10 anos aproximando ciência e sociedade
Comemoração fez parte da programação do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFG
Mostra de Divulgação Científica foi realizada no pátio do ICB, no Câmpus Samambaia, dentro do Conpeex 2024 (Foto: Júlia Barros)
Eduardo Bandeira
O Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Goiás (Conpeex UFG) é uma das ações que aproxima a comunidade acadêmica da sociedade. Em sua 21ª edição, o Conpeex celebrou também os 10 anos da Mostra de Divulgação Científica e de Popularização da Ciência para a Educação Básica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB).
De acordo com a coordenadora da mostra, a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Raphaela de Castro Georg, o projeto evoluiu significativamente nos últimos dez anos. Inicialmente, em 2014, estudantes visitavam o ICB/UFG, onde podiam conhecer laboratórios e interagir com docentes, estudantes de pós-graduação e de iniciação científica.
No entanto, a estrutura limitada dos laboratórios permitia atender cerca de 60 a 80 alunos por edição. Com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Ciência do Estado de Goiás (Fapeg) a partir de 2018, a iniciativa foi ampliada: em vez de receber os estudantes nos laboratórios, os organizadores começaram a levar as experiências para fora, montando estandes com demonstrações científicas acessíveis a toda a comunidade de educação básica.
Na manhã da última quarta-feira (6/11), estudantes do ensino fundamental do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da UFG, professores e comunidade geral tiveram a oportunidade de explorar e aprender sobre ciência de forma interativa.
Em meio aos estandes, Davi Ferreira, aluno do 4º ano do Cepae, recebeu um Passaporte da Ciência e materiais sobre vacinas. Ele descreveu a feira como "muito interessante e muito legal", afirmando que voltaria em futuras edições.
Sua curiosidade pelo universo da ciência foi visível, enquanto folheava o livreto oferecido pelos organizadores, repleto de informações que instigaram o aprendizado. O estudante compartilhou sua surpresa ao saber que vacinas são testadas em animais antes de serem aplicadas em humanos.
Sofia Garcia, por sua vez, contou como o evento a ajudou a compreender o corpo humano. Entre as atividades de que participou, a aluna destacou o estande sobre o coração, onde pôde montar o órgão e aprender sobre seu funcionamento.
Gabriel Diniz, aluno do 2º ano do Cepae, também compartilhou seu entusiasmo com as atividades apresentadas. Ele destacou a oportunidade de explorar o estande de DNA, onde aprendeu a diferença de tamanho entre as células maternas e paternas.
Projeto tem como objetivo despertar a curiosidade científica em alunos dos ensinos fundamental e médio (Foto: Júlia Barros)
Formação científica
A professora Odara de Castro, que leciona ciências para alunos do 3º ao 5º ano no Cepae, destacou a importância do Conpeex para a formação científica das crianças. "Ali na entrada o Zé Gotinha estava dando um abraço em todas as crianças", comentou, reforçando a importância da divulgação científica em relação às vacinas.
De acordo com Raphaela Georg, um dos maiores desafios na realização da mostra é garantir a participação das escolas públicas, já que questões como o deslocamento e a divulgação das informações acabam sendo mais complexas para essas instituições. O principal desafio tem sido aproximar a Universidade dessas escolas, incentivando a participação e reforçando a ideia de que a UFG é acessível para todos.
Neste ano, a mostra conseguiu firmar uma parceria com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), facilitando o transporte das escolas até o evento e ajudando a superar essa dificuldade de acesso. Além disso, Raphaela enfatizou o apoio contínuo recebido da instituição, especialmente da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e da Reitoria, que reconhecem a relevância da mostra.
Símbolo do incentivo à vacinação no Brasil, Zé Gotinha marcou presença na Mostra de Divulgação Científica (Foto: Júlia Barros)
Atrações científicas
Entre as apresentações deste ano, um grupo de pesquisadores do PPGCB adaptou seus estudos sobre ansiedade e depressão em modelos animais para o público infantil, utilizando uma linguagem acessível e interativa.
O mestrando João Victor Melo da Rocha explicou que os estudos envolvem testes com um peptídeo específico em ratos obesos, que apresentam níveis elevados de ansiedade e pressão arterial.
"A ideia é entender se esse peptídeo pode reduzir a hipertensão, obesidade e sintomas de ansiedade e depressão nesses animais, com o objetivo de, futuramente, aplicar esse conhecimento em seres humanos", explicou o pesquisador.
Para tornar o tema acessível às crianças, os pesquisadores usaram o filme Divertida Mente, que representa as emoções de maneira lúdica. "Perguntamos se elas conhecem o filme e o que sabem sobre ansiedade e depressão. Normalmente, elas conseguem identificar os comportamentos ansiosos e deprimidos através dos personagens", relatou João Victor.
Com essa referência, os pesquisadores conseguiram explicar como realizam os testes com ratos para desenvolver potenciais tratamentos para essas condições.
"É fundamental que a comunidade entenda o que fazemos aqui, já que o financiamento vem de recursos públicos. Esse retorno social é muito importante para nós", ressaltou João Victor, destacando a relevância de adaptar o conhecimento científico para diferentes públicos.
Alunos do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da UFG participaram da mostra (Foto: Júlia Barros)
Solenidade
Durante a solenidade oficial de celebração dos dez anos da Mostra de Divulgação Científica e de Popularização da Ciência para a Educação Básica do PPGCB, a professora Raphaela Georg destacou o papel fundamental da ciência na formação das futuras gerações.
"Trabalhar especialmente com crianças é uma honra, pois elas serão os futuros alunos da nossa Universidade", afirmou. "Este projeto de extensão científica não é apenas um evento isolado, mas uma oportunidade de aprendizado para todos".
A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, esteve na solenidade e reforçou a importância do projeto como uma ação estratégica para engajar a juventude em causas de preservação ambiental e sustentabilidade.
Ela apontou também para a relevância de incluir jovens no debate sobre temas urgentes, como a defesa do Cerrado, a preservação das águas e a recuperação de áreas afetadas. "Esse é um desafio que vai além das ciências naturais, e precisamos do apoio de toda a sociedade para avançar", completou.
Para Raphaela, as expectativas para o futuro da mostra incluem ampliar o número de estudantes atendidos e diversificar ainda mais as atividades oferecidas. Nesta 10ª edição, além das iniciativas do PPGCB, o evento conta com novos parceiros, como a Secretaria Estadual de Saúde e diferentes unidades acadêmicas da UFG, como a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), do Câmpus Aparecida de Goiânia, o Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp) e o Núcleo Takinahakỹ.
Outras colaborações incluem a Expedição do Rio Meia Ponte, com o apoio da Saneago, da PUC Goiás e do Serviço Geológico do Brasil, além de patrocínio do Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) e do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg).
Fonte: Secom UFG
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