Pluralidade africana é destaque em roda de conversa com intercambistas
O objetivo foi promover a troca de culturas e reconhecer a riqueza do continente africano
Guilherme Martins
A Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG) realizou, na última sexta-feira (26/maio), um encontro com intercambistas de diferentes regiões da África. A roda de conversa foi mediada pela professora Luciana Dias, que atualmente está à frente da Secretaria da Inclusão da universidade. A proposta foi celebrar o Dia da África (25 de maio), ao refletir sobre a riqueza e a importância do continente africano.
Para Luciana Dias, o encontro é necessário para reconhecer o universo de possibilidades que o continente guarda em termos de cultura, política e história. “São povos de diferentes origens, ligados a diferentes histórias, pertencentes a diferentes etnias, que se uniram para se libertar do colonialismo”, disse. O diretor de Ações Afirmativas da UFG, Pedro Rodrigues, também compareceu e agradeceu a presença dos participantes: “Esse momento é importante pois possibilita essa troca de culturas, que é tão necessária em um ambiente acadêmico. Ficamos muito satisfeitos em recebê-los nesse espaço”.
Paul Tambwe é natural do Congo e foi um dos palestrantes do dia. O intercambista é graduando em Biomedicina pela UFG e, durante o encontro, discursou sobre como é o processo de adaptação dos estudantes estrangeiro no Brasil. Paul conta que a sua maior dificuldade foi se adaptar ao português brasileiro: “Quando cheguei ao Brasil, o primeiro choque cultural que eu tive foi em relação à língua. Eu tive que aprender português em seis meses”, relata. Apesar das dificuldades, o estudante reconhece o esforço: “Viemos preparados porque sabemos que têm muitos desafios”.
Suzete Pedro Biai é graduanda de Relações Internacionais da UFG e também esteve presente na roda de conversa. Em sua fala, a estudante procurou destacar os aspectos socioculturais da Guiné Bissau, apresentando sobre a independência do país, a organização política e comentando sobre a cultura local: “O país possui um patrimônio cultural rico, com muitas diferenças étnicas, que são notadas nas danças, músicas e na própria culinária local”, disse.
Mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, Vladimir Sá foi outro palestrante da roda de conversa. O ponto central da temática de Vladimir foi comentar sobre a existência da União Africana, conceituando a sua finalidade. A União Africana é uma organização internacional que promove a integração entre os países da África, defendendo a extinção do colonialismo e a soberania dos Estados Africanos. O mestrando ainda comentou sobre os desafios e as perspectivas do continente na promoção da boa governança.
Há três anos, Tomfei Adjatai se mudou para o Brasil para cursar Agronomia na UFG. O estudante agradeceu a equipe da Secretaria de Inclusão pelo apoio ofertado e destacou as suas dificuldades no processo de adaptação: “Cheguei em Goiânia em meio à pandemia da covid-19, o que tornou muito mais complicado aprender o idioma. Eu tive que aprender sozinho durante seis meses, mas consegui”, relata. O encontro foi finalizado com a fala de Benedito Mondlane. Natural de Moçambique, Benedito é doutorando em Educação pela UFG e, em sua fala, explicou sobre como é o processo educacional de seu país.
O encontro dos intercambistas e a celebração do Dia da África foi promovido pela Secretaria de Inclusão (SIN/UFG), que é uma unidade da administração superior da universidade, criada em 2022. Segundo Luciana Dias, embora a criação seja recente, a unidade guarda uma história de longa data de segmentos da sociedade que foram historicamente discriminados e excluídos do ambiente acadêmico. “É um motivo de orgulho para nós da secretaria guardar e zelar essa ancestralidade que a gente quer que esteja cada vez mais presente na universidade como um todo”, finalizou.
*Guilherme Martins é estagiário de Jornalismo sob orientação da jornalista Kharen Stecca e a professora Luana Borges
Categorias: Humanidades SIN