
Serviço de transplante de medula óssea está em fase de implementação no HC-UFG/Ebserh
Durante o mês de Fevereiro, doenças como a leucemia, o lúpus e a fibromialgia são lembradas nacionalmente
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC-UFG/Ebserh) entrevistou Renato Sampaio Tavares, médico hematologista e chefe da Unidade de Hematologia, Hemoterapia e Oncologia, para debater a leucemia e suas principais manifestações.
HC: É comum que a leucemia seja conhecida popularmente como "câncer no sangue”. Essa denominação está correta, cientificamente falando?
RENATO: O termo “leucemia” se refere a tumores malignos do sistema hematopoiético que se originam na medula óssea, local onde o sangue é produzido. As leucemias têm em comum a presença dessas células na circulação e, por isso, é popularmente chamada de “câncer no sangue”.
HC: Existem mais de 12 tipos de leucemia, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O que é preciso saber sobre os principais tipos e sintomas gerais?
RENATO: Realmente é um termo que engloba uma série de doenças. Grosseiramente podemos dividi-las em leucemias agudas, que são originadas pela divisão descontrolada de células mais imaturas e que apresentam um comportamento mais agressivo, com mais sintomas. Já as leucemias crônicas são de comportamento mais silencioso, apresentando menos sintomas, sendo que o tratamento em boa parte das vezes é feito por medicamentos orais e, em alguns casos, podem até ser observadas sem serem tratadas inicialmente.
HC: Existem fatores que podem aumentar o risco de desenvolver a doença?
RENATO: Fatores como radiação, passado de quimioterapia, produtos químicos como o benzeno, doenças que levam à imunossupressão, como a aplasia de medula óssea, a síndrome de Down e hábitos como o tabagismo, podem ser fatores predisponentes para essa doença.
HC: No caso da leucemia, especificamente, qual a importância de se obter um diagnóstico precoce?
RENATO: No caso das leucemias agudas o diagnóstico precoce tem um impacto importante, pois devem ser tratadas o quanto antes. Já as leucemias crônicas não apresentam uma urgência no seu tratamento, mas também devem ser conduzidas sem muita demora. O melhor exame para se suspeitar de uma leucemia é o hemograma que, quando bem feito, já é suficiente para confirmar ou não a suspeita.
HC: Segundo dados do INCA, mais de 1.500 novos casos de leucemia foram diagnosticados no país em 2022. Quais são os tratamentos possíveis caso o diagnóstico seja confirmado?
RENATO: As leucemias agudas são tratadas com quimioterapia e em muitos casos é necessário fazer o transplante de medula óssea. Atualmente, as leucemias crônicas costumam ser tratadas com medicações orais.
HC: A leucemia é o tipo de câncer mais comum na infância. Qual é o prognóstico para o grupo de crianças?
RENATO: Essa é uma característica desta faixa etária realmente e, felizmente, o tratamento costuma surtir efeito com grande sucesso na maioria dos casos, podendo curar mais da metade destas crianças.
HC: Nesse contexto, quais pacientes necessitam de transfusões de sangue e de medula durante o processo de recuperação?
RENATO: As transfusões de sangue fazem parte do tratamento de suporte dos casos mais graves, em especial do tratamento inicial das leucemias agudas em quimioterapia. O transplante de medula óssea é fundamental nos casos de leucemias agudas de alto risco. Nas leucemias crônicas ambas as modalidades são bem menos necessárias.
HC: Quais serviços relacionados ao diagnóstico e ao tratamento da leucemia o HC-UFG/Ebserh oferece?
RENATO: Todo o acompanhamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso é oferecido no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. O transplante de medula óssea está em fase de implementação em nosso serviço.
Fonte: Secom UFG