Projeto da UFG monitora espécies da área do corredor Cerrado-Mata Atlântica
Em dois meses já foram registradas 23 espécies entre mamíferos e aves. Expectativa é monitorar mais de 30 espécies
Ana Paula Ferreira
A Universidade Federal de Goiás (UFG) por meio de um convênio com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e a Aliança da Terra realiza o monitoramento, de médio a longo prazo, de 76 pontos com armadilhas fotográficas espalhadas na extensa área entre o Parque Estadual de Serra de Caldas Novas (PESCAN) e o da Mata Atlântica (PEMA). Durante dois anos a área será monitorada em um esforço para subsidiar ações de conservação das espécies ameaçadas e, futuramente, criar condições de um corredor ecológico que una as diversas áreas de remanescentes nativas nessa extensão, permitindo assim o fluxo de espécies por seus habitats naturais.
O projeto começou com o monitoramento do tamanduá-bandeira, devido ao risco de extinção que a espécie enfrenta no Brasil e no mundo, contudo, hoje abarca outros animais. Porém, o tamanduá continua a ser a espécie bandeira do projeto devido a uma parte significativa das análises de dados a serem coletados ser destinada a melhor compreensão da espécie na área de estudo. “Na ecologia existe um termo chamado animal bandeira, onde se tem ações de conservação para ele, esse animal leva uma bandeira conservacionista para os demais que coabitam a área”, conta a professora Alessandra Bertassoni sobre a escolha do nome do projeto - Bandeiras no Corredor.
Como explica a coordenadora do projeto, professora Alessandra Bertassoni, “se eu preservo a área, eu aumento a chance de conservar estes animais”. Entender e descobrir a dinâmica dessas espécies, que estão protegidas por estes dois Parques Estaduais, no corredor que se forma entre eles, onde há inúmeras propriedades rurais privadas, se mostra o principal objetivo para a boa implantação do corredor.
Projeto
O projeto é um convênio multi-institucional, com a participação da UFG, da Organização não governamental Aliança da Terra e da SEMAD, além de ter o financiamento do Funbio - Programa Copaíbas. Em dois meses de execução do projeto alguns resultados já foram colhidos. “Nós temos uma expectativa de monitorar mais de 30 espécies. Em dois meses já temos 23 registradas, só de mamíferos e 7 espécies de aves terrestres”, conta Alessandra. A pesquisadora ainda pontua outro resultado alcançado que não estava previsto, a captação de imagens de aves terrestres, como mutum, saracura e inhambu. “Criamos um banco de dados que ultrapassa os mamíferos e outros estudos podem ser realizados no futuro próximo”, reitera Alessandra.
Apesar da duração de dois anos, a coordenadora espera que o projeto continue por maior tempo, permitindo a formação de uma série temporal histórica para monitorar a eficácia do corredor ecológico, aumentando o poder de previsão. A próxima etapa do projeto será o processamento de mapas de imagens, por meio de geoprocessamento e análises espaciais, enquanto a coleta de dados no campo não para.
O Projeto também possui apoio financeiro externo. A maior parte dos investimentos vem do Funbio (Fundo Nacional da Biodiversidade), por meio do Projeto Copaíbas, outros apoios de logística e alimentação no campo, como ressalta a coordenadora, vem da SEMAD e os pesquisadores da UFG conseguiram mais três parcerias, a Idea Wild e a Neotropical Grassland Conservancy (ONGs que financiam projetos de pesquisa), e o mais recente, The Rufford Foundation.
Fonte: Secom UFG
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