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Universidade Federal de Goiás
Estudo sobre o Zebrafish

Estudo sobre peixe-zebra é publicado em revista internacional

Em 10/08/22 14:55. Atualizada em 11/08/22 10:03.

Resultado do TCC de Rafaella Brito, pesquisa foi publicada na TOTEN (Science Of The Total Environment)

Texto e foto: Marina Sousa

Ele é versátil, bem pequenino, é de água doce, tem seu corpo bem alongado e com listras, e sua origem é do Sul da Ásia - saiba que essa descrição é do tão famoso peixinho chamado Zebrafish, tema de trabalho de conclusão de curso (TCC) da então biotecnologista, Rafaella Brito que graduou-se no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), e que teve a sua pesquisa “Zebrafish (Danio rerio) transgênico como sistema-modelo emergente em toxicologia e ecotoxicologia” publicada no mês de julho de 2022, na renomada revista internacional de ciência ambiental STOTEN (Science Of The Total Environment).

Rafaella Brito
O versátil Zebrafish ou Danio rerio

 

O Zebrafish ou Danio rerio, também conhecido no Brasil como paulistinha, é comumente utilizado e estudado por possuir bases moleculares da neurobiologia e o genoma similar ao dos humanos, e a pesquisa de Rafaella Brito visou a revisão de toda literatura mundial envolvendo o estudo do Zebrafish transgênico nos campos da toxicologia, ciência multidisciplinar que estuda os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos, e da ecotoxicologia, ramo da toxicologia que estuda os efeitos tóxicos causados por poluentes naturais ou sintéticos, envolvendo ecossistemas.

A pesquisadora explica que o Zebrafish é um modelo experimental para diversas aplicações, como a realização de testes para verificar níveis de toxicidade de fármacos em estudo, cosméticos, químicos industriais, já no campo da ecotoxicologia é usado para verificar os efeitos dos poluentes ambientais como os metais pesados e agrotóxicos na água e sedimento, entre outras diversas aplicações. Além das características do Zebrafish já citadas, outras atributos são importantes, como: o Zebrafish pode ser facilmente mantido e distribuído em vários aquários, consequentemente, necessitando de pouco espaço; possui baixo custo de compra e manutenção; possui fertilização externa, o que facilita a obtenção de embriões e criação de transgênicos; a fêmea pode colocar uma média de 250 ovos em uma única manhã; os embriões são transparentes e possuem uma rápida maturação sexual, entre três e seis meses.

Rafaella Brito 2
Biotecnologista, Rafaella Brito com um aquário repleto de Zebrafish

 

“Por ele ter embriões transparentes, temos a condição de acompanhar em tempo real o desenvolvimento do peixe. Por exemplo, isso com um camundongo é inviável, pois teríamos que aplicar outras técnicas mais avançadas, já com o Zebrafish o desenvolvimento é em ritmo acelerado em comparação com outros organismos, o que permite a manipulação e observação de vários estágio iniciais da vida”, conta Rafaella. 

De acordo com o professor do IPTSP, Thiago Rocha que também foi o orientador da pesquisadora no TCC, o trabalho visou fazer uma revisão geral da literatura, pois o IPTSP possui um setor de animais aquáticos, onde há diferentes linhagens do Zebrafish, incluindo as linhagens selvagem e AB, as quais são utilizadas nos projetos de pesquisa desenvolvidos no instituto. “A nossa intenção é iniciar estudos com as linhagens transgênicas nos próximos projetos de ecotoxicologia e biotecnologia ambiental, logo, essa revisão contribui para a seleção das espécies e a definição dos próximos projetos de pesquisa”, finaliza o professor.

Rafaella Brito realizou seu TCC no Laboratório de Biotecnologia Ambiental e Ecotoxicologia (LaBAE) do IPTSP/UFG e publicou o artigo na revista  STOTEN sob orientação do professor orientador do IPTSP, Thiago Rocha, em parceria também com a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular (PGBM/ICB) Aryelle Canedo e com o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Davi Farias. 

Zebrafish
Exemplares do Zebrafish do setor de animais aquáticos do IPTSP

 

Trajetória e  desafios da pesquisa

Rafaella Brito conta que começou o curso de Biotecnologia no IPTSP/UFG em 2016, e que no ano seguinte em 2017 entrou para a equipe do LaBAE como estudante de Iniciação Científica (IC) com o intuito de trabalhar na  área de biotecnologia ambiental. Em 2018, como bolsista Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), começou a estudar a toxicidade de nanopartículas metálicas no sistema modelo Zebrafish e no caramujo Biomphalaria glabrata, além de participar de outros projetos no grupo relacionados à toxicidade de Nanopartículas. Ela conta que devido a pandemia da Covid-19, e consequentemente com a suspensão das atividades no modo presencial em  2019, a discente  teve que alterar toda a base de sua pesquisa do TCC, que já estava em andamento. “ Quando a UFG retornou de modo online, veio a notícia de que eu não poderia continuar com os trabalhos de bancada e precisaria mudar para um trabalho de revisão. Eu fiquei bastante chateada com a notícia já que eu tinha um trabalho em andamento e não poderia concluir. Além disso, a escrita  sempre foi um grande desafio para mim e agora o trabalho mais importante da minha graduação dependeria apenas da leitura, interpretação e escrita, e o meu ponto mais forte que era a execução em bancada não me ajudaria”, relata a biotecnologista.

Os estudos de Rafaella envolviam  duas linhagens transgênicas de Zebrafish, as linhagens Tg(myl7:GFP) e Tg(fli1:GFP). “Essas linhagens permitem acompanhar o desenvolvimento do coração e dos vasos sanguíneos do Zebrafish - in vivo, mas ainda não sabíamos muito sobre as aplicações dessas linhagens nas nossas linhas de pesquisa. Meu orientador o professor Thiago Rocha, achou que seria interessante explorarmos essa falha no conhecimento sobre as aplicações do Zebrafish transgênico na toxicologia e escrever um trabalho que servisse como base para o nosso grupo e para outros pesquisadores que desejassem começar a trabalhar esse sistema modelo na área de toxicologia ou ecotoxicologia. Eu adorei a ideia de estudar e escrever sobre modelos transgênicos, já que eu cursei biotecnologia e o tema era muito legal e inovador”, complementa Rafaella.

Após a defesa, o TCC foi transformado em um artigo para publicação, e a primeira tentativa de submissão em uma revista de biotecnologia foi recusada, mas isso não desanimou e nem impediu Rafaella Brito de tentar  mais uma vez. “Realizamos a submissão do trabalho  em outra revista de excelente impacto para a área, que é a Science Of The Total Environment – STOTEN. O artigo foi revisado por pesquisadores da área que fizeram considerações fundamentais e que tornaram o trabalho ainda mais interessante. Finalmente o trabalho foi aceito em julho de 2022, depois de quase dois anos de gestação, e estou muito feliz por ter alcançado esse feito, depois de tantos altos e baixos. Mas tudo é possível e vale muito a pena”, finalizou a biotecnologista. Ela agora faz mestrado no Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (PPGBRPH) do IPTSP/UFG, onde o seu viés de pesquisa continua com o Zebrafish, mas agora focado na análise da segurança toxicológica de novas nanopartículas com potencial aplicação no controle de vetores e hospedeiros intermediários e aplicações biomédicas.

Fonte: IPTSP

Categorias: Pesquisa IPTSP Ciências Naturais