Ana Paula Ferreira 

Incentivar a formação crítica e o protagonismo estudantil por meio da criação de um Cineclube. Essa é a proposta da pesquisa de Thaisy Gomes, que criou o  Cineclube Goiany. O projeto foi pensado para criar experiências que contribuam com a formação crítica e o  protagonismo dos estudantes do ensino médio. A proposta foi implementada no Colégio Estadual  Polivalente Professor Goiany Prates no período de agosto a dezembro de 2022. A iniciativa conseguiu engajar os estudantes, que criaram um canal no Youtube, um site e realizaram o Festival de Curta Metragem Cine Goiany com a participação da comunidade escolar.

A pesquisa-ação de Thaisy Gomes utilizou a análise qualitativa. A estudiosa participou, acompanhou e registrou o processo de criação e implementação do cineclube na escola. Durante o processo houve o apoio e desenvolvimento de estudantes e supervisão, em forma de rede colaborativa, dos  professores da escola, juntamente com a pesquisadora  Thaisy Gomes, que também é uma das professoras do colégio.

O projeto realizou a exibição de filmes seguido de roda de conversa para debates sobre as percepções que cada um dos estudantes obteve ao assistir, conforme Thaisy explica.  “A ideia do projeto era eles serem protagonistas, eu era apenas uma colaboradora e ajudaria nos ajustes”. Ao longo dos quatro meses iniciais de efetivo funcionamento o cineclube teve contato e parceria com outros dois projetos, como o do Coletivo Janela Aberta (UFPEL) e o Laranjeiras (UEG). Ambas trouxeram frutos positivos para a formação de todos os envolvidos.  Aquele, com uma contribuição ativa na formação interdisciplinar de professores no uso do cinema e educação; esse, com uma contribuição crítica aos alunos por participar de debates com estudantes de graduação em cinema. 

“O que tínhamos era um notebook, emprestado da escola  para o projeto. Começamos sem nenhuma estrutura, todas as produções foram feitas pelo celular”, relata a pesquisadora a respeito da maior dificuldade enfrentada para manter o projeto ativo. Contudo, o estado de Goiás, em meados de outubro de 2022 foi contemplado pelo Ministério da Educação (MEC) com o Labcrie (Laboratório de Inovação e Tecnologia), e hoje os alunos usufruem para suas produções, conforme Gomes esclarece. 

O CINECLUBE 

O projeto, a princípio, teve sua duração ativa por um período de quatro meses, concluído ao final do ano de 2022, prazo de conclusão da pesquisa na qual o Cineclube se originou. Contudo, devido a enorme adesão por parte do corpo estudantil, como Thaisy relata, o cine Goiany continuará em 2023, “Pretendemos que a equipe seja composta pelas três modalidades que a escola oferta. Ensino Fundamental, Médio e o EJA”.

A exibição e organização dos debates fica a cargo dos estudantes membros da equipe do cineclube, como explica Thaisy: “Eles escolhiam os gêneros dos filmes, os filmes e quem ficaria responsável por conduzir o debate de cada tema proposto após os filmes. Eu somente supervisionava a viabilidade e relevância do que me apresentavam”. 

Ao longo do desenvolvimento das produções pelos estudantes, a pesquisadora relata a profundidade de pesquisa a respeito dos temas propostos para os filmes feitos, “Fiquei surpresa pela escolha dos temas, e pela profundidade das pesquisas, da empatia como eles trabalharam isso dentro das produções audiovisuais". Thaisy cita a pesquisa feita por um dos estudantes sobre a má estruturação da educação no Brasil que foi escolhida para representar a região Centro-Oeste no evento “Todos pela Educação”. 

RESULTADOS 

Para além dos debates entre os estudantes, Thaisy conta que os integrantes do projeto migraram para as plataformas digitais, criando sites, canais e contas no Youtube e Instagram, alimentados frequentemente, o que evidencia o protagonismo visado por Thaisy. “Cinema é um instrumento poderoso de aprendizagem. O cineclube é uma estratégia potencializadora do ensino aprendizagem”,  ressalta a professora ao pontuar a mudança que o projeto trouxe para todos os envolvidos.  

Muito mais do que somente o protagonismo e criticidade foi desenvolvido e trabalhado. Conforme relata a professora Thaisy Gomes, a performance dos que participaram ativamente do projeto CineClube Goiany foi percebida em outras disciplinas: “Os professores relatam que muitos alunos eram retraídos e depois do projeto se tornaram protagonistas, ativos”.  

Confira a pesquisa completa: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/12661