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Universidade Federal de Goiás
BC UFG

Biblioteca Central da UFG faz 50 anos

Em 24/08/23 10:09. Atualizada em 24/08/23 13:11.

Nas comemorações, Jornal UFG resgata histórico pelo olhar das bibliotecárias e servidoras

Carolina Melo

Biblioteca faculdade direito
Prédio da Faculdade de Direito cedido para Biblioteca Central

No dia 24 de agosto de 1973, às 10h, a 11ª reunião do Conselho de Bibliotecas Universitárias (CBU) da Universidade Federal de Goiás (UFG) teve início na sala da bibliotecária Marietta Telles Machado. A ocasião era solene e os ares eram de celebração. Naquela manhã seria oficializada a implantação da Biblioteca Central (BC) da Universidade, que homenageou, em seu nome, o professor Alpheu da Veiga Jardim. O então presidente do CBU, o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Osvaldo Vilela Garcia, destacou o “exemplo de trabalho, de honradez, de dignidade humana, de brilhante atuação no magistério” do homenageado. “Seu nome será sempre um modelo para todos nós”.  Irmão de Alpheu da Veiga, o professor e conselheiro da Faculdade de Odontologia, Eriberto da Veiga Jardim, agradeceu a homenagem, que foi seguida pelo convite da inauguração, que ocorreria algumas horas depois, do novo espaço cedido pela Faculdade de Direito. Embora ainda em local improvisado, a fundação da Biblioteca Central Professor Alpheu da Veiga Jardim simbolizava a semente do que viria a se tornar o Sistema de Bibliotecas (Sibi) da Universidade.

Antes, o que existia na UFG eram salas de leituras e espaços destinados às pequenas bibliotecas administradas pelas próprias unidades acadêmicas, que foram sendo formados desde a fundação da Universidade, em 14 de dezembro de 1960. A demanda pela constituição de uma Biblioteca Central surgiu com o crescimento institucional e a necessidade de catalogação e controle dos materiais informacionais. No interior das discussões, despontavam também as reflexões sobre a importância de um espaço especializado, padronizado e unificado de biblioteca, que teria o papel de atender não só a comunidade acadêmica, mas toda a sociedade goiana.

Sala de leitura do Instituto de Matemática e Física da UFG
Sala de leitura do Instituto de Matemática e Física

Eliaine Correia Guimarães Lopes, servidora aposentada do Sistema de Bibliotecas (Sibi) da UFG, vivenciou o período desde a tenra idade e principalmente na adolescência. A Escola de Agronomia (EA) da Universidade era o seu quintal. Em 1963, quando ela tinha 3 anos, sua família se mudou para uma das casas de moradia da unidade acadêmica. Seu pai era secretário da Escola e, sendo a região longe do centro da cidade e de difícil acesso para transportes públicos, resolveu morar no local onde também trabalhava. “Lá o ambiente era de roça. Não havia rodovias, era estrada de chão. Só tinha a então Escola de Agronomia e Veterinária. Lembro até hoje dos cheiros que existiam perto de casa”. Foi na adolescência que vivenciou a sala de leitura da unidade acadêmica localizada no câmpus Samambaia. Foi lá também que conquistou o seu primeiro emprego. “Sempre quis trabalhar e lá iniciei minha jornada junto à Biblioteca da UFG”, lembra Eliaine Lopes, que posteriormente também fez o curso de Biblioteconomia.

Sala de leitura EAV
Eliaine Correia Guimarães Lopes, ao centro, na sala de leitura da Escola de Agronomia e Veterinária

A servidora aposentada acompanhou a transferência do acervo das salas de leitura para a Biblioteca Central, presenciou as discussões sobre a necessidade de construção de um novo prédio para a Biblioteca, o que se concretizou em 1989 com a transferência da BC para o Câmpus Samambaia, e vivenciou todo o processo constitutivo do Sistema de Bibliotecas (Sibi), que atualmente conta com a  Biblioteca Seccional Câmpus Colemar Natal e Silva (BSCAN), Biblioteca Seccional Cepae Professor Geraldo Faria Campos (BSCEPAE), Biblioteca Seccional de Letras e Linguística, Biblioteca Seccional Câmpus Aparecida de Goiânia (BSCAP), Biblioteca Seccional Museu Antropológico - Edna Luísa de Melo Taveira (BSMA), Biblioteca Seccional Câmpus Goiás - Cajuí (BSRGO Cajuí) e Biblioteca Seccional de Humanidades - Câmpus Samambaia (BSHU). No histórico do Sibi também está a padronização e uniformização dos serviços das bibliotecas das Universidades Federais de Catalão e Jataí, quando ainda eram câmpus avançados da UFG.

Nos bastidores, olhares atentos

Ao longo dos 50 anos da Biblioteca Central da UFG, entre os livros, as mesas de estudo e os espaços interativos, foram os acadêmicos, professores e pesquisadores que construíram a peculiar rotina da biblioteca na Universidade. No entanto, nos bastidores, são os servidores, em sua maioria servidoras, que diariamente refletem, vivenciam e lutam pela manutenção adequada das bibliotecas universitárias. Com olhares atentos a cada etapa, guardam o histórico do caminho trilhado até aqui e se emocionam com as lembranças que entrelaçam o profissional e o pessoal.

Diretora BC UFG Cláudia
Bibliotecária Cláudia Oliveira de Moura Bueno

Cláudia Oliveira de Moura Bueno, nos idos de 1977, quando estudava para o vestibular na Biblioteca Central, não imaginava que seu caminho seria tão entrelaçado àquele lugar. Já graduanda de Biologia, conquistou uma bolsa para trabalhar no setor de referências da BC em 1978 e de lá pra cá, fez o curso de Biblioteconomia, tornou-se servidora e assumiu a direção do Sistema de Bibliotecas da UFG por duas gestões, de 1994 a 2001. “Do meu tempo de estudante, lembro do espaço pequeno da biblioteca para a quantidade de pessoas. A biblioteca era cheia. Os usuários tinham que esperar para encontrar uma cabine para sentar”. 

Quando ainda era secundarista e frequentava a biblioteca na Universidade, Cláudia Moura não tinha noção, mas participava de um momento da Biblioteca Central registrado historicamente pela pesquisa de Liliane Juvência Azevedo Ferreira: “Entre 1977 e 1979, a frequência à biblioteca começa a crescer assustadoramente, tendo em vista a constante procura por parte de alunos pré-vestibulandos, pós-graduandos e comunidade em geral”. Fato que ocasionou uma mudança na rotina do espaço, que adotou horário de atendimento estendido, inclusive em finais de semana e feriados. “Quase não havia bibliotecas no estado e a Biblioteca Central da UFG tornou-se referência, apesar de apresentar uma estrutura precária”, afirma Liliane em seu estudo.

Inauguração novo prédio BC UFG
Diretora Maria Auxiliadora Andrade de Echegaray (ao centro) e reitor Joel Pimentel Ulhôa (à direita) durante descerramento da placa no novo prédio da BC

A crescente presença de usuários na Biblioteca Central aliada à demanda dos professores de unidades por novos espaços de biblioteca no final da década de 1970 e início da década de 1980 foi fortalecendo a ideia da construção de um novo prédio. Na efervescência dessas discussões, a então diretora da BC, Marietta Telles, comemorou a criação do curso de Biblioteconomia em 1980, reivindicada por ela desde o início da década de 1970, visando a formação de quadros técnicos na UFG. Entre as recentes docentes do novo curso estava a paulista Maria Auxiliadora Andrade de Echegaray, que, ao chegar em Goiânia em 1979, trabalhou nas seções da biblioteca da UFG, antes de assumir a sala de aula. Também ocupou por dois mandatos o cargo de diretora da BC entre os anos 1982 e 1989, vivenciando todo o processo de construção do novo prédio da biblioteca e presenciando, ao lado do reitor Joel Pimentel Ulhôa, o descerramento da placa de inauguração da BC no câmpus Samambaia em 1989. “Logo que cheguei fui conquistando a confiança dos meus colegas, os conselheiros da biblioteca, que eram formados por um representante de cada unidade acadêmica da UFG desde o ano de 1970, e se tornaram meus amigos. Através desse grupo de conselheiros, tive muito apoio. Eles me ajudaram na construção do novo prédio da BC, com o suporte do projeto MEC/BID [Ministério da Educação/Banco Interamericano de Desenvolvimento], que já havia sido previsto na minha primeira gestão”, recorda Maria Auxiliadora. “Fui a primeira diretora do Sistema de Bibliotecas escolhida por eleição, isso no segundo mandato, o que me deixa muito orgulhosa. E ao final do ano de 1989 foi emocionante aquele momento em que desci a escadaria e inaugurei o novo prédio. Foi um movimento mágico. A sensação era maravilhosa, pra mim era uma conquista junto com os funcionários e toda a gestão da Universidade”.

Sonho realizado 

Biblioteca Central UFG da 003

A construção de uma biblioteca centralizada no Câmpus Samambaia que pudesse abarcar as necessidades das unidades acadêmicas ali formadas já era uma demanda do final da década de 1970. Até então, conforme afirma a pesquisadora Liliane Juvência  em seu estudo, o câmpus contava com as bibliotecas seccionais da Escola de Agronomia, da Escola de Artes Visuais, Colégio Aplicação e Instituto de Matemática e Física. No entanto, foi no início da década de 1980 que o Sistema de Bibliotecas da UFG começou a ser desenhado, quando o Conselho de Bibliotecas Universitárias (CBU) formalizou o pedido de construção do novo prédio da BC junto ao reitor José Cruciano de Araújo. Em resposta, o Conselho obteve a informação, em 1981, que a gestão superior planejava a construção não de um, mas de dois prédios, um no Câmpus Colemar Natal e Silva e outro no Câmpus Samambaia. Este foi inaugurado sete anos depois. Na nova configuração, a Biblioteca Central foi transferida para o Câmpus Samambaia e a biblioteca na Faculdade de Direito passou a fazer parte do Sistema de Bibliotecas como setorial, quando em 2012 ganhou uma nova sede.

“Deslumbramento”. Foi esse o sentimento das bibliotecárias Eliaine Correia Lopes e Cláudia Moura ao entrarem pela primeira vez no novo prédio da Biblioteca Central. “Tudo era espaçoso, a sala do processamento onde a bibliotecária ficava era enorme”, relembra Cláudia. “Quando entrei, ‘gente, que coisa mais linda’. Meu olhar fitou o painel, a entrada, tudo muito bonito”, recorda Eliaine. “E nós literalmente fizemos a mudança das então bibliotecas seccionais do câmpus para o novo prédio”, complementa.

BC UFG

Passados 34 anos da transferência da BC para o novo prédio no Câmpus Samambaia, muitas mudanças nos serviços bibliotecários ocorreram, especialmente com o desenvolvimento das novas tecnologias. Em especial, o espaço físico da biblioteca, a cada etapa, se reinventou e continua presente na vida de acadêmicos e pesquisadores, apesar dos notebooks e celulares. Afinal, como observa o escritor estadunidense Mark Twain (1835-1910), “em uma boa biblioteca, você sente, de alguma forma misteriosa, que está absorvendo, através da pele, a sabedoria contida em todos aqueles livros, mesmo sem abri-los”. Pois, explica a bibliotecária da UFG, Cláudia Mora, “uma biblioteca não é apenas o lugar que se empresta livros, ela é vivência, é o contato entre as pessoas, a expertise da busca pelo conhecimento”.

Comemoração

BC UFG
Exposição sobre os 50 anos no espaço da BC

Por trás de cada conquista do Sistema de Bibliotecas (Sibi), há a presença do trabalho dedicado de servidores e bibliotecárias. Na comemoração dos 50 anos da Biblioteca Central, não foi diferente. Toda a equipe se mobilizou ao longo do ano para a organização de uma programação de resgate histórico e celebração. Ao encontro de cada servidora que passou pela BC, seja aposentada ou na ativa, no presente ou nas lembranças do passado, um aspecto em comum: o olhar que brilha ao lembrar do caminho trilhado e, em retrospecto, se emociona pela vida dedicada à defesa da biblioteca universitária:

Biblioteca Central lança linha do tempo

BC lança livro de contos escrito pelas bibliotecárias da UFG

Agenda da programação de comemoração dos 50 anos da BC

Biblioteca Central realiza a exposição: "Biblioteca Central - 50 anos"

BC UFG
Durante a exposição, usuários deixam sua homenagem à biblioteca

Fonte: Secom

Categorias: destaque Institucional