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Universidade Federal de Goiás
Discussões em sala de aula interligam as diversas áreas do conhecimento com os saberes culturais indígenas

Projeto Saúde Indígena da UFG beneficia cerca de 300 estudantes

Em 21/10/24 14:30. Atualizada em 21/10/24 14:30.

Ação contribui para qualidade de vida dos acadêmicos durante estadia na Universidade

Carolina Melo

Durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto, os acadêmicos indígenas do curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás (UFG) deixam suas aldeias em direção à capital goiana para cumprir a etapa do curso na Universidade. Durante a estadia na cidade, um dos desafios enfrentados é o acesso à assistência em saúde.

Para suprir essa demanda, a UFG criou o Projeto Saúde Indígena, que oferece acompanhamento médico, de enfermagem, odontológico e de saúde mental aos acadêmicos e seus familiares. O projeto já beneficia cerca de 300 estudantes indígenas.

O objetivo do projeto é garantir o acompanhamento contínuo dos estudantes, promovendo a saúde e prevenindo doenças por meio de atendimentos individualizados. Durante a última etapa do curso de Educação Intercultural, na Universidade, foram realizadas atividades de educação direcionada tanto aos adultos quanto às crianças da comunidade indígena, campanhas de vacinação, triagem e encaminhamentos médicos, inclusive na área da saúde mental, e atendimento odontológico e oftalmológico.

"A ação visa a prevenção de doenças e agravos tanto dos acadêmicos indígenas como de seus familiares", explica a pró-reitora adjunta de Graduação, Heliny Carneiro. O projeto recebeu o nome Dahöimana dzé, que na língua xavante significa vida, em tradução livre.

A professora indígena do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, vinculado à Faculdade de Letras (FL), Eunice Pirkodi Caetano Moraes Tapuia, comemorou a iniciativa da Universidade e ressaltou sua importância para a garantia do bem-estar da comunidade indígena. Para ela, no entanto, o projeto deve ser estendido para todos os estudantes indígenas matriculados na UFG.

"Os estudantes para além da Intercultural estão em Goiânia o ano todo e não só durante os dois meses de estadia", afirma.

 

Leia também: Indígenas Iny Karajá reencontram pertences culturais na Europa

 

Discussões em sala de aula interligam as diversas áreas do conhecimento com os saberes culturais indígenas

Estudantes indígenas em aula no Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, no Câmpus Samambaia da UFG (Foto: Carlos Siqueira)



Projeto em dados

Inaugurado no segundo semestre de 2024, o Projeto Saúde Indígena da UFG divulgou os resultados de sua primeira ação. De acordo com o relatório, durante o período em que os acadêmicos do curso de Educação Intercultural permaneceram na Universidade, foram administradas 171 doses de vacinas a 119 pessoas. Também foram avaliadas as necessidades odontológicas de 189 indígenas, sendo 149 homens, 40 mulheres, oito crianças e nove acompanhantes.

Além disso, 18 acadêmicos foram encaminhados para o Hospital das Clínicas (HC-UFG), onde receberam atendimento nas áreas de pneumologia, maternidade, dermatologia, clínica médica e gastroenterologia, conforme suas demandas individuais. Ao todo, 28 estudantes realizaram exames no HC e outros 12 em diferentes unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) de Goiânia.

Por sua vez, o Centro de Saúde Câmpus Samambaia atendeu 94 indígenas, enquanto 18 foram atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Novo Mundo. Além disso, 108 estudantes indígenas foram acompanhados pelo Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof/UFG).

Dos estudantes atendidos no Cerof, sete foram encaminhados para cirurgia e procedimentos oftalmológicos, 11 para ambulatórios, e em outros 50 estudantes foi identificada a necessidade do uso de óculos de grau para corrigir ou melhorar a visão. Todos eles receberam os óculos doados pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG).

A grande articulação acadêmica, a abordagem multidisciplinar e a inovação foram considerados os pontos positivos do projeto pela pró-reitora adjunta da Prograd, Heliny Carneiro.

"Principalmente porque isso está na agenda de prioridades da Universidade. O projeto demonstra uma mudança significativa da Universidade em relação à temática da saúde indígena", afirma.

Desafios futuros

Na sua primeira edição, o projeto identificou que o perfil epidemiológico da comunidade indígena é caracterizado, em grande parte, por diagnósticos de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo. De acordo com a pró-reitora adjunta, para as próximas etapas a UFG buscará a articulação com outros cursos de graduação, incluindo Fisioterapia (Iptsp) e Nutrição (Fanut).

O programa também buscou ouvir a opinião dos acadêmicos, tanto os indígenas quanto os da área da saúde, e dos docentes, e mapeou algumas melhorias para as próximas edições no que diz respeito à organização e planejamento, aos recursos e infraestrutura, e aos atendimentos.

Entre os aspectos de melhorias identificados estão: a melhoria na comunicação, com as informações mais claras e antecipadas sobre horários, procedimentos e objetivos da ação; a garantia do transporte adequado e diário aos alunos indígenas e seus familiares; o acesso aos medicamentos receitados; e a redução do tempo de espera para os atendimentos.

Participam do projeto as Pró-Reitorias de Graduação (Prograd) e de Assuntos Estudantis (Prae), as Secretarias de Inclusão (SIN) e de Promoção da Segurança e Direitos Humanos (SDH), a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), o HC-UFG, o Cerof, as Faculdades de Enfermagem (FEN), Medicina (FM) e Odontologia (FO), o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp), e a Gerência de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.

"Também temos a participação e o apoio dos docentes e da equipe do Núcleo Takinahakỹ, que contribuem com a questão cultural e de aproximação com a comunidade acadêmica indígena", afirma Heliny Carneiro.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Assistência Estudantil Saúde Núcleo Takinahaky Notícia 1