Texto: Caroline Pires

Fotos: Júlia Barros

Com o desafio de promover um retorno caloroso aos estudantes para as atividades presenciais, o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) pensou formas originais de recepcionar suas turmas. Com uma atmosfera de quem mata a saudade de um amigo querido, alunos dos anos iniciais, do 1o ao 5o ano, participavam hoje, 15/3 de uma atividade artística cheia de significado. As crianças ativamente marcaram suas mãos em um mural, pintado pela ilustradora Greice Aguiar, e também nas colunas de sustentação do pátio, demonstrando a força do trabalho coletivo na educação. O mural contou com o apoio da Associação de pais e mestres do Cepae (APM).

Greice Aguiar utilizou referências da UFG e do Cepae para construir o mural

O primeiro passo para a idealização do mural nasceu da ação desenvolvida pela coordenação que pediu aos alunos que escrevessem cartas dizendo o que gostariam de encontrar no Cepae quando fosse autorizado o retorno presencial. A pedagoga Maria Alice Carvalho ressalta que lhe chamou atenção elementos como as lembranças dos micos, do colorido e até mesmo dos doces que são vendidos na porta da escola. A partir daí, foi feito o convite para que Greice Aguiar, que foi estagiária no Cepae, produzisse um mural especial para recepcionar os estudantes. "A escola tem esse papel de transmitir e partilhar. A utilização do exercício de uso das mãos das crianças foi pensado para dizer que o espaço só pode ser sustentando com a participação de todos", lembrou. Segundo ela, além das crianças, colaboradores, vigilantes e voluntários participaram do processo de marcar as colunas do Cepae com as suas mãos. "Nosso objetivo foi mostrar pras crianças que depois desse momento de pandemia em que se ouviu tanto sobre morte, agora é possível ter vida e renascer. Estamos trabalhando para ressignificar nossos espaços trazendo elementos da própria UFG", ressaltou a profa. Sirley Aparecida de Souza, coordenadora pedagógica dos anos inicias do Cepae.

Diante desse desafio de acolher os estudantes, cada elemento do mural foi pensando com carinho e cuidado pela artista para abarcar e envolver toda a comunidade do colégio. "O elemento do catavento remete à inclusão, já a fita de filme faz referência ao Sessão Corujinha, que se realiza há vários anos no Cepae, a referencia do mico como a obra O Pensador também foi cuidadosamente inserida... Enfim, tudo só pôde ser pensado por alguém como a Greice, que teve uma vivência especial neste espaço", exemplificou a coordenadora. A professora Maria Alice adianta que será realizado em breve um concurso para que as crianças escolham o nome da obra. O centro de ensino conta com 260 estudantes nos anos iniciais, do 1º ao 5º ano, que estão frequentando as aulas de forma escalonada. 

Como nasce uma obra de arte?

Egressa do curso de Artes Visuais, a ilustradora Greice Aguiar, conta que a inspiração para a pintura mural nasceu de uma foto que ela havia feito, ainda durante a graduação, de um mico em um dos pontos de ônibus da UFG manipulando uma embalagem vazia de achocolatado. A partir dessa vivência, que para muitos passaria desapercebida ao longo do tempo, Greice tirou inspiração para a construção do mural. "O convite para a ação coletiva de uma escola sustentada pela mão de muitos é o convite para a retomada do espaço que persiste e anseia pela presença de todos, para continuar a jornada da ciência, da pesquisa e da extensão, em meio a leveza e a natureza de um fim de tarde que só o Cepae tem", concluiu.

"As mãos estão sendo sustentadas pela escola especialmente nesses anos iniciais que demanda tanta humanidade. Essa força é o nos sustenta", explicou a profa. Sirley de Souza

Colaboradores do Cepae também foram convidados a participar da construção do mural

Profa. Maria Alice Carvalho reforçou a importância de que todos estejam envolvidos neste momento de retorno para promover um retorno alegre e acolhedor

As colunas de sustentação do pátio dos Anos Iniciais do Cepae ganharam um colorido especial