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Universidade Federal de Goiás
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Espaço Cultural Wèkèdè recebe cocar Ãwa

Em 19/09/23 08:14. Atualizada em 19/09/23 10:34.

Mônica Veloso Borges, professora do Núcleo Takinahakỹ, recebeu o artefato

Ana Paula Ferreira

Em meados de julho, durante um evento do Núcleo Takinahakỹ, referente à Ação Saberes Indígenas na Escola, houve a doação de um artefato Ãwa, um cocar raro do povo Ãwa (Avá-Canoeiro). O artefato foi recebido pela professora Mônica Veloso Borges, Coordenadora da Ação, e foi entregue por uma das participantes da Ação, que é pertencente ao povo Ãwa, Kamutaja Ãwa. O artefato único integrará o acervo do Espaço Cultural Wèkèdè, localizado no Núcleo Takinahakỹ. “É de extrema importância para a UFG, porque talvez seja o único lugar que tenha um cocar do povo Avá-Canoeiro e doado por pessoas pertencentes ao povo”, ressalta Mônica.

Kamutaja Ãwa, a doadora do cocar, é uma jovem pedagoga com participação ativa na defesa de seu povo, por sua ligação com as lutas pelo fortalecimento da língua, do seu povo e pelo restabelecimento de seu território tradicional. Kamutaja Ãwa está ligada ao Núcleo por intermédio de Mônica: “Kamutaja faz parte de um projeto de extensão coordenado por mim, sobre o estudo da língua e é pesquisadora da Ação Saberes Indígenas na Escola. Estudamos a língua visando à construção de um material didático para  o povo Ãwa”, ressalta a professora. 

A Ação Saberes Indígenas na escola é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), que objetiva o letramento e o numeramento em línguas indígenas. Foi durante um evento dessa Ação, promovido pelo Núcleo Takinahakỹ, que houve a doação do cocar, como explica Mônica.

“Esse cocar é muito importante, pois representa força, manutenção da vida, da cultura e de toda epistemologia Ãwa. É um aspecto cultural muito importante desse povo”, afirma a professora. 

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Mônica Veloso Borges, Coordenadora da Ação recebeu o cocar das mãos de Kamutaja Ãwa (Fotos Arquivo do Núcleo Takinahakỹ)

 

Espaço Cultural Wèkèdè

Inaugurado em 2019, dentro do curso de Educação Intercultural, o espaço só foi reaberto recentemente, após a pandemia de Covid-19, sob o nome Wèkèdè (ÊQD), Maria do Socorro Pimentel da Silva. O coordenador do espaço, Arthur Bispo, explica o porquê da escolha desse nome: “A professora Maria do Socorro Pimentel da Silva, fundadora e idealizadora do curso, tinha um nome na etnia Karajá. A etnia dos povos indígenas que ela trabalhou por mais de 30 anos, que era ÊQD”. O professor lembra de forma saudosa da professora, que morreu em decorrência do vírus da Covid-19.

Ainda segundo Bispo, o espaço cumpre duas funções, a de mostrar à comunidade interna da Universidade e também à comunidade externa, a diversidade indígena do Brasil Central; por ser um projeto de extensão, também é usado para o aprendizado pelos estudantes do curso de Educação Intercultural.

Ainda segundo Bispo o espaço é mantido por contribuições tanto de colaboradores como de docentes do curso de Educação Intercultural. “Os materiais expostos são artefatos fruto de doações feitas pelos alunos do curso, produtos comercializados por eles”. Como explica o coordenador, os itens em exposição são compostos por artefatos do cotidiano de variados povos indígenas. A maioria são confeccionados com palha, pena, etc. 

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O artefato único integrará o acervo do Espaço Cultural Wèkèdè

 

Povo Avá-Canoeiro  (Ãwa) 

Dentre os povos indígenas originários do Centro-Oeste brasileiro, os Ãwa (Avá-Canoeiro) foram os que mais resistiram aos colonizadores. Sofreram opressão desde o século XVIII, o que ocasionou o limiar de sua extinção. 

Os Avá-Canoeiro são um povo de língua da Família Linguística Tupi-Guarani, do Tronco Tupi, que viviam às margens do rio Tocantins. Devido à chegada dos ‘colonizadores’, uma parte dos Ãwa se recusaram a serem submetidos aos não indígenas e deslocaram-se para a bacia do rio Araguaia. Desde 1830, ano da fragmentação e diáspora de parte do povo Ãwa para o Araguaia, estabeleceram-se dois grupos. Esses dois grupos estão localizados, atualmente, em Goiás, próximo a cidade de Minaçu e outro em Tocantins, nas proximidades de Formoso do Araguaia.  

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: educação intercultural Humanidades