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Universidade Federal de Goiás
Mosquito dengue

UFG estuda inseticida a base de fungos para combater Aedes aegypti

Em 05/03/24 13:50. Atualizada em 05/03/24 13:51.

Pesquisa do Iptsp apresenta resultados promissores para o controle do mosquito

Texto: Marina Sousa
Fotos: Juscelino Rodrigues

O Brasil acaba de registrar mais de 1 milhão de casos prováveis de dengue e 214 mortes confirmadas pela doença em 2024, de acordo com o Ministério da Saúde. Em Goiás, segundo o boletim do último dia 28 de fevereiro da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 114 municípios estão em situação de emergência e já foram registradas 31 mortes e mais de 37 mil casos confirmados.

Diante desse grande desafio de saúde pública, a comunidade científica intensifica seus esforços. Um exemplo é a pesquisa conduzida pelo Laboratório de Patologia de Invertebrados (LPI) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O foco da investigação é o uso inovador de fungos entomopatogênicos (que atacam e matam insetos) como estratégia para o controle do mosquito vetor Aedes aegypti.

Liderado pelo professor do Iptsp, Wolf Christian Luz, o grupo desenvolveu uma formulação granular do fungo Metarhizium humberi IP 46 para infectar fêmeas grávidas de Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, Zika e Chikungunya.

No experimento, a formulação foi colocada em um dispositivo plástico dividido em dois compartimentos: um inferior, fechado, com um reservatório de água; e um superior, aberto, com a base coberta com um gel continuamente hidratado e a formulação fúngica fixada na borda lateral, sobre um substrato de plástico preto. O substrato foi escolhido por ser durável, robusto e atrativo para as fêmeas grávidas de A. aegypti, que deposita seus ovos em superfícies escuras e ásperas.

 

Leia também: Fungos catalogados pela UFG são testados para uso no campo

 

https://docs.google.com/document/d/1pkE87nTC5MNYmRrpzS4gMdTKPSU9nXzLZ1lHpkVCEJA/edit?usp=sharing

Esquema do dispositivo usado para atrair mosquito Aedes aegypti, infectando-o com o fungo

 

Atraindo o mosquito

As fêmeas são atraídas pelo gel hidratado – uma fonte de umidade contínua e por infusão de capim-colonião (Panicum maximum). Ao entrar em contato com o substrato, as fêmeas podem se contaminar com o fungo, o que pode reduzir sua atividade, sua capacidade reprodutiva e levar à sua morte. O professor do Iptsp, Juscelino Rodrigues, que também participou do estudo, explica que o dispositivo permite a circulação livre de mosquitos adultos, atraindo tanto machos quanto fêmeas de A. aegypti.

A pesquisa revela que a utilização de um dispositivo simples se configura como uma estratégia promissora e segura para reduzir as populações de A. aegypti. Durante a condução dos estudos em ambientes de semi-campo e campo na cidade de Terezópolis de Goiás, a 23 quilômetros de Goiânia, os cientistas colocaram dispositivos com a formulação fúngica em áreas domiciliares estratégicas, reconhecidas por serem locais em que as fêmeas colocam seus ovos.

 

https://docs.google.com/document/d/1pkE87nTC5MNYmRrpzS4gMdTKPSU9nXzLZ1lHpkVCEJA/edit?usp=sharing

Metarhizium humberi IP 46 sobre meio de cultivo (à esq.) e adulto de Aedes aegypti morto pela infecção (à dir.)

 

Linhas de pesquisa

Atualmente, a equipe está focada em três linhas de pesquisa. A primeira abrange estudos sobre o tempo de prateleira do produto. Este tempo é importante pois ele vai determinar a data de validade. A segunda linha está relacionada ao tempo do efeito residual do produto após a aplicação. Por último, a equipe está trabalhando no desenvolvimento de outras formulações fúngicas que possam ser aplicadas no dispositivo.

Também compõe a equipe o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública (PPGMTSP), Juan Gabriel Mercado Martinez. O projeto tem ainda o apoio do Laboratório de Nanosistemas e Dispositivos de Liberação de Fármacos (NanoSYS) da Faculdade de Farmácia (FF) da UFG e do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

 

* Crédito da foto de capa: mrfiza (Shutterstock).

Fonte: Iptsp

Categorias: dengue Ciências Naturais IPTSP Notícia 5