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Universidade Federal de Goiás
Trilhas do ser

Projeto da UFG leva educação socioemocional para escolas básicas

Em 18/04/23 15:27. Atualizada em 18/04/23 15:34.

Com incentivo da Funape e da iniciativa privada, o programa foi aplicado em uma escola pública do município de Vila Velha-ES 

 

Janyelle da Mata

“É possível ensinar a sentir?”, é o questionamento do pesquisador do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos (PPGIDH), Elson Silva. A pergunta surge na tentativa de explicar o projeto de Educação Socioemocional coordenado pelo professor. O objetivo da iniciativa é integrar a educação emocional à formação cognitiva de alunos da rede pública. O piloto do programa é fruto do convênio entre a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape-UFG), o Coletivo Trilhas do Ser e do PPGIDH e foi aplicado, durante 2022, na Escola Municipal Mikeil Chequer, localizada em Vila Velha, no Espírito Santo. 

A ideia do projeto foi plantada em 2019, quando a coordenadora e idealizadora do Coletivo Trilhas do Ser, Mariza Soares, convidou o pesquisador Elson Silva para elaborar uma coletânea de livros, para crianças de 6 a 14 anos, voltados para integrar o aprendizado dos sentimentos a formação cognitiva. “A coleção Trilhas do Ser, que é o produto desse trabalho, tem mais de 80 atividades que misturam artes, reflexões, práticas e diversão, porque se a ideia é envolver os alunos não poderia ser chato”, conta o professor. O convite para aplicar a coleção Trilhas do Ser veio do município de Vila Velha, que segundo o professor Elson tem um histórico de iniciativas de implementação de educação socioemocional. “Recebemos esse convite e o próprio município indicou uma escola que é conhecida por enfrentar muitas dificuldades em seu entorno, como a violência”, afirma. 

Trilhas do ser
Adriano Doro, Elson Silva e Mariza Soares participaram da idealização do projeto (Fotos: Arquivo do projeto)

 

Mariza Soares, idealizadora do coletivo Trilhas do Ser, vê o projeto de educação socioemocional como uma ferramenta para que as escolas brasileiras atinjam o objetivo, de desenvolver as competências socioemocionais nos estudantes, estabelecido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para que a meta seja alcançada, o coletivo e a UFG desenvolveram uma metodologia de ensino para os educadores, preparando-os para formar crianças e adolescentes que respeitem as diferenças, tenham empatia e que conheçam e saibam lidar com suas emoções. "É um trabalho longo, que precisa de tempo, mas estamos plantando uma semente. O amor é o principal elemento para que as crianças desenvolvam as suas emoções, então parcerias como esta são fundamentais para que a gente pense em políticas públicas que realmente invistam na educação de base”, afirma Mariza.

Trilhas do ser
Projeto foi aplicado em Vila Velha, Espírito Santo, mas a intenção é expandir para mais locais

 

Educação socioemocional

“Aprender a ser e aprender a conviver”, essa é a frase que melhor resume a educação socioemocional para o professor Elson Silva. Respeitar as diferenças, empatia, autoconhecimento, estratégias para o enfrentamento de conflito sem o uso da agressividade e reflexões sobre situações que nos retiram do nosso equilíbrio são consequências da inserção do desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais na educação básica, segundo o professor. Ele explica que a educação socioemocional tem o comprometimento de fomentar uma cultura de paz, onde os indivíduos consigam lidar com situações de preconceito, de desigualdade e de atrito de forma saudável. "Ninguém consegue aprender sem estar em paz”, afirma Elson. 

Trilhas do ser
A escolha é um espaço de referência no acolhimento e cuidado sendo local propício para a educação socioemocional

 

O coordenador do projeto explica que a escola é o local propício para a inserção da educação socioemocional por ser um ambiente em que os indivíduos são introduzidos muito jovens e onde passam a maior parte de seu tempo formativo. “A escola assume um papel que muitas famílias não conseguem no país, de dar referência, de ser um espaço de acolhimento e cuidado”, conta. 

O gerente de educação socioemocional no Espírito Santo, Elson Nascimento, afirma que a inserção do ensino sobre as emoções dentro da grade curricular da educação básica resultará no maior desenvolvimento da sociedade, que terá como principais valores a afetividade e a valorização à vida. “Falar hoje de educação socioemocional, de saúde e bem-estar das emoções é falar de uma escola que tem um compromisso com a vida e com a humanização do processo de aprendizagem e com a qualidade da escola pública que nós almejamos”, salienta.

A professora de História e mobilizadora do projeto na Escola Municipal Mikeil Chequer, Cleidimar Junca, explica como foi a implementação da coleção Trilhas do Ser para os alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental. “O projeto trouxe uma série de atividades que deveriam ser aplicadas na escola e entre essas atividades, uma que se tornou realidade dentro da escola foi a meditação, que foi aplicada nos alunos do terceiro e sexto ano”, relata a professora. Segundo Cleidimar, o projeto se mostra importante quando devolve o protagonismo do ensino para os alunos e para os professores. “Os professores do terceiro ano junto com os alunos, desenvolveram, além da meditação, uma almofada que seria uma espécie de consolo para o estudante levar para a atividade. Os alunos também fizeram desenhos nas almofadas com lembranças de ações que despertam calma neles”, conta. 

Trilhas do ser
Percepção dos pesquisadores é que casos de conflitos diminuíram 

 

Elson Silva, coordenador do projeto, conta que foram integrados na rotina escolar 30 projetos originais. Ele relembra que houveram resistências durante a implantação da educação socioemocional, mas que ao final receberam feedbacks positivos dos pais, alunos e colaboradores. “Diminuíram os casos de conflitos entre colegas e professores, melhorou muito as relações entre os próprios trabalhadores daquele espaço e nós tivemos um feedback muito positivo dos familiares que reconhecem o trabalho desenvolvido”, finaliza. 

A intenção do projeto, segundo Elson, é que ele possa se expandir depois dessa implementação. Para saber mais sobre o projeto acesse:  emosciencia.com.br 







Categorias: Humanidades destaque PPGIDH