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Universidade Federal de Goiás
Olimpíada Brasileira de Satélites

Satélites de estudantes buscam soluções para problemas reais

Em 24/10/23 17:35. Atualizada em 25/10/23 10:28.

Projetos foram avaliados na modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Satélites

Luiz Felipe Fernandes

Dois dias de muito aprendizado e troca de experiências para acertar os últimos detalhes dos satélites desenvolvidos por equipes de estudantes da região Centro-Oeste. Assim foi o último fim de semana (21 e 22/10) para os participantes da fase regional da 2ª Olimpíada Brasileira de Satélites (Obsat), que teve sua modalidade prática realizada na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Nesta etapa, uma dupla de juízes passou pelas estações de trabalho, montadas na Escola de Música e Artes Cênicas (Emac), para avaliar os satélites. No sábado, os protótipos passaram por avaliação física e ambiental. Além disso, os estudantes tiveram a oportunidade de falar sobre seus projetos e responder às perguntas do júri e dos demais participantes.

No domingo, foi feito o lançamento estratosférico dos satélites selecionados. As equipes vencedoras foram CEPI Prof. Izabel Christina 2, Ipêtronic e DouraSat. O lançamento foi realizado com um balão estratosférico e chegou a uma altura de aproximadamente 26 quilômetros. A queda ocorreu em uma área rural na cidade de Inhumas. Os equipamentos foram recuperados pela organização da Obsat.

 

Obsat

Equipes trabalham na composição do balão para o lançamento estratosférico dos satélites selecionados (Foto: Julia Barros)

 

Integrantes da equipe Lovalence, as estudantes do terceiro ano do ensino médio do Sesi Goiás Laura Fernandes Cardoso, Vitória Moura dos Santos e Ana Cecília Vivaldi propuseram um satélite capaz de ajudar a reestruturar o campo magnético terrestre. Elas explicam que o campo magnético é uma espécie de camada protetora da Terra, impedindo que a radiação chege à superfície.

"Esse campo magnético está se enfraquecendo e o Brasil é um dos mais afetados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, gerando, por exemplo, altas temperaturas. Na estrutura do nosso satélite tem o que chamamos de bobina, que gera o campo magnético", detalha Ana Cecília.

Além de minimizar os efeitos novicos da radiação no planeta – como o risco de câncer de pele ao ser humano e de queimadas –, o projeto inédito pode auxiliar outros satélites, que sofrem interferências e perda de dados ao passar por locais com falhas no campo magnético.

 

Olimpíada Brasileira de Satélites

Projeto de satélite da equipe Lovalence, de estudantes do Sesi Goiás, visa reestruturar campo magnético da Terra (Foto: Evelyn Parreira)

 

Monitoramento de lixões
Com um time também 100% feminino, a equipe Ipêtronic, do Colégio Visão, desenvolveu um satélite para monitorar possíveis áreas de lixão, coletando coordenadas e fotos. Rebecca Draschi, estudante do segundo ano do ensino médio, explica que o projeto usa inteligência artificial para identificar padrões nas imagens que apontem para um possível lixão. "As coordenadas e as imagens são então levadas para os órgãos responsáveis", conclui.

Rebecca Draschi e Sofia Pereira já participaram da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) e este ano convidaram Maria Fernanda Nascimento para compor a equipe para a Obsat. "Nós já estávamos envolvidas com a área de robótica, mas foi muito interessante descobrir toda essa parte de satélites também", conta Sofia. Prestes a terminar o ensino médio, as três amigas querem cursar Engenharia Mecatrônica.

 

Olimpíada Brasileira de Satélites

Equipe Ipêtronic, do Colégio Visão, participou da Obsat com projeto de satélite para monitorar áreas de lixão (Foto: Evelyn Parreira)

 

Da teoria à prática
Despertar o interesse de estudantes para as carreiras científicas e tecnológicas é um dos objetivos desse tipo de olimpíada, que visa também promover a popularização da ciência. Para a professora do Sesi Goiás, Kamila Sousa, essas iniciativas ajudam a desenvolver uma série de habilidades e competências que não seria possível somente dentro de sala de aula.

"Além do trabalho em equipe, da tomada de decisão e da resolução de problemas, [as olimpíadas] despertam as estudantes para um universo de pesquisa e de interação com o mundo prático", reforça. A professora acrescenta que as várias etapas permitem tirar do papel tudo o que é estudado na teoria e levar para a prática, resolvendo problemas a partir do conhecimento adquirido.

 

Olimpíada Brasileira de Satélites

Estudantes passaram o dia fazendo os últimos ajustes em seus protótipos para serem avaliados pelos juízes (Foto: Evelyn Parreira)

 

Trabalho em equipe
Na abertura da modalidade prática da Obsat, no último sábado (21/10), o professor do Instituto de Informática (INF) e coordenador regional do evento, Aldo Díaz Salazar, ressaltou o foco nos estudantes e a importância do trabalho em equipe. O organizador da Obsat, Wesley Flávio Gueta, lembrou que o evento é realizado a muitos braços e coloca a UFG como um polo de ciência, tecnologia e inovação.

Destacando as parcerias que proporcionaram a realização da Obsat, o coordenador do Programa de Apoio às Olimpíadas na UFG, Renato Cândido da Silva, disse que o evento marca o envolvimento da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) com a coordenação nacional da Obsat. "A partir disso nós conseguimos construir a história da Obsat dentro da UFG", pontuou.

A pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura, Adriana Régia Marques de Souza, demonstrou sua admiração com o comprometimento e a dedicação dos participantes, sobretudo toda a força-tarefa que envolve o lançamento estratosférico do satélite, seu monitoramento e recuperação. "É uma emoção muito grande poder acompanhar esse trabalho".

 

Olimpíada Brasileira de Satélites

Participantes da Obsat têm a oportunidade de conhecer todas as etapas de desenvolvimento de um satélite (Foto: Evelyn Parreira)

 

UFG no espaço
Na edição de 2022 da Obsat, a equipe Millenium, da UFG, se destacou com a missão de mapear a magnetosfera. O estudante de Engenharia da Computação Antonio Emílio Pereira explica que a equipe propôs monitorar a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas), uma região com intensidade reduzida do campo magnético. "Por causa da radiação, essa é uma área conturbada para satélites e qualquer tipo de monitoramento".

A Millenium agora compõe o SuperTime, formado pelas dez melhores equipes classificadas nas cinco regiões brasileiras no ano passado. Uma placa de circuito impresso desenvolvida totalmente pela equipe da UFG irá compor um satélite que será lançado pela Agência Espacial Brasileira. Segundo Antonio, a parte de desenvolvimento está confirmada e todas as equipes estão trabalhando com a previsão de terminar o satélite até o fim do ano. A expectativa é de que o equipamento seja lançado em 2024.

 

Obsat

Balão estratosférico chegou a uma altura de 26 km e foi recuperado em uma área rural na cidade de Inhumas (Foto: Julia Barros)

 

Classificação das equipes regionais na 2ª Obsat
Ouro
CEPI Prof. Izabel Christina 2
DouraSat
Ipêtronic

Prata
Equipe Lovalence
MobileNet Mapper
SpaceGran

Bronze
CEPI Prof. Izabel Christina 1
MagnetoStorm
Unisat 2

Medalha teórica
Arlley Kacyo da Silva Fraga
Pedro Henrique Silva Rosa
Isadora Christini Cirilo Kern
Álef Saymon da Silva Raphael
Igor Samuel Martins Abreu
Arthur da Silva Fraga
Sebastião Pompeu de Siqueira
Igor Daniel
Arthur de Almeida
Ana Júlia
Felipe Gabriel
Pietro Duarte Oliveira
Eduardo José Moura

Fonte: Secom UFG

Categorias: OBSAT Ciências Naturais