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Universidade Federal de Goiás
Pesquisadores IPTSP

Pesquisadores da UFG participam do desenvolvimento de vacina contra norovírus e rotavírus

Em 23/05/23 10:45. Atualizada em 12/12/23 20:23.

Aguardando testes in vivo, vacina multi-epitopo utiliza ferramentas computacionais

Texto e foto: Marina Sousa

A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública (PPGMTSP), Amanda de Oliveira Matos, juntamente com pesquisadores de outras Instituições de ensino e pesquisa do Brasil (UFTM, UFMG, UFBA e FIOCRUZ-Ceará), recentemente publicaram um artigo no periódico internacional Computers in Biology and Medicine, que é conhecido por sua alta qualidade editorial e rigoroso processo de revisão por pares. O artigo que é parte da tese da discente trata sobre “O desenvolvimento de uma vacina multivalente por imunoinformática contra o Rotavírus e Norovírus - ChRNV22) - (Immunoinformatics-guided design of a multi-valent vaccin and against Rotavirus and Norovirus - ChRNV22). A pesquisa é orientada pelo professor Helioswilton Sales de Campos do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) e também coordenador do Laboratório de Imunologia de Mucosas e Imunoinformática (LIM) do Instituto, onde a pesquisa vem sendo desenvolvida. 

pesquisadores  pesquisa promissora para vacina contra norovírus e rotavírus

Da direita para a esquerda, docente, Marcelle Figueira Marques da Silva Sales, doutoranda do PPGMTSP, Amanda de Oliveira Matos e docente Helioswilton Sales de Campos do IPTSP

O artigo traz uma proposta inédita para uma vacina contra os dois vírus simultaneamente, Rotavírus e Norovírus, haja visto que eles são os principais responsáveis pelas doenças diarreicas agudas (DDA). De acordo com o docente, Helioswilton Sales de Campos, o estudo utiliza a Imunoinformática, que se trata de uma área de pesquisa que integra conhecimentos da imunologia e de informática aplicada para analisar dados genômicos, proteômicos e imunológicos, a fim de identificar antígenos relevantes, determinar a eficácia potencial de uma vacina e simular as melhores estratégias de imunização. Essa abordagem permite uma análise mais rápida e abrangente de grandes quantidades de dados relacionados à resposta imune, acelerando o processo de descoberta e desenvolvimento de vacinas.

Tanto o rotavírus quanto o norovírus podem ser transmitidos através de alimentos e água contaminados, ou através do contato com outras pessoas contaminadas, causando gastroenterite, com sintomas como diarreia intensa seguida de vômitos e, muitas vezes, febre, podendo afetar adultos, idosos e crianças. A co-orientadora da pesquisa, a docente Marcelle Figueira Marques da Silva Sales, explica que apesar da doença diarreica aguda ser bastante comum, ela é uma das cinco principais causas de mortes infantis em todo o mundo, sobretudo em locais de maior vulnerabilidade, sem acesso a saneamento básico, água potável e unidade básica de saúde.  “Sabemos que esses vírus circulam mundialmente e sem dúvidas, a melhor estratégia para a mitigação dos efeitos da doença diarreica aguda viral é a vacinação. Aqui no Brasil temos duas vacinas contra rotavírus licenciadas, uma no SUS e outra em clínicas particulares, porém ainda não existem vacinas licenciadas contra o norovírus, nem no Brasil e nem no mundo. Por isso, é importante sempre ter atenção à correta higienização das mãos, sobretudo após a utilização do banheiro e alimentos, além do consumo de água potável para evitar a disseminação desses vírus”, ressalta Marcelle Figueira Marques da Silva Sales.

Como funciona?

Helioswilton Sales de Campos relata que para o rotavírus, embora já existam vacinas disponíveis no mercado, ainda existem limitações quanto à abrangência de cobertura populacional, com restrições principalmente na África e Ásia. “O tipo da vacina - atenuada - pode trazer problemas principalmente em indivíduos imunocomprometidos. Por outro lado, não existem vacinas disponíveis para o Norovírus. Diante disso, buscamos desenvolver, utilizando ferramentas computacionais, uma vacina que suprisse todas essas limitações e que pudesse induzir resposta imune contra os principais perfis genéticos de cada vírus associados ao desenvolvimento da doença diarreica aguda” relata o docente. 

passo a passo - imunoinformatica.
Passo a passo resumido do uso da  imunoinformatica para o desenvolvimento da vacina ChRNV22 

Durante o estudo foram identificados e combinados fragmentos-chave de proteínas dos 17 genótipos mais prevalentes, resultando em uma vacina quimérica, a ChRNV22. Amanda de Oliveira Matos explica que as simulações apontaram propriedades imunogênicas e interações promissoras com o sistema imunológico, indicando potencial para induzir uma resposta robusta em indivíduos de diferentes partes geográficas, incluindo aquelas que apresentam limitações quanto às vacinas atuais. Além disso, análises detalhadas garantiram a segurança do imunizante, ao descartar riscos do desenvolvimento de alergias e toxicidade. O próximo passo será a avaliação da vacina em testes pré-clínicos.

Participam da pesquisa Thaís Cristina Vilela Rodrigues e Vasco Ariston de Carvalho Azevedo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFGM); Sandeep Tiwari, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Geraldo Rodrigue s Sartori e João Herminio Martins da Silva, ambos da Fiocruz do Ceará; Siomar de Castro Soares da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) ; Marcelle Figueira Marques da Silva Sales e  Helioswilton Sales de Campos do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Desafios da pesquisa 

É importante ressaltar que estudos que envolvem vacinas impulsionam o avanço científico e estimula a descoberta de novas estratégias de imunização, todavia a falta de investimento por meio de políticas governamentais, agências de fomento podem fazer com que haja uma estagnação científica. “Com menos recursos ficamos limitados a desenvolver outras etapas do estudo. Precisamos de recursos, por exemplo, para os testes in vivo, que vão nos permitir avaliar a segurança eficácia e resposta imunológica das vacinas em organismos vivos. É crucial entender se ela causa efeitos adversos significativos ou reações indesejadas antes de serem administradas em larga escala, e para isso é necessário ter verbas destinadas às pesquisas científicas”, finaliza o professor do IPTSP, Helioswilton Sales de Campos.

 vacina rotavirus.png

 vacina rotavirus 2

Fonte: Comunicação IPTSP (UFG)

Categorias: Saúde IPTSP