"Sem educação e ciência não há futuro"
Presidente da ABC, Helena Nader, defende C&T como políticas de Estado
Palestra da presidente da ABC, Helena Nader, foi realizada no Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal (Foto: Evelyn Parreira)
Luiz Felipe Fernandes
"Sem educação e ciência não há futuro". A mensagem da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, foi contundente, mas necessária. O tema foi abordado na palestra "Educação, ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social e sustentável", realizada na última quarta-feira (6/11), como parte da programação do 21º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conpeex) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Biomédica e primeira mulher a presidir a ABC – como lembrou a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima – Helena defendeu que educação e ciência devem ser políticas de Estado, independente de cor partidária. A palestra foi mediada pelo pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, Felipe Terra Martins.
A professora e pesquisadora apresentou um quadro preocupante da realidade brasileira, a partir de dados que evidenciam grandes desafios a serem superados. Como exemplo, ela citou que o Brasil ocupa a 89ª posição entre 193 países no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em consideração aspectos como saúde, educação e renda.
Além disso, o país enfrenta problemas como a alta taxa de evasão escolar e a falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento. Quase 40% da população entre 25 e 64 anos não concluiu o ensino médio, e 35% dos jovens de 18 a 24 anos se encontram fora do sistema educacional e do mercado de trabalho.
Responsabilidade
Helena destacou ainda a discrepância entre o número de estudantes em instituições públicas e privadas, com 87,6% dos estudantes no ensino superior matriculados em universidades privadas e apenas 12,4% em públicas. "Vocês são privilegiados por estudarem em uma instituição pública como esta; mas com esse privilégio vêm também responsabilidades", disse a professora, dirigindo-se ao público, formado em sua maioria por estudantes da UFG.
Outro ponto abordado foi a equidade de gênero e a necessidade de incentivar a participação feminina nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês), onde ainda predomina a presença masculina. A presidente da ABC também apontou a diminuição na formação de mestres e doutores e na produção científica desde 2019, chamando atenção para o impacto dessas quedas na competitividade e inovação do Brasil.
O Brasil está em 50º lugar no Índice Global de Inovação, uma posição que, segundo Helena, reflete o pouco investimento das grandes empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D). "Qual é a tecnologia que bancos estão produzindo? Qual é o retorno para a sociedade?", provocou, mencionando que quatro dos dez maiores bancos do mundo estão no Brasil.
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Palestra foi mediada pelo pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás, Felipe Terra Martins (Foto: Evelyn Parreira)
Pesquisa básica
Para Helena, o Brasil precisa diversificar sua economia, investir em setores que gerem inovação e desenvolvimento tecnológico, e, acima de tudo, priorizar a educação e a ciência. A cientista enfatizou a importância da pesquisa básica como alicerce para a inovação, citando como exemplo positivo o modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que tem forte atuação em Goiás.
A necessidade de investimentos consistentes e de longo prazo em educação e ciência também foi destacada pela reitora da UFG. Angelita reforçou a importância de políticas públicas robustas para o desenvolvimento do país. "Temos vários desafios: formação de professores, combate à evasão, qualidade do ensino. Mas um ponto estruturante é o financiamento para educação e ciência", afirmou.
A presidente da ABC finalizou sua fala com um chamado à ação, conclamando a comunidade acadêmica e a sociedade em geral – sobretudo a juventude – a cobrarem dos políticos investimentos em educação e ciência. Para ela, a construção de um futuro próspero para o Brasil depende da formação de cidadãos críticos e preparados para os desafios do século XXI.
O 21º Conpeex UFG é realizado com o apoio dos parceiros: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), Fundação Rádio e Televisão Educativa e Cultural (Fundação RTVE), Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg Sindicato) e Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintifes-GO).
Fonte: Secom UFG
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