Especialista debate urbanismo decolonizador
Antonio di Campli foi convidado pelo Programa de Pós-Graduação Projeto e Cidade
Da redação
O arquiteto e professor de urbanismo do Politecnico di Torino (Polito), na Itália, Antonio di Campli, esteve na Universidade Federal de Goiás (UFG) para debater o pensamento urbanístico que leva em conta as minorias e o conceito decolonial, e levanta possibilidades ecológicas do habitar. O encontro, intitulado "Divergencia", fez parte de um ciclo de conferências internacionais do workshop internacional "Projetando a Natureza: a dialética entre a cidade de Goiás e seus rios", coordenado pelo Programa de Pós-Graduação Projeto e Cidade, da Faculdade de Artes Visuais (FAV).
O professor da UFG, Camilo Vladmir de Lima Amaral, mediador do encontro que ocorreu na última sexta-feira (17/11) , disse que a Universidade vem se articulando para dialogar com outras instituições de ensino nacionais e internacionais sobre as intersecções temáticas entre a natureza, a cidade e outras formas de saberes. "Trata-se de uma perspectiva de construção de uma ciência em diálogo com os saberes tradicionais", disse. "A ideia do projeto é construir outras formas de pensar a relação do homem com a natureza, repensar essa relação instrumentalizada".
Nesse sentido, Antonio di Campli, pesquisador da temática da decolonização do pensamento do urbanismo foi convidado. Segundo ele, é preciso pensar em algumas palavras-chave, entre elas, "dependência", que tensiona alguns elementos que estão na raiz do pensamento urbanístico, e que se relaciona com a sequência de crises que estamos vivendo, entre elas a ecológica e a climática.
Outra palavra-chave é "divergência", que diz respeito a uma reflexão sobre as possibilidades relacionais e uma tentativa de questionar as formas dominantes de pensar a coexistência das diferenças. Caminha-se na perspectiva de tornar visíveis as estruturas de dominação. "O que estamos tentando delinear é um discurso sobre formas de projeto focadas no reconhecimento das diferenças, na análise das interações e os conflitos entre diferentes ecologias socioespaciais e a tentativa de definir suas relações".
O pesquisador também fez a distinção entre o pós-colonial, decolonial e decolonizador. Segundo ele, o pós-colonial questiona os valores ocidentais. O decolonial é o conceito. E o decolonizador é a ação. "A colonialidade é o lado obscuro do modernismo". E se direcionar para a ecologia é se propor a pensar a relação e a coexistência, inclusive no urbanismo.
* Crédito da foto de capa: Azulik Residence, Roth Architecture
Fonte: Secom UFG
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