Laíza Miranda

No dia 30 de abril foi realizada a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFG 2022. A aula inaugural contou com a participação do professor Milton Meira do Nascimento, da USP, para palestrar acerca do tema que foi escolhido justamente por ser ano eleitoral no Brasil: o Enigma da Democracia Representativa. O professor, já aposentado do departamento de Filosofia da USP, alerta que em todos os níveis da representação há a possibilidade de falseamento desta. “No mundo da representação, é possível estabelecer vários tipos de falseamento, porque a verdade só é verdade quando ela é resultado de um compromisso e acordo feito entre as pessoas” destaca o professor. 

Um ponto de preocupação levantado pelo professor, acerca da representação na contemporaneidade, foi o fato de a internet contribuir significativamente com a disseminação de representações de modo descontrolado e ilimitado, e muitas vezes de veracidade duvidosa. “A internet levou a representação ao nível extremamente exacerbado. De tal modo que quando se cai nas redes sociais, com o volume de informações que se recebe e, que na maioria das vezes é ficcional, ou não são verdadeiras, aquele que não faz uma investigação sobre as informações que recebe, vai encarar tudo como verdade”, alerta. 

Além disso, o professor destaca que a representação política é um elemento indissociável do homem, sendo portanto necessário para o exercício da democracia. “Uma república Federativa é importante, porque nela o povo escolhe os seus representantes, de tal modo que este corpo escolhido de cidadãos terá uma prudência para distinguir o verdadeiro interesse de sua pátria e que pelo seu patriotismo e amor à justiça, eles estarão muito longe de sacrificar esse interesse público às suas preferências momentâneas e parciais,” citando o professor Alexander Hamilton, responsável por estabelecer as bases da democracia norte-americana. 

Após essa exposição, Milton levanta o enigma a ser decifrado, tema da palestra, que diz respeito à representação dos políticos brasileiros no exercício da coisa pública em detrimento do interesse dos próprios políticos, dotados de poder. “Os nossos políticos brasileiros, são de que espécie: eles são representantes ciosos da coisa pública, representantes dotados de virtude cívica excelente, ou são figuras sinistras, que atraiçoam o interesse público?”, questiona o professor. “A sensação, quando eles não nos representam, é que estamos diante de figuras sinistras, que estão no poder simplesmente para atender interesses particulares”, conclui.

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