Encontro discute como empreender com produtos naturais
Empresa graduada pela Universidade é exemplo de persistência na área
Yandria Rayellen
Amor à profissão, autodisciplina e resiliência são os pilares necessários para investir no empreendedorismo de produtos naturais, como destaca a fundadora e CEO da empresa LunaGreen, Nathalia Barbosa. O tema foi discutido em uma webconferência do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (IQ/UFG), que ocorreu no dia 13 de junho por meio do Youtube UFG Oficial. O encontro foi orientado pela professora Vanessa Pasqualotto, que possui especialidade em Química de Produtos Naturais, e tratou com a convidada Nathalia Barbosa sobre o “empreender com produtos naturais”.
Nathalia é doutora e mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFG, e já atuou como analista em projetos de Inovação Tecnológica no Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas. Em sua conversa com a docente, buscou mostrar como chegou à criação da LunaGreen Bioativos, evidenciando quais os objetivos da empresa, desafios e propostas para o empreendedorismo natural. A história de vida da convidada reforça a necessidade do que ela enfatiza ao fim da palestra: como ter amor ao que faz e persistência para chegar à meta almejada, faz toda diferença para trabalhar na área de empreendedor.
A LunaGreen é uma empresa graduada pela UFG e surgiu com um propósito sustentável, com a fabricação de produtos a partir de um processo limpo e verde. A partir da ideia de sustentabilidade, passou a não lidar com o que as indústrias brasileiras de cosméticos lidavam, como a dependência da tecnologia internacional e os rejeitos gerados pelas indústrias de alimentos e mineração. O projeto tem parceria com cooperativas e comunidades locais. A ideia que deu origem a empresa começou por meio da iniciação científica voluntária e ganhou forma quando a proprietária começou a trabalhar em um projeto no Sebrae, na área de atendimento a indústrias de cosméticos, farmacias e drogarias. O papel era entregar inovação para a indústria na forma de gestão.
Nathalia conta que a ideia surgiu quando um cliente falou do interesse em editais de inovação, e ela, empolgada, levou a ideia de fazer um esfoliante do extrato da goiaba para o professor orientador. A corporação surgiu a partir de tal projeto, para a produção de matéria prima do produto. A startup impulsionou o produto, que foi lançado um ano antes da LunaGreen, que surgiu em 2018.
Desde sua criação, a empresa trabalhou no ativo da pimenta (2019) e gel aloe vera (2020). Ainda esse ano, será lançado em uma feira internacional de cosméticos em São Paulo, os primeiros ativos nanotecnológicos. Em 2020, ano de ascensão da Covid-19, a criadora do projeto pensou que passaria por momentos difíceis na empresa, mas graças à fabricação do gel aloe vera, empresas se interessaram na produção de álcool em gel através do substrato da planta, e a corporação teve um de seus maiores avanços. No ano seguinte, em 2021, a empresa participou do projeto “mulheres inovadoras” e ficou entre as cinco maiores pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No mesmo ano, ganhou também o primeiro lugar como “startup inovadora” pelo Espaço Finep, programa da financiadora.
Prezando o propósito de sustentabilidade, a cada ano que passa, LunaGreen aumenta a quantidade de subprodutos aproveitados em suas fabricações, foram uma tonelada em 2018, duas toneladas em 2019, cinco toneladas em 2020 e dez toneladas em 2021, segundo a última atualização. Hoje, a empresa trabalha com a venda de extratos naturais, partículas esfoliantes naturais, desenvolvimento de projetos e produtos inovadores exclusivos, ativos naturais diferenciados e atendimento personalizado. A proposta de valor da companhia é produzir ativos tecnológicos de alta eficácia para a indústria de cosméticos, usando plantas de cultivo sustentável e rejeitos da indústria.
Nathalia trouxe dados da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), onde aponta que o Brasil é o quarto maior mercado do mundo. A convidada mostrou também que as tendências brasileiras hoje estão na personalização, sustentabilidade no setor de HPPC, beleza com foco em ingredientes de origem natural, self care e experiências, longevidade e estresse.
A professora Vanessa Pasqualotto, ao final da webconferência, conversa com a entrevistada sobre a importância de buscar projetos e empresas juniores ainda na graduação, quando há interesse em entrar no âmbito do empreendedorismo dos produtos naturais. A docente e a convidada reafirmam que expandir os horizontes é necessário para se ter experiências no empreendedorismo, o que normalmente a graduação não é capaz de proporcionar. Nathalia enfatiza que o networking e essas interações entre pessoas de áreas diferentes também são essenciais.
Yandria Rayellen é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Kharen Stecca e orientação de Silvana Coleta
Fonte: Secom ufg
Categorias: Ciências Naturais IQ