedagogy of the event. Goldsmiths: University of London, 2014. Disponível em: <http://www.kettlesyard.co.uk/wpcontent/uploads/2014/12/onn_atkinson.pdf >. Acesso em: 14 maio 2018).

A autonomia enaltecida por Paulo Freire (2005), na contramão da educação homogeneizadora, em consonância com o conceito That-which-is-not-yet (aquilo-que-ainda-nãoé), se insere no âmago da Educação como prática da liberdade.

Fato se evidencia que aulas ali – ao vivo, sejam estas no presencial em sala de aula ou as aulas online – síncronas, de produção autoral docente, as quais contém rico/singular manancial de ideias, se perdem ao vento, por estas aulas simplesmente não serem – em sua grande maioria registradas....

Ao retomar a questão de quantas aulas um professor ou uma professor leciona entre 25 a 30 anos, decidi tomar a conta e pelo parâmetro de uma jornada de trabalho de 8 horas diárias de segunda a sexta, excluindo os meses não letivos (julho, dezembro e parte de janeiro), levando-se em conta que cada hora/aula equivale a 50 minutos, temos 9,6 horas/aulas diárias; 48 horas/semanais; 192 horas/aula no mês; 1.728 horas/aula em 1 ano – levando-se em conta apenas 9 meses letivos (período subestimado); chegando a conta final de  51.840 horas/aulas em 30 anos! Claro que aqui está subestimado em relação a um número significativo de docentes que lecionam os 3 turnos – manhã, tarde e noite... e que obviamente as férias do professor não é de 3 meses...

Não sou da área de exatas. Assim, estas contas merecem maior atenção, mas neste rápido exercício inicial já é possível observar que estamos em torno de 51.840 aulas realizadas por uma professora, por um professor em sua carreira de 30 anos de docência... Daí te pergunto, professora, professor: Quantas aulas tens vídeo-registradas?

Você que é professora, que é professor, já imaginou quantos insights se esvaeceram pelas tuas aulas não gravadas? Já imaginou que rica videoteca você poderia ter – se cada uma de suas aulas tivessem sido gravadas?  

Pois bem, faço convite para você acessar o link abaixo e conferir o conteúdo do vídeo, que reflito e apresento possibilidades simples e factíveis para que você Faça de suas aulas ao vivo videoaulas:

 

Venho também te convidar a participar neste mês de fevereiro da Mentoria Individual Estratégias Aulas Online, que estou promovendo em formato 100% online, 100% Gratuito e com certificado. As vagas são limitadas e estão se esgotando. Assista ao vídeo abaixo e confira mais detalhes:

Por meio da mentoria sob orientação dirigida, marcamos horário individual – eu e você, em que conversaremos sobre questões que você me trará para refletirmos, analisarmos junt@s sobre proposições educativas. As vagas são limitadas, pois as mentorias acontecerão somente aos sábados e domingos deste mês de fevereiro.

Visite o meu canal do Youtube, acessando o link https://www.youtube.com/c/FernandaCunhaCiberArtEduca e confira a coletânea de vídeos disponíveis que venho realizando com dicas, reflexões, tutoriais, entrevistas, que possam auxiliar profissionais do ensino e alunos.

Acesse também o site https://portalinterneteduca.com/

Neste site há diversos formatos de conteúdo: artigos, ebooks, posts, encontros online, etc., buscando contribuir com professoras, professores, alunas e alunos, pessoas interessadas na área da Arte, Cultura e Educação.

*Fernanda Cunha é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da UFG.

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas Emac