Projeto de extensão realiza oficinas para restauração de imóvel histórico
Atividades do Ybipitanga, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus Goiás, promovem interação entre conhecimentos tradicionais e acadêmicos
Imóvel tombado da cidade de Goiás passará por restauração por meio de oficinas do projeto de extensão Ybipitanga (Foto: Projeto Ybipitanga)
EM SÍNTESE:
- Projeto Ybipitanga da UFG irá restaurar um imóvel tombado em Goiás por meio de oficinas abertas ao público, focando na conservação de bens culturais e integrando saberes acadêmicos e tradicionais.
- As oficinas abordarão temas como atualização dos danos e preparação do canteiro, imunização de madeiras e aplicação de rebocos à base de cal e terra.
- A iniciativa resulta da parceria entre UFG, Iphan e prefeitura de Goiás, com impactos na formação de futuros arquitetos e na preservação do patrimônio cultural da cidade.
Da Redação, com informações do Câmpus Goiás
O projeto de extensão Ybipitanga, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus Goiás da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizará a restauração emergencial de um imóvel tombado pelo patrimônio histórico na cidade de Goiás. A restauração será realizada por meio de três oficinas-modelo abertas à comunidade acadêmica e ao público em geral, entre 23 de setembro de 7 de outubro.
As oficinas-modelo realizadas pelo Ybipitanga, na perspectiva do Canteiro Modelo de Conservação Vila Boa, visam a execução de obras de intervenção e conservação em bens tombados. Essas atividades têm o objetivo de promover a interação entre conhecimentos tradicionais e conhecimentos acadêmicos, disseminando, avaliando e propondo soluções de melhoria para conservação dos bens culturais.
As atividades são resultado de uma parceria entre o Câmpus Goiás, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a prefeitura de Goiás.
Restauração
No imóvel em que serão feitas as atividades, a recuperação parcial da cobertura, em que houve o colapso de uma das peças estruturais, garantirá a estabilidade da estrutura tipo gaiola de madeira, da mesma forma que a execução dos rebocos à base de cal e terra evitará que os tijolos de adobe expostos sejam lavados com as chuvas.
As atividades expositivas e práticas se darão em três momentos: um, antes do início dos trabalhos de intervenção para a atualização dos danos do forro de madeira, considerado um elemento de valor cultural da edificação e de preparação do canteiro de obras. Outro, durante a oficina-modelo de recuperação do telhado com o tema de imunização de madeiras e, finalmente, a execução dos rebocos à base de cal e terra em uma parede de tijolos de adobe, que também foi compreendida como um elemento de valor cultural.
"Acreditamos que o intercâmbio de saberes e práticas têm o potencial de ser apropriados e disseminados, promovendo melhorias e ações de manutenção das edificações, contribuindo de maneira efetiva na conservação das edificações tombadas", considera a professora de Projeto e Tecnologias da Construção Karine Oliveira.
Ela acrescenta que o impacto positivo reverbera também na formação de futuros arquitetos urbanistas e moradores do sítio tombado, para além de poupar o Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da cidade de Goiás de uma imensurável perda, dados os riscos que o estado de conservação da edificação objeto da oficina-modelo se encontrava.
Oficinas
A primeira oficina, "Atualização dos danos e preparação do canteiro", será uma contextualização da oficina-modelo, apresentando o debate da conservação dos bens culturais dentro do contexto do Canteiro Modelo de Conservação Vila Boa. Também será apresentado o estado de conservação e a evolução das patologias da edificação objeto.
O forro ornamentado de madeira sobre o salão de entrada, atualmente dividido em depósito, quarto e corredor foi considerado um elemento construtivo de valor cultural por conferir relevância ao mesmo salão, dentro de um contexto em que a localização do imóvel se encontra – num vetor de expansão urbana do começo do século XX, fortalecido pelo uso comercial e afetado por transformações na arquitetura com a inserção do estilo Art déco.
Considerando o elevado grau de comprometimento deste elemento, antes da sua remoção, se faz necessário o mapeamento das peças e a atualização dos danos, de forma que sua preservação esteja garantida pela documentação e que, em obra de restauro futura, seja realizada sua recuperação. Também será apresentado o canteiro de obras em uma breve visita de campo.
A segunda oficina, "Imunização de madeiras", no escopo da recuperação do telhado, tem o objetivo de apresentar e demonstrar este procedimento que é fundamental não apenas para conforto do usuário, ao evitar aparecimento de xilófagos, outros insetos e mofo nas peças de madeira, mas para garantir a longevidade dos elementos e estruturas em madeira, mesmo quando expostos à intempéries.
Finalmente, a oficina "Reboco à base de cal e terra" tratará da importância da compreensão sistêmica das edificações tradicionais. A incompatibilidade de materiais e técnicas construtivas convencionais com os sistemas construtivos tradicionais é um dos fatores causadores de patologias edilícias.
Em alvenarias de terra, sejam tijolos de adobe, taipa de mão pau-a-pique ou ainda a taipa de pilão, é fundamental a execução de reboco permeável, que contribua nos processos de saturação e retração das alvenarias. Os rebocos também cumprem o papel fundamental de criar uma película de proteção para que a terra nas alvenarias não sejam lavadas ou ressecadas sob as intempéries.
Na oficina serão apresentados os traços de reboco, os procedimentos para feitura da massa e aplicação na alvenaria, demonstrando a eficiência das técnicas construtivas tradicionais, que possuem baixo custo econômico.
Fonte: Secom UFG
Categorias: patrimônio Humanidades Câmpus Goiás