Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
BC UFG

Bibliotecas oferecem pouca estrutura a pessoas com deficiência

Em 07/12/23 09:03. Atualizada em 23/01/24 16:53.

Pesquisa da UFG foi realizada em 11 bibliotecas públicas da Região Metropolitana de Goiânia

Eduardo Bandeira

Dos 20 municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia, apenas 11 possuem bibliotecas públicas. Além de poucos espaços como esse – 17 no total, já que algumas cidades possuem mais de uma –, uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) constatou que boa parte dessas bibliotecas não tem uma estrutura adequada para garantir o acesso de pessoas com deficiência.

Segundo a autora da pesquisa, a doutora em Comunicação Keyla Rosa de Faria, apesar de a inclusão social, educacional e cultural de pessoas com deficiência ter aumentado nos últimos anos, ainda existem desafios na aplicação de normas e leis que garantam os seus direitos.

O estudo, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), sob orientação da professora Suely Henrique Gomes de Aquino, foi realizado em 11 bibliotecas públicas da Região Metropolitana de Goiânia, por meio de questionários, entrevistas e observação. A pesquisadora investigou se os locais possuíam algum tipo de tecnologia social para a formação de leitores e a promoção de práticas de leituras de pessoas com deficiência.

Tecnologias sociais e assistivas são definidas como métodos que agem no intuito de alterar uma dada realidade social. Keyla ressalta também o poder da arte e da cultura de integrar diferenças e promover atividades inclusivas, citando a biblioteca pública como um exemplo de equipamento para essa integração.

"Percebemos que muitas pessoas que trabalham na biblioteca não sabem, por exemplo, que a Libras [Língua Brasileira de Sinais] faz parte das tecnologias inclusivas. Sem isso, uma pessoa com deficiência auditiva pode ir até à biblioteca e simplesmente não conseguir se comunicar, o que consequentemente fará com que ela vá embora, já que foi criada uma barreira comunicacional", exemplifica Keyla.

O estudo mostra que as pessoas com deficiência até frequentam as bibliotecas, mas sem assiduidade, o que pode, segundo a pesquisadora, estar ligado à sensação de não pertencimento. Uma saída é o envolvimento da comunidade. "As pessoas com deficiência precisam estar junto aos profissionais que trabalham nas bibliotecas para pensar em alternativas de inclusão".

 

Leia também: Diretoras do Sibi relembram história da Biblioteca Central da UFG

 

Keyla

Keyla Rosa de Faria estudou a acessibilidade em bibliotecas no doutorado em Comunicação (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Investimento

A situação também pode ser explicada pelo baixo investimento. "Para isso, precisamos averiguar os municípios que possuem ou não biblioteca e trabalhar junto aos outros municípios para mostrar que estamos dispostos à ajudá-los", ressalta Keyla.

Em outros momentos, acredita-se que o fator que paralisa as bibliotecas no tempo é a falta de motivação e conhecimento das inovações que surgem dentro da área biblioteconômica, a exemplo das tecnologias inclusivas. Essas técnicas podem auxiliar a biblioteca pública a sair da inércia com métodos e técnicas de baixo custo para a formação de leitores e a promoção de práticas de leitura para as pessoas com deficiência.

Um dos fatos que ilustram esse cenário foi a dificuldade que a pesquisadora enfrentou para entrar em contato com os responsáveis pela administração das bibliotecas públicas. Das 17 bibliotecas públicas da Região Metropolitana, 11 responderam o questionário.

A autora – que escolheu a temática da deficiência também motivada pelo fato de ter uma sobrinha com Síndrome de Down – diz que a pesquisa pretende dar voz às pessoas com deficiência e promover a interlocução entre a biblioteca pública e os seus usuários. "A tecnologia social precisa do diálogo", afirma.

Acesse aqui a tese "Tecnologias inclusivas e leitura entre pessoas com deficiência: a realidade das bibliotecas públicas da Região Metropolitana de Goiânia".

Fonte: Secom UFG

Categorias: Acessibilidade Humanidades Fic