Psicologia hospitalar contribui para a saúde mental dos pacientes
Tema foi abordado em simpósio de comemoração dos 40 anos do serviço no Hospital das Clínicas da UFG
Carolina Melo
A coordenadora do Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital São Luiz, unidade Anália Franco e unidade Morumbi, Heloisa Chiattone, foi a convidada para falar sobre a atuação da psicologia hospitalar na prevenção às doenças relacionadas à saúde mental. O evento fez parte do Simpósio de comemoração aos 40 anos do Serviço de Psicologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), realizado nos dias 29 e 30 de agosto. A palestrante do segundo dia apresentou a rotina e o planejamento da psicologia hospitalar como um serviço fundamental para a garantia à segurança dos pacientes.
Com o foco no paciente, o serviço é uma especialidade presente em grandes centros hospitalares e, de acordo com Heloisa Chiattone, visa auxiliar na avaliação, compreensão e monitoramento dos aspectos emocionais dos pacientes e familiares. "Nós enquanto psicólogos também somos chamados a implementar programas de qualidade, segurança e humanização", afirmou.
Na rotina hospitalar, entre as atividades do psicólogo, o risco e a complexidade emocional do paciente são avaliados, assim como o dano. Como pano de fundo, há "a implantação de protocolos de segurança, a integração e articulação da equipe multidisciplinar, e a promoção de ações de gestão de risco", explicou Heloisa.
Heloisa Chiattone falou sobre a psicologia hospitalar na prevenção às doenças relacionadas à saúde mental (Foto: Julia Barros)
Risco à saúde mental
Um dos ensinamentos que ficaram após a pandemia de covid-19 foi a importância da presença e atuação constante e planejada de psicólogos em hospitais, sejam públicos ou privados, uma vez que eles são a porta de entrada dos pacientes que precisam de ajuda na área, alertou Heloisa. "Se o hospital ainda não tem, essa questão vai chegar com muita força".
Segundo a palestrante, antes mesmo da pandemia se fechou o consenso de que os indivíduos com demandas de saúde mental deveriam ser rastreados nas unidades de urgência e internação para avaliação de risco.
"Temos uma quantidade enorme de pacientes com risco de adoecimento, e quando a gente ressalta a segurança tanto deles quanto de seus cuidadores, destacamos a necessidade da elaboração de um protocolo específico", afirmou a psicóloga. Enquanto gerenciamento do protocolo, há a identificação do comportamento suicida e, desde 2019, é obrigatória a notificação de automutilações (identificação dos casos, avaliação e gerenciamento dos riscos). "E a gestão precisa sempre ser compartilhada com equipe multiprofissional".
Para Heloisa, "a realidade está posta. O hospital precisa ter um processo para identificar pacientes de risco de suicídio e automutilação, por meio de triagem e avaliação. Os profissionais do hospital precisam ser treinados para identificar fatores de risco, e devem utilizar ferramentas de avaliação adequada, e o hospital precisa de quartos adaptados ou adaptáveis, assim como necessita monitorar o funcionamento e efetividade do protocolo. Há ainda documentações necessárias, pois não estamos falando de 'achismos'", afirmou.
Fonte: Secom UFG