Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Seres da Periferia capa

Professor da UFG lança livro ficcional que retrata a vida na periferia

Em 27/10/22 11:15. Atualizada em 27/10/22 11:15.

Obra faz parte do Projeto Reativar, que propõe discutir estudos etnoecológicos e de história ambiental entrecruzando narrativas ficcionais e acadêmicas

Carolina Melo

A compreensão sobre as formas ancestrais de organizações sociais e ambientais comunitárias que seguem sendo recriadas e readaptadas nos espaços das periferias urbanas é a inspiração do livro ficcional juvenil “Seres na Periferia”, do professor de História Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG), Alexandre Araújo. A obra discute os processos sociais e interculturais entre migrantes moradores que permitem o compartilhamento de saberes e estratégias de sobrevivência nos espaços periféricos urbanos, que, em muitos aspectos, dialogam com uma vida mais sustentável e conectada com a natureza. A trama, ilustrada pelo artista Gustavo P. Lima, é delineada a partir do personagem Ton, um estudante universitário, que realiza uma imersão na “Vila Sonhada”, um bairro ficcional da periferia de Goiânia. O enredo é permeado de suspense e humor sutil.

Seres da Periferia

O objetivo do livro, segundo o autor Alexandre Araújo, é confrontar a percepção geralmente superficial que relaciona as periferias urbanas a meros espaços destinados ao assentamento de pessoas deslocadas e malogradas. De acordo com o autor, a visão simplificadora a respeito das periferias corrobora com a crença de que a solução para os impactos socioambientais do fluxo migratório nas cidades se limita ao âmbito da infraestrutura, que diz respeito ao acesso à energia, transporte, saneamento, educação, segurança e saúde. Segundo o historiador, após uma vivência mais aprofundada, é possível compreender, nas práticas sociais entre os moradores, a recriação de sistemas complexos adaptativos tradicionais, graças a permanência e o compartilhamento de “memórias bioculturais, seja sob a forma do cultivo de plantas medicinais em seus diminutos quintais, seja na reatualização de práticas sociais lúdico-religiosas, ou na formação de redes de trocas de experiências”. Na análise do autor, “tais sistemas se perfilam em um tipo de Sistema Tradicional Renovado apropriado ao acolhimento, recriação e inovação de práticas e conhecimentos ancestrais capazes de oferecer importantes modelos sustentáveis de bem viver entre sociedades e ambiente”.

Para o autor, as periferias devem ser vistas “como espaços fronteiriços onde ocorrem turbilhões de encontros entre múltiplos saberes, ou seja, espaços interculturais de grande potência criativa e de emergência de novos sistemas adaptativos”. Nesse sentido, os problemas socioambientais só podem ser “eficazmente mitigados” se forem também criadas ferramentas adequadas capazes de substituir as práticas de “discriminação dos múltiplos saberes do migrante por outras que valorizem a circulação e uso desse saberes”. Para levantar a reflexão para um público mais ampliado, o pesquisador Alexandre Araújo transferiu suas análises e reflexões acadêmicas sobre as periferias urbanas para o universo da linguagem ficcional e juvenil. “Seres na Periferia” não é a primeira obra do gênero do historiador. Trata-se de sua terceira publicação, que compõe a Coleção Reativar, que reúne livros e e-books que promovem o encontro entre a narrativa científica e a ficcional, “no intuito de transmitir a um público amplo, especialmente jovens e pessoas não acadêmicas, importantes resultados de pesquisas socioambientais”.

Projeto Reativar

A Coleção Reativar faz parte de um projeto maior, iniciado no ano de 2012, direcionado ao ensino, pesquisa e extensão, onde, inicialmente, são realizados estudos etnoecológicos e socioambientais em espaços periféricos da Grande Goiânia, territórios quilombolas e indígenas, e, na forma de extensão, ocorre a interação de professores e alunos da UFG com os moradores dessas regiões em situação de vulnerabilidade, por meio de projetos direcionados à promoção da autonomia das unidades domésticas, soberania alimentar e nutricional, da diversidade cultural e ecológica. As ações têm a parceria com o Centro Primavesi de Agroecologia (CEPA), da Escola de Agronomia (EA) da UFG; o Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena (NTFSI), da Faculdade de Letras (FL-UFG) e o Grupo Narratividade de performances narrativas.

Acesse aqui o site da Coleção Reativar

Fonte: Secom UFG

Categorias: Arte e Cultura Iesa destaque