
Ministério da Saúde lança vídeo sobre Hanseníase produzido pela UFG
Saiba mais sobre a Hanseníase com especialistas em saúde e acompanhe o passo a passo do teste rápido desenvolvido pela UFG
Texto: Marina Sousa
Com o objetivo de informar e conscientizar a população sobre a Hanseníase, além de combater o preconceito e o estigma associados à doença, o Ministério da Saúde (MS) disponibilizou em seu canal do Youtube o vídeo Hanseníase - Aspectos clínicos, teste-rápido e estigma. O conteúdo apresenta profissionais de saúde explicando os aspectos clínicos da doença e apresentando o teste rápido para a Hanseníase desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Laboratório de Desenvolvimento e Produção de Testes Rápidos (LDPTR), do Instituto de Pesquisa em Tecnologia e Saúde Pública (IPTSP), com sede no Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (CMBiotecs) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Essa iniciativa faz parte das ações da Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças em Eliminação CGDE do Ministério da Saúde.

O vídeo conta com a participação de pesquisadores e médicos dermatologistas que trazem informações sobre a hanseníase. Entre eles, destacam-se Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Ciro Gomes, professor de Dermatologia da Universidade de Brasília (UnB); Ana Lucia Osorio Maroccolo de Sousa, médica dermatologista do Serviço de Dermatologia do Hospital das Clínicas (HC-UFG-EBSERH); Maria Aparecida Grossi, médica referência internacional em hanseníase da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG); Maurício Lisboa Nobre, assessor para hanseníase na Organização Mundial de Saúde (OMS); e Samira Bührer, pesquisadora e docente do IPTSP. Eles relatam no vídeo sobre todas as etapas da doença. Como história clínica, como a hanseníase se manifesta pelo corpo, exames físicos, o funcionamento do teste rápido e de que a falta de informações sobre a doença e o acesso ao tratamento que tem cura, ainda são barreiras a serem superadas na luta contra à hanseníase.

Segundo a médica dermatologista, Maria Leide de Oliveira, se a população não é bem informada a respeito dos sinais e sintomas da Hanseníase, há um grande problema. “Nem todos sabem que manchas na pele que não coçam, não doem, ou que áreas da pele com sensações de queimação de choque, de formigamento ou uma fraqueza na mão ou no pé, podem ser sintomas da hanseníase - então, os profissionais de saúde precisam estar atentos nas consultas do dia a dia, da rotina dos postos de saúde, e fazer perguntas aos pacientes, principalmente nas áreas onde a doença é endêmica”, relata a médica. Ela chama atenção para as regiões do Centro-oeste, Norte e Nordeste e ainda todas as periferias das grandes metrópoles do Brasil, que acabam sendo regiões endêmicas da doença.

Da esquerda para direita, canto superior, Dra. Maria Aparecida Grossi e Dr. Ciro Gomes, canto inferior, da esquerda para a direita Dr. Maurício Nobre e Dra. Maria Leide de Oliveira - médicos dermatologistas que participam do vídeo do MS
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), a hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por meio de gotículas liberadas pela fala e inaladas por outras pessoas, penetrando o organismo pela mucosa do nariz. Outra possibilidade de transmissão é o contato direto com feridas de indivíduos doentes. O assessor para hanseníase na OMS, o médico dermatologista Maurício Lisboa Nobre, explica que os profissionais de saúde não devem apenas informar que o paciente está com a hanseníase, mas também informar sobre os grandes avanços em relação ao tratamento e a cura da hanseníase. “É uma doença que tem cura, que as incapacidades são evitadas e que aquelas lesões de pele vão sumir e ainda, que a contagiosidade é muito baixa, depois que o tratamento é iniciado”, explica.
Com a transferência de tecnologia dos testes rápidos de hanseníase , desenvolvidos pela equipe da professora Samira Bührer do IPTPS/UFG, para a indústria brasileira Bioclin, que contou com o apoio da multinacional alemã Merck S.A, o teste já encontra-se disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 150 mil testes rápidos para enfrentamento da doença.
A pesquisadora Samira Bührer explica que de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hanseníase do Ministério da Saúde, o teste deve ser aplicado em duas situações. “A primeira, após ser realizada a avaliação clínica, dermatológica e neurológica, com alterações suspeitas e inconclusivas, o profissional de saúde deve aplicar o teste rápido, se o resultado for não reagente, considerando que é um contato com alterações clínicas inconclusivas, a pessoa deve ser encaminhada para avaliação na atenção especializada. Se o resultado for reagente, deve-se realizar a baciloscopia. Se o índice da baciloscopia for zero, isto é, baciloscopia negativa, esse contato também deve ser encaminhado para avaliação na atenção especializada. Caso o índice da baciloscopia for maior que zero, estamos diante de um caso de hanseníase comprovado pela demonstração de bacilos álcool-ácido resistentes no raspado intradérmico. A outra situação em que o teste rápido deve ser aplicado é quando o contato não apresenta sinais e sintomas clínicos da doença. Se o resultado do teste for reagente, esse é um caso para a vigilância ativa”, finaliza a docente.

O vídeo também traz a participação da dançarina Idener Alves que já teve a doença e hoje está curada. Ela relata como o estigma da doença atrapalharam a sua vida. “Os primeiros sintomas que tive da hanseníase foram aos 14 anos. Eu sentia muito formigamento nos pés e minhas pernas estavam cheias de caroços, de verruguinhas e quando eu fui em um posto de saúde mais próximo da minha casa e consultei com um clínico geral, ele deu o diagnóstico de alergia de chinelo de plástico”. Idener Alves desabafa que se tivesse recebido o diagnóstico correto sua vida teria sido muito melhor. “Quando eu falava que tinha hanseníase as pessoas se afastaram de mim, com medo de eu estar transmitindo a doença - mesmo eu explicando que a hanseníase não se transmite depois que inicia o tratamento, muita gente preferia não ter mais a minha amizade, se afastaram e tinham medo de serem contaminados. Eu aconselho que as pessoas passem a observar mais, quaisquer sinais, manchas que surgirem no seu corpo e ir ao médico, porque se eu tivesse tido a informação que tenho hoje, não teria sofrido tanto”, finaliza.
Por trás das câmeras
O vídeo além de trazer todas as informações pertinentes sobre a doença, também foi idealizado para que mais pessoas e profissionais de saúde pudessem entender sobre o funcionamento do teste rápido, haja vista que, ele está sendo fornecido pelo SUS. A pesquisadora Samira Bührer relata que foi uma alegria contar com a participação de tantos colegas, que inclusive vieram de outras regiões para participar e contribuir com a produção realizada pela TV UFG. "Precisávamos que mais pessoas pudessem ter acesso a essas informações. Portanto, dentro do nosso plano de trabalho com o Ministério da Saúde nós inserimos a produção do vídeo para que ele contemplasse as orientações e adequações do MS e sou muito grata pela participação de todos neste trabalho.
O vídeo pode ser assistido AQUI!
Fonte: Secom UFG