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Universidade Federal de Goiás
Professor meme

Conheça o professor da UFG que tem feito sucesso nas redes com ciência e bom humor

Em 24/03/24 21:17. Atualizada em 25/03/24 12:48.

Com memes e vídeos descontraídos, Thiago Rocha (Iptsp) imprime leveza ao universo da pós-graduação

Luiz Felipe Fernandes

Imagine abrir seu Instagram e dar de cara com seu professor universitário fazendo a mais nova "dancinha" da internet. Inusitado? Não para os alunos do professor Thiago Rocha, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (Iptsp/UFG). Basta percorrer as publicações da página deste professor de 36 anos para constatar que esta é, de fato, a ideia do perfil: abordar o fazer científico, principalmente na pós-graduação, com descontração e bom humor.

No vídeo em questão, a "dancinha", embalada por uma versão contemporânea do sucesso dos anos 1980 "Girls Just Want To Have Fun", é a comemoração para "quando o artigo finalmente for aceito". Quem está na labuta acadêmica e enfrenta as dificuldades e os desafios para publicar um artigo científico sabe o quanto realmente é preciso comemorar. Em outro vídeo, Thiago aparece "esculpindo" seu "artigo" na pedra, numa alusão bem-humorada ao laborioso processo de escrita e às cobranças do orientador.

A descontração do professor nas redes não diminui a seriedade de seu currículo: Thiago é graduado em Ciências Biológicas, mestre em Biologia pela UFG e doutor em Ciências do Mar, da Terra e do Ambiente pela Universidade de Algarve (Portugal). Na UFG, atua como professor no curso de graduação em Biotecnologia e como orientador nos Programas de Pós-Graduação em Biologia Animal (PPGBAN), Genética e Biologia Molecular (PPGBM) e Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (PPGBRPH), do qual também coordena o laboratório. Além disso, é bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O perfil no Instagram foi criado em novembro de 2022. Thiago conta que o lúdico e o humor foram surgindo de forma gradual. "Percebi que o humor é uma excelente estratégia para conectar as pessoas, promover o bem-estar emocional e social, bem como abordar questões complexas de modo simplificado e atrativo". A abordagem torna-se ainda mais oportuna diante de um quadro de adoecimento mental nesta fase dos estudos.

Os vídeos são protagonizados pelo próprio professor ou com a participação de seus orientandos de mestrado e doutorado ou pós-doutorandos do grupo de pesquisa. As publicações abordam o cotidiano da pós-graduação, como a relação orientador-orientando e a rotina nos laboratórios. Tudo isso sem deixar de lado dicas práticas, relacionadas principalmente à escrita acadêmica e a todo o processo que envolve a realização da pesquisa até a defesa e a publicação de artigos em revistas científicas.

 

Leia também: Pesquisa aborda potencial estratégico do meme na comunicação

 

Professor meme

Professor Thiago Rocha cria conteúdo sobre o dia a dia na pós-graduação com criatividade e bom humor (Imagem: Reprodução Instagram)

 

Humor é coisa séria

O potencial do humor como estratégia de comunicação tem embasamento científico. Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFG mostrou que usar memes, por exemplo, pode ser uma estratégia eficiente. O estudo analisou publicações bem-humoradas de universidades federais brasileiras – entre elas a própria UFG –, e constatou que, além de gerar engajamento, uma comunicação descontraída cria laços, aproxima o público e pode contribuir para a imagem institucional, a comunicação pública e a divulgação científica.

"Um discurso institucional muitas vezes não consegue ter um bom poder de penetração nas gerações mais jovens. Por isso acreditamos que é necessário usar uma linguagem que, de fato, converse com o nosso público", afirma o coordenador de Mídias Sociais da Secretaria de Comunicação (Secom) da UFG, Caio Rabelo. O resultado é comprovado pelo sucesso da Universidade nas redes. Hoje a UFG é a segunda universidade brasileira mais seguida no X (antigo Twitter), com quase 212 mil seguidores, e está no top 10 das mais seguidas no Instagram, onde tem 137 mil seguidores.

Mas o que a pesquisa e a prática mostram é que, mesmo com uma abordagem mais leve, é necessário que essa estratégia faça parte de um planejamento em comunicação. O professor do IPTSP conta que tem um planejamento semanal de postagens, principalmente dos conteúdos sobre redação científica. Os vídeos de humor, segundo ele, são mais intuitivos. "As ideias surgem principalmente nas atividades como professor, orientador e na relação próxima aos meus orientandos e estudantes. As experiências diárias e dúvidas dos estudantes são fontes essenciais de inspiração", explica.

 

Leia também: Pesquisa analisa divulgação científica em ambientes virtuais

 

Professor meme

Thiago dá aulas e orienta estudantes na graduação e em vários programas de pós da UFG (Foto: Arquivo pessoal)

 

Pode isso, professor?

Na UFG como docente desde 2017, Thiago diz que frases como "isso não é coisa de professor" ou "isso é perda de tempo" são frequentes. "Contudo, a universidade é um espaço de discussão e reflexão", pondera. Uma forma de superar essa barreira é mostrar que dá certo. O professor cita o exemplo da divulgação dos editais de seleção para mestrado e doutorado, que provocou um aumento no número de candidatos.

Para Thiago, as redes sociais contribuíram para aumentar a proximidade e a conexão com os estudantes, o que favorece sua atuação como professor. "É preciso humanizar o professor, o pesquisador e o orientador para maior conexão entre as partes. Assim, as redes sociais podem ser utilizadas como uma estratégia eficaz para ampliar a relação estudante-professor, bem como promover o processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o professor pode utilizar um conteúdo que viralizou na internet como ponto de partida para uma discussão na sala de aula".

Divulgação científica

Uma comunicação mais divertida também pode ser uma grande aliada da divulgação científica, ou seja, para que o que é feito nas instituições de ensino e pesquisa, como as universidades, cheguem ao público em geral. Um dos principais exemplos é o concurso "Dance sua tese" (Dance Your Ph.D.), que já está em sua 16ª edição.

A iniciativa da Associação Americana para o Avanço da Ciência (equivalente à brasileira SBPC) e da revista Science é simples: gravar um vídeo no qual o pesquisador explique a sua pesquisa de doutorado, só que dançando. Este ano, o prêmio de 2 mil dólares foi para o brasileiro Weliton Menário Costa, 32, pelo vídeo em que interpreta artisticamente sua pesquisa sobre comportamento de cangurus, feita na Universidade Nacional da Austrália.

O professor do IPTSP conta que já incluiu, em algumas de suas disciplinas, a criação de materiais de divulgação científica para as redes sociais. Além disso, ele pretende ampliar a conexão entre as redes sociais e o ensino com um curso de formação para estudantes, pesquisadores e professores interessados em divulgação científica nas redes.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Engajamento Humanidades IPTSP