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Universidade Federal de Goiás
Militarização capa

Pesquisa da UFG aborda processo de militarização das escolas

Em 03/10/23 10:40. Atualizada em 04/10/23 12:45.

Estudo levantou a percepção de docentes e estudantes do ensino fundamental e médio

Ana Paula Ferreira*

Um estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás (UFG) buscou entender como estudantes e professores avaliam a militarização das escolas. Entre o período de 2019 a 2022, a pesquisadora Jocelane Rabelo analisou as percepções de 112 estudantes e professores de uma escola de Goiânia que passou pelo processo de militarização. De acordo com os resultados, pouco mais da metade (55%) dos 97 estudantes consultados associaram a militarização a uma melhoria na infraestrutura escolar e na disciplina. No entanto, apenas 22% disseram acreditar que isso impacta enquanto melhoria para o futuro no mercado de trabalho e no desempenho em vestibulares.

Entre os docentes, 10 dos 15 professores ouvidos, apesar de algumas críticas, afirmaram existir benefícios em relação à disciplina e à infraestrutura por conta da disponibilização de mais verbas. No entanto, mesmo com essa associação entre o modelo militarizado e a disciplina, o estudo constatou que os professores não associaram a militarização a uma melhoria na parte educacional.

"Meu intuito com a pesquisa é mostrar que existem diferentes modelos de escolas, e que esse modelo [a militarização] tem ganhado cada vez mais espaço. É importante entender de onde ele vem, para que possamos ser capazes de fazer escolhas", relata a pesquisadora. Nesse sentido, segundo ela, o enfoque deve ser direcionado a quem cria tais projetos no legislativo e não necessariamente aos militares. Para Jocelane, atentar-se a esse detalhe é importante nas decisões do eleitor.

De cima para baixo

No decorrer da pesquisa, Jocelane constatou que muitos professores ficam insatisfeitos com esse regime, pois a militarização acontece sem a sua participação. "É uma política pública aplicada sem o consentimento deles. Já entre os estudantes, Jocelane observou que aqueles que já estavam em seus anos finais discordavam da militarização devido à padronização que ela gera. O oposto foi observado com alunos em anos iniciais. Nesse caso, a maioria não tinha uma opinião formada, reproduzindo uma visão romantizada e induzida pelos pais.

Ao final da pesquisa, Jocelane elaborou um e-book sobre a militarização das escolas. "O objetivo do material informativo é mostrar o passo a passo de como acontece a militarização de uma escola", explica. Ela acrescenta que nenhum dos deputados que já apresentaram projetos de militarização na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aceitaram participar da pesquisa.

*Conteúdo publicado ontem (03/10) e alterado hoje (04/10) com a correção de dados sobre o estudo.

 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: educação Humanidades