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Universidade Federal de Goiás
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Outubro Rosa: HC-UFG/Ebserh abre campanha com o relato de uma colaboradora que lutou contra o câncer de mama

Em 07/10/22 16:08. Atualizada em 07/10/22 16:11.

Conheça a história de Evandra Costa, enfermeira do HC-UFG/Ebserh diagnosticada com câncer de mama e que venceu essa batalha contra a doença

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Evandra Costa conta sua experiência de vida na luta contra o câncer de mama para profissionais de saúde do HC-UFG/Ebserh.
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Evandra Costa fez uma sessão fotográfica quando estava em tratamento contra o câncer de mama
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Ela chegou a raspar o cabelo durante o tratamento
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Abertura da Campanha Outubro Rosa foi nesta quarta-feira (05/10), durante reunião do Grupo de Trabalho de Humanização
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Evandra falou para profissionais do Grupo de Trabalho de Humanização
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Equipes da APCAM e GTH
Somente conhecendo a história da vida de uma mulher que venceu a batalha contra o câncer de mama, conseguimos entender a importância da prevenção. E, na manhã de quarta-feira (05/10), a enfermeira e colaboradora do Hospital das Clínicas da UFG, vinculado à Rede Ebserh, Evandra Costa, contou para profissionais da instituição e demais convidados sua história de luta contra o câncer de mama. Sua fala marcou a abertura da Campanha Outubro Rosa do HC-UFG, que segue até o final do mês com ações de conscientização de usuários e colaboradores sobre a importância do diagnóstico precoce.

Hoje, Evandra Costa é uma das pacientes da APCAM – Associação dos Portadores de Câncer de Mama – do HC-UFG e trabalha em prol da causa para tentar ajudar mulheres que recebem o diagnóstico da doença. Celebrada anualmente, a Campanha Outubro Rosa visa alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), devem surgir 66.280 novos casos da doença em 2022. Somente em 2020, foram 17.825 mortes confirmadas pela doença.

“Tudo começou em 2011, quando eu fiz uma cirurgia de redução de mama. Durante a cirurgia, apareceram vários módulos. Eu fui para a congelação, mas não deu nada. Mas, a partir daí eu passei a fazer acompanhamento. Em outubro de 2014, eu fiz todos os meus exames de prevenção e deu tudo ok. Mas, em junho de 2015, a minha mama direita começou a apresentar uma pele diferente e um nódulo que havia crescido. Ele sempre estava lá, e cresceu muito rápido. Eu fiz uma mamografia aqui no nosso serviço e vi que o resultado matinha BI-RADS 3, que era um cisto mamário que continuava crescendo. Quando foi em julho, eu fui ao médico mastologista pelo meu plano de saúde e, além da mamografia, eu fiz um exame de ultrassom, que mostrou o nódulo. Evandra conta que, por a sua mama ser bastante densa, a mamografia não conseguiu detectar o nódulo, que só foi visto pelo exame de ultrassom.

“Durante a ultrassom, o médico que realizou o exame não queria me liberar sem que eu tivesse confirmado o retorno com o mastologista, pois ele me disse que o nódulo tinha todas as características de malignidade. Passei pelo mastologista, retornei, marquei a biópsia, fui para o centro cirúrgico, fiz a biópsia, inclusive foi muito dolorida, pois não foi feita só com agulha, o médico abriu e tirou o tecido, então eu fiquei com uma lesão muito grande na minha mama, que ficou totalmente disforme”, relembra.

Ao receber a notícia de que o nódulo era maligno, Evandra ressaltou a importância de o profissional saber lidar com a comunicação de notícias. “Quando eu cheguei para o retorno, ele me levou para o consultório. Eu lembro que me sentei na maca e havia uma mesinha, em que o resultado do meu exame estava lá, sobre o meu prontuário. E eu vi lá escrito “carcinoma”. Para mim, que sou enfermeira, carcinoma significa “câncer”. O médico, então, olhou para mim e disse: olha, deu um probleminha e a gente vai ter que pedir um histopatológico, você vai ter que fazer radioterapia e vamos ter que fazer a cirurgia para retirar a sua mama. Eu então perguntei: mas, doutor, e a reconstrução, simetria, implante, como será feito? Ele me respondeu assim: Oh, eu só tiro o peito... (ele não disse a mama) ... o resto você vê depois... Imagina, então, como eu saí de lá? Arrasada!”.

Ela conta sobre o atendimento no CORA. “Eu voltei pra casa pedindo a Deus que me ajudasse, porque eu não havia gostado do médico, eu não queria voltar lá e não iria continuar lá. Então, por volta das 11h30, eu recebi uma ligação de uma funcionária, que nem era tão próxima a mim, porque ela soube que meu resultado havia dado positivo. Era uma quarta-feira e ela me disse para eu ligar no CORA (Centro Avançado de Diagnóstico da Mama) para tentar um atendimento. Eu liguei na mesma hora e falei com a enfermeira Marta. Ela disse para eu ir ainda naquele dia à tarde que ela tentaria me encaixar. Quando eu cheguei aqui, gente... era outro nível, outra referência. Eu estava no setor privado e vim para o SUS”.

Ela foi atendida por um residente, logo em seguida veio um staff, que a examinou e olhou os exames e disse: “Você tem três opções: fazer a cirurgia e retirar tudo e deixar sem nada; fazer cirurgia e colocar um expansor; ou fazer cirurgia e já colocar a prótese. Eu não recomendo já colocar a prótese, porque você vai fazer radioterapia e faz muita contratura muscular. Eu perguntei, então, qual seria a melhor opção. Ele respondeu: fazer a cirurgia e colocar o expansor. Você vai fazer a quimioterapia vermelha, vai fazer a radioterapia e vamos ver o que vai acontecer”.

No CORA, Evandra foi atendida pelas equipes de enfermagem, nutrição e de psicologia e voltou para casa para aguardar o dia da cirurgia. “Gente, eu saí de lá tranquila. Fui para casa, fiz uma viagem para a praia com meu marido, voltei e fiz a minha cirurgia. Eu estava tranquila, sabe? E não fiquei com aquele medo da morte”, afirmou. A cirurgia foi realizada em 18 de agosto de 2015, 20 dias após a sua primeira consulta no CORA.

“Trinta dias depois da cirurgia eu iniciei meu tratamento. Eu estava completando 50 anos no mesmo mês em que eu comecei a quimioterapia, no mês de outubro. Então, eu quis fazer um book. Eu estava sem cabelo e achei importante registrar”, disse. Evandra iniciou com 4 sessões de quimioterapia vermelha e 25 sessões de radioterapia. Ela também fez uso de Herceptin (um bloqueador hormonal monoclonal), a cada 21 dias, durante seis anos e 10 meses desde o primeiro procedimento no CORA.

Hoje, Evandra diz que tudo serviu para ela como reflexão. “Essa foi a minha trajetória inicial no meu processo oncológico. Chorei? Sim, chorei no dia em que fui diagnosticada. Mas chorei nem tanto pela patologia, e sim pela maneira como o profissional me abordou”, relembra.

Reflexão

“Todo esse processo que eu vivi serve hoje para a minha reflexão. Em agosto fez sete anos que eu fiz a cirurgia e seis anos que eu fiz os tratamentos. Uma coisa eu digo para vocês: todo mundo tem uma mãe, uma tia, uma avó, uma prima, uma sobrinha, ou ainda um sobrinho (porque 1% dos casos ocorrem em homens), que pode ter um diagnóstico de câncer de mama. Então, não deixe de cuidar delas”.

Evandra alerta para a importância de o paciente fazer o tratamento com um portocath, um cateter para acesso venoso implantado para a punção e a infusão de medicação quimioterápica. “Não comece um tratamento sem um portocath, porque ele dá segurança para nós, segurança para o profissional e nós vamos ter um tratamento completo”. Ela usou o cateter por três anos.

Ela também destacou a importância do acompanhamento com o dentista para quem estiver em tratamento contra o câncer. “Somente no ano passado eu perdi três dentes, porque a gente vai perdendo massa óssea. Por isso, o CORA precisa muito do acompanhamento com esse profissional”.

Evandra ainda falou sobre a importância da prática de atividade física, da ingestão de muita água e suco durante o tratamento e de dar descanso para o corpo. “Eu não tive náuseas, não tive mal-estar. Após as sessões, eu chegava em casa, eu comia e ia dormir. Outra coisa: se dê o direito de descansar seu corpo. Eu descansava. Ele te avisa. Então, se dê esse direito. Eu era uma pessoa muito ativa, eu trabalhava em dois empregos, mas quando eu tive que iniciar o tratamento, eu pensei comigo: agora esse é o meu tempo. Eu tinha que respeitar o meu corpo e respeitei. Eu aceitei”.

Evandra lembra ainda que teve uma lesão para a retirada de um linfonodo. “Eu não tive comprometimento de linfonodo, mas hoje eu faço linfedena por causa de uma lesão e o médico disse que isso poderia acontecer”.

Uma nova visão sobre a vida

Evandra diz que sua cabeça mudou muito com a doença e toda a experiência. “Eu fui picada pelo bichinho da solidariedade, eu fiquei mais emotiva, eu fiquei mais solícita. A vida muda de sentido. Porque o sentido da vida é um aos 30, outro aos 40, outros aos 50. Eu acho que eu passei dos 50 para os 80 numa rapidez tremenda”.

E reforça: “Se você tiver uma cabeça tranquila, isso ajuda muito também. Eu era estressada, eu era agitada, imediatista. Depois eu comecei a pensar: vamos viver um dia de cada vez. Se hoje não foi bom, amanhã pode ser”, motiva.

Evandra também alerta para a importância do autoexame e dos exames de prevenção (mamografia e ultrassom das mamas). “Se autoconhecer é a melhor coisa. O toque inicial é perfeito para fazer a avaliação da mama. Mas se você já consegue sentir o nódulo, é porque ele já está crescendo, por isso é importante fazer estes exames”.

A colaboradora do HC-UFG, Divina Fernandes contribuiu com a palestra, após o relato de Evandra. “Vocês não têm noção da força que essa mulher tem. Ela era a referência e ela passou essa força para as outras pacientes e outras colegas, que também foram diagnosticadas e estavam naquela angústia e no desespero”.

Ao final do evento, Evandra deixou uma mensagem de motivação e de solidariedade. “E é vida que segue, gente. Nada melhor que um dia após o outro. Eu penso assim: se você é um bom exemplo, multiplica isso. Depois que a gente passa por um processo desse, a gente passa a ver mais o outro”, finaliza.

A abertura da campanha foi realizada durante a reunião do Grupo de Trabalho de Humanização do HC-UFG e contou com a presença de outras pacientes da APCAM e de profissionais de saúde do CORA. Para a coordenadora do GTH, o relato da Evandra foi muito importante. “Eu me espelho muito nela. Seu relato é muito importante para atentarmos para o autocuidado, para que os homens se atentem para o cuidado de suas esposas, de suas mães e de outras mulheres com quem vocês convivam”.

 Sobre a APCAM

Evandra convidou a todos para conhecerem a APCAM, que está localizada em um espaço abaixo do CORA, próximo à entrada do estacionamento do HC. Ela destacou o trabalho realizado pela Associação, que acolhe os pacientes com câncer de mama, oferecendo acompanhamento psicológico e social.

“Muitas mulheres vêm para fazer o tratamento no CORA e passa o dia todo sem ter o que comer e o que beber. Então, a Associação acolhe a mulher nesse período. A APCAM trabalha com o fornecimento de cestas, de remédios, com a autoestima dessas pacientes e, para isso, realiza várias ações, como a oficina de costura, corte de cabelo, a Loja Rosa, o desfile das pacientes e sessão de fotos no mês de outubro.

“O nosso desfile é um momento para elevar a autoestima das nossas pacientes. Elas são maquiadas, se vestem com roupas bonitas. A gente elege a Miss Simpatia, a Miss Doçura, a Miss Superação e a Miss APCAM. Tudo isso para quê? Para que elas entendam que a autoestima é importante nesse processo. Visitem a Loja Rosa. Lá não é uma loja somente para vender artigos, mas para outras atividades também, como palestras, sessões para o cuidado com o corpo e sessão de maquiagem”.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Saúde