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Universidade Federal de Goiás
Capa Guerreiras de Canudos

Projeto da UFG vai capacitar produtoras de plantas nativas do MST

Em 20/09/22 09:49. Atualizada em 29/09/22 10:52.

Objetivo é contribuir com a independência na produção de matérias-primas para cosméticos

Carolina Melo

Parceria da Universidade Federal de Goiás (UFG) com universidades nacionais e internacionais vai capacitar o grupo Guerreiras de Canudos para o fornecimento ao mercado de matérias-primas a partir de plantas nativas com potencial para a produção de cosméticos. As mulheres produtoras do Assentamento Canudos, localizado na divisa dos municípios de Palmeira de Goiás, Guapó e Campestre, já se dedicam à produção agroecológica e de produtos artesanais de plantas medicinais e aromáticas cultivadas em seus quintais. Agora, com o projeto da UFG, elas serão habilitadas em boas práticas de fabricação, que envolvem inclusive o controle químico biológico da matéria-prima que será utilizada na produção de fitocosméticos.

O projeto Plantas nativas brasileiras como fonte de matéria-prima inovadora para uso agrícola sustentável e cosmético, coordenado pela professora da UFG, Vanessa Gisele Pasqualotto, foi contemplado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e envolve a Universidade Federal de Catalão (UFCAT), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as universidades alemãs Bergische Universitat Wuppertal e Freie Universität Berlin, e a empresa Livealoe, situada em Itapuranga (GO). 

Os pesquisadores do Brasil e da Alemanha vão garantir o estudo completo da cadeia produtiva das plantas nativas, fornecendo suporte técnico-científico aos processos utilizados pelas Guerreiras de Canudos. Serão realizados estudos sobre o solo, o cultivo, as plantas e sobre a produção dos óleos essenciais, óleo fixador e extratos vegetais. O plano de manejo do solo e sua análise física, química e biológica vai se beneficiar da parceria com os centros de pesquisa alemães, especializados na técnica de estudos de solo em microcosmos.

O estudo químico-biológico de oito plantas cultivadas será realizado pelas universidades brasileiras para a identificação das propriedades de interesse para o universo da área de cosméticos. “Teremos um conhecimento maior da matéria-prima a ser usada pelo setor de cosméticos”, afirma a professora Vanessa. Um outro gargalo que o projeto pretende sanar é a carência de material de propagação das plantas medicinais e aromáticas para ser consumida pelo mercado. “Não há sementes, bulbos, rizomas ou tubérculos à venda e, portanto, estas plantas não são cultivadas. As técnicas de cultura de tecidos podem ser empregadas para a multiplicação das espécies de difícil propagação”. 

O controle microbiológico da cadeia produtiva e dos produtos vegetais, também um dos objetivos do projeto, visa garantir boas práticas de produção, promovendo o melhoramento da matéria-prima produzida que será utilizada pela empresa brasileira de cosméticos LiveAloe. De acordo com a pesquisadora, o objetivo final é deixar a engrenagem funcionando, para que seja um processo contínuo entre a empresa e o grupo Guerreiras de Canudos. “Queremos contribuir com a troca produtiva de tal forma que, futuramente, tanto a empresa como o grupo de mulheres do assentamento sejam responsáveis pela parte do controle de qualidade”.

Titulação dos produtos

Na avaliação da professora Vanessa Pasqualotto, ao incorporar conceitos de qualidade no cultivo das plantas nativas e produção de extratos e óleos vegetais, o grupo Guerreiras de Canudos vai poder se beneficiar da titulação dos produtos, levando à maior aceitação no mercado consumidor tanto do Brasil, quanto da Alemanha. “Serão disponibilizados, ao final do projeto, extratos vegetais, óleos essenciais e fixos com certificação de orgânico, controle de plantio de forma sustentável, com uma forte preocupação com o meio ambiente, sustentada no manejo correto do solo, fazendo com que o mesmo apresente um crescente de produção com expressão de princípios ativos desejados em maior quantidade”, afirma a professora.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Naturais destaque