Aula aberta discute dança e ancestralidade
Palestra e oficina de dança integraram disciplina sobre poéticas populares e afro-ameríndias
Babalorixá Paulo de Odé e iyalorixá Cristina de Oxum durante aula na Faculdade de Educação Física e Dança da UFG (Foto: Carlos Siqueira)
Ricardo Lima
A Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás (Fefd/UFG) promoveu na última terça-feira (24/9) uma aula aberta com o tema "O corpo, a morada ancestral: quando o corpo balança a ancestralidade se alegra!".
A atividade foi ministrada pelo babalorixá Paulo de Odé, com participação da iyalorixá Cristina de Oxum. A aula foi promovida pela disciplina Técnicas e Práticas em Dança: Poéticas Populares e Afro-Ameríndias, da professora Maria Antonia Souza.
Além da prática de dança afro-brasileira comum em religiões de matriz africana, houve inicialmente uma palestra que explicou a dança em uma perspectiva da relação do corpo com a ancestralidade.
A aula aberta dialogou com a teoria do Encontro de Saberes, que objetiva incluir conhecimentos de grupos indígenas e afro-diaspóricos no conhecimento acadêmico da ciência universitária.
Leia também: Simpósio internacional coloca o sul global no centro das discussões
A aula foi aberta à comunidade interna e externa; além da palestra, houve oficina de dança como expressão da ancestralidade (Foto: Carlos Siqueira)
Ancestralidade
Durante a palestra, o babalorixá Paulo de Odé enfatizou a importância do corpo como um meio de conexão com a ancestralidade e com as divindades africanas. "O corpo é um caderno em branco onde escrevemos nossa história na terra", enfatizou.
Ele explicou que o candomblé considera o corpo como um veículo para expressar e vivenciar as experiências de vida, e essa relação é fundamental para o desenvolvimento espiritual.
Paulo de Odé também discutiu a questão da dualidade corporal no contexto das tradições afro-diaspóricas. "O nosso corpo tem um lado direito masculino e um lado esquerdo feminino", disse. Essa divisão nos permite carregar ancestralidades físicas de ambos os lados.
Leia também: Os ensinamentos do Ifá para uma vida equilibrada e saudável
Aula foi parte de disciplina sobre poéticas populares e afro-amerindias, ministrada pela professora Maria Antonia Souza (Foto: Carlos Siqueira)
Identidade
No decorrer da apresentação, o babalorixá reforçou a importância da dança como uma expressão da identidade e do poder ancestral. "Quando dançamos em roda, esse é o movimento de retorno à ancestralidade", afirmou.
Paulo de Odé também destacou que a dança feminina, em especial, carrega a força ancestral da geração da vida.
Por fim, o líder destacou como o candomblé valoriza o indivíduo e sua relação com o divino. "No candomblé, cuidamos do nosso orixá, e é através desse cuidado que aprimoramos o nosso eu", explicou.
O momento da oficina de dança foi acompanhado por instrumentos como o tambor e o agogô, refletindo os entendimentos religiosos do candomblé. A dança de Ogum, por exemplo, simboliza a guerra, com movimentos que evocam esquiva, ataque, defesa, tática e coragem, representando os aspectos guerreiros e protetores dessa divindade.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Encontro de Saberes Humanidades FEFD