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Universidade Federal de Goiás
internacionalização 19/4

Palestra debate internacionalização e inovação na pós-graduação

Em 19/04/23 17:35. Atualizada em 08/05/23 09:27.

Cooperação Sul-Sul, compartilhamento de dados e ações de fomento do CNPq foram destaque no debate

Larissa Rocha

Pensar diversos aspectos ligados às condições para internacionalização da pós-graduação brasileira: esse foi o objetivo da palestra “Internacionalização e Inovação na Pós” realizada no dia 17 de abril às 14 horas, no Miniauditório da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (FE/UFG). O evento teve a participação da diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico  (DCOI/CNPq), Dalila Andrade Oliveira, que é docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela possui grande experiência no debate sobre a internacionalização da ciência na pós, tendo atuado como professora visitante em várias universidades fora do Brasil.

internacionalização 19/4

A diretora deu início a sua fala explicando algumas mudanças que serão feitas no CNPq, como a implantação de um novo modelo de concessão de bolsas de pós-graduação, “a chamada Nº 69/2022”, que visa atender e fomentar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação no país. Nesse modelo, o projeto de pesquisa deve ser apresentado pela Instituição de Ensino Superior (IES) e Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT), conforme diretrizes e objetivos presentes em sua política de pesquisa. Ao CNPq caberá o fomento dos trabalhos que forem contemplados. Este modelo, segundo ela, até o presente momento tem se mostrado melhor e a aceitação pela comunidade também.

Ao longo do encontro, ela destacou algumas das ações do CNPq no fomento à ciência e tecnologia para o desenvolvimento de pesquisas não apenas em territórios nacionais, mas também fora dele. Dalila, reforçou a necessidade de haver uma maior cooperação científica internacional entre os países da América Latina e do sul global. “A gente precisa fomentar a cooperação internacional não só com o norte global, nós temos o compromisso, o dever com os países do Sul, de fomentar a cooperação aqui na América Latina, na África, na Ásia. A gente em geral, quando fala de cooperação, a gente só pensa no norte global, nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa. Não é para deixar de fazer cooperação com eles de forma alguma, mas elas não podem desmerecer, desorganizar a governança política”, ressalta. 

Ela afirmou que é importante ter em mente a cooperação sul-sul (modalidade de cooperação técnica internacional que se dá entre países em desenvolvimento, que compartilham desafios e experiências semelhantes), visto que há uma familiarização entre os países, “nossos problemas são mais parecidos sobretudo quando a gente tá falando de problema social. Eu sou socióloga, de formação, os problemas sociais são muito mais parecidos com os problemas dos nossos vizinhos. Fiz pós-doutorado no Canadá e na Inglaterra, mas a minha interlocução sobre os problemas que eu estudo aqui no Brasil é muito mais próximo com os amigos da América, com os colegas da América Latina”, salienta a diretora. 

internacionalização 19/4

Outro ponto destacado na palestra foi a aplicação de uma Ciência Aberta, que promova o compartilhamento dos dados de pesquisa por meio de repositórios abertos. Segundo Dalila, este programa seria uma plataforma diferente, onde ao invés de depositar suas especializações, os pesquisadores depositariam os resultados das suas pesquisas. Ela afirma que, “isso seria uma plataforma de intercâmbio e também de troca de conhecimento”. Por conta disso, o CNPq vem estabelecendo como meta o incentivo à criação de repositórios abertos de dados de pesquisa para outras instituições, a fim de cumprir essa meta, tanto quecriou o seu próprio repositório de dados de pesquisa, o LattesData. 

Incentivado pelo Consórcio Nacional para Ciência Aberta (CoNCienciA),  o Lattes Data é uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o CNPq. Ele funciona como uma expansão da Plataforma Lattes, no qual realiza o armazenamento e disponibilização das informações e dados de pesquisas financiadas pelo CNPq. Sua existência permite o compartilhamento das produções pela comunidade científica, e estas serão preservadas e poderão ser acessadas a qualquer momento por pesquisadores e pela sociedade em geral.

Outra questão debatida pela diretora durante a palestra foi a existência de muitas assimetrias no Brasil, que se manifestam também nas áreas do conhecimento e na produção científica, principalmente em determinadas regiões do país. “Se a gente olhar um mapa da distribuição da educação superior, os programas de pós-graduação e das bolsas de PQ no Brasil, veremos que elas estão concentradas nos mesmos lugares, onde há maior número de programas de pós-graduação, onde mais tem bolsa PQ e onde mais tem citação para artigo, e isso é no sudeste”, afirma e ressalta: “é preciso corrigir essas assimetrias”.

Dalila ressaltou que essas assimetrias vão caminhando para uma segregação, pois há um grupo de universidades já bem internacionalizadas e um grupo que não consegue se internacionalizar, poucas universidades com muito e muitas universidades com pouco, porque não têm os mesmos recursos, porque o que esses recursos foram canalizados para uma só direção e o restante passou a disputar no balcão o que sobrou, o que dificulta ainda mais a internacionalização nessas instituições.

A aprendizagem de alguma língua estrangeira também é uma dificuldade encontrada por quem está na pós-graduação. Segundo ela, as instituições brasileiras precisam investir cada vez mais no ensino de outros idiomas para os seus alunos, para que o caminho até a internacionalização seja menos complicado. A diretora acredita que sem ter esse conhecimento primordial da língua estrangeira fica muito difícil, mesmo com a internacionalização em países da América Latina ou até mesmo com Portugal, algumas das instituições de Portugal exigem que a pessoa tenha fluência além do português para cursar.

A cooperação entre pesquisadores brasileiros que estão no Brasil e pesquisadores brasileiros que estão em outros países, também foi destacada, Dalila relata que já entrou em contato com um grupo de estudantes, que são muito organizados, são pesquisadores e que estão espalhados pelo mundo. Segundo ela, eles querem muito contribuir com o Brasil e para o Brasil, e também querem discutir as suas condições de retorno, porque há uma cobrança do CNPQ de que essas pessoas voltem depois, mas para isso é preciso que haja apoio.

A diretora afirma que a presença de pesquisadores brasileiros lá fora, que abrem portas para outros estudantes e pesquisadores é essencial, desde conseguirem convênios entre instituições até acordos com cooperações internacionais. “Eu saberia dar assim rapidamente uns quatro ou cinco exemplos de pessoas que são chaves assim, nos Estados Unidos, no Canadá, na França, que sempre receberam brasileiros ou indicaram brasileiros pros seus colegas”, ressalta.

Segundo ela, o CNPq está buscando trabalhar dessa maneira, através de diálogos abertos, “o momento agora é de aprendizado”. Ela reforçou ainda a quantidade de coisas que o CNPq faz, “eu acho que falta divulgação, falta chegar nas universidades, as universidades divulgarem, a sociedade precisa conhecer a riqueza que é o CNPQ, é um patrimônio um patrimônio que vem sendo preservado a duras penas, passou por muitas crises, inclusive nos últimos anos. Então nesse sentido eu considero que esse é um momento que essa diretoria está tomando pé da situação, num diálogo muito aberto. A gente tá conversando com todos os setores, com as universidades, com as empresas, porque a nossa disposição é essa de construir programas e políticas que possam ser perenes”. 

Dalila fez um convite para os participantes da palestra e pesquisadores interessados na temática inovação, para fazer uma discussão aberta sobre o conceito inovação junto ao CNPq. Segundo ela, esse é um conceito muito contaminado de competitividade, e que precisa ser rediscutido, para isso é preciso compreender isso e cooperar juntos.

Categorias: Institucional SRI PRPI