Delegação da UFG reunida com gestores da Hebei University of Science and Technology, em Shijiazhuang (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Luiz Felipe Fernandes

Em uma iniciativa inédita, a Universidade Federal de Goiás (UFG) enviou uma delegação de nove pesquisadores para a China com o objetivo de fortalecer as relações bilaterais e prospectar novas oportunidades de cooperação em áreas estratégicas, como saúde, agricultura, engenharia e linguística. A missão, que ocorreu entre os dias 14 e 21 de outubro de 2024, visitou seis universidades em três cidades diferentes no norte do país.

A delegação foi liderada pela reitora Angelita Pereira de Lima e organizada pela secretária de Relações Internacionais da UFG, Rejane Faria Ribeiro-Rotta, em colaboração com os professores Francisco Figueiredo e Wang Xu, do Instituto Confúcio de Medicina Chinesa na UFG, e a professora Ana Qiao, diretora do Confucius Classroom na Universidade Federal Fluminense (UFF).

A missão foi composta por pesquisadores da UFG de diversas áreas do conhecimento. Além de Angelita e Rejane, das Faculdades de Informação e Comunicação e de Odontologia, respectivamente, integraram a equipe Arthur Gabriel Caldas Lopes (Escola de Agronomia), Camila Cardoso Caixeta (Faculdade de Enfermagem), Francisco José Quaresma de Figueiredo (Faculdade de Letras/Instituto Confúcio), Gabriela Rodrigues Mendes Duarte e Lucília Kato (Instituto de Química), Sigeo Kitatani Junior (Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação) e Solomar Martins Marques (Faculdade de Medicina).

"O fortalecimento das relações com a China é uma das prioridades da nossa gestão. Acreditamos que a aproximação com as instituições chinesas deve compor nossas estratégias de internacionalização, visto que, nas últimas décadas, a China tem se estabelecido como um dos mais importantes parceiros estratégicos do Brasil, desempenhando um papel crucial em diversas áreas, incluindo ciência e tecnologia", afirma a reitora da UFG.

A secretária de Relações Internacionais da UFG lembra que, em 2024, completaram-se 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, 25 anos de relações entre a Província de Hebei e o estado de Goiás, e cinco anos do Instituto Confúcio de Língua, Cultura e Medicina Tradicional Chinesa na UFG.

"Essa relação bilateral fortalece oportunidades de desenvolvimento sustentável e colabora para uma maior inserção global de ambos os países", acrescenta Rejane, que considera que a missão acadêmica da UFG na China representa um passo importante na consolidação da internacionalização da instituição.

 

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Visita foi marcada por uma série de compromissos oficiais para conhecer seis universidades chinesas (Fotos: Arquivo Pessoal)

 

Instituições visitadas

Na China, a delegação da UFG visitou as seguintes universidades: Hebei Normal University, Hebei Medical University, Hebei University of Chinese Medicine, Hebei University of Science and Technology, China Agricultural University (CAU) e Tianjin Foreign Studies University.

Além de reuniões com reitores, professores e pesquisadores, a delegação teve a oportunidade de conhecer a estrutura das universidades chinesas, seus laboratórios e hospitais.

Angelita destaca que a missão também foi importante para conhecer o sistema de educação superior da China. Ela observa que todas universidades visitadas, relativamente novas – algumas com a mesma idade da UFG –, possuem museus como forma de difundir sua história e preservar sua memória. Além disso, contam com estrutura robusta de moradia estudantil.

 

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Reitora Angelita Lima destacou semelhanças das universidades chinesas com a UFG, com museus e moradia estudantil (Fotos: Arquivo Pessoal)

 

Histórico da cooperação

As relações entre a UFG e instituições chinesas começou a se estreitar em 2017, com o início das tratativas para a criação de um Instituto Confúcio na Universidade. Um dos encontros foi a Missão de Educadores Brasil-China 2017, em maio daquele ano. Na ocasião, o então reitor Orlando Amaral assinou um memorando de entendimentos entre a Universidade de Hebei e a UFG.

O documento estabeleceu a intenção de promover atividades de cooperação entre professores e estudantes nas áreas de medicina tradicional chinesa, medicina ocidental e outras áreas da saúde.

Em maio de 2017, a UFG recebeu a diretora do Instituto Confúcio da PUC-Rio, Qiao Jianzhen. Dois meses depois, Orlando visitou a Embaixada da China, em Brasília, com o intuito de dar prosseguimento às negociações. No encontro, o reitor entregou uma carta com a manifestação de interesse no estabelecimento do instituto na UFG, com o apoio do governo de Goiás.

Entre 28 de junho e 7 de julho de 2019, foi realizada uma missão a Shijizuang, na província de Hebei, e a Pequim, capital da China. Participaram da delegação, além do então reitor Edward Madureira, o diretor de Relações Internacionais da UFG à época, Francisco José Quaresma, a diretora da Faculdade de Enfermagem, Claci Fátima Weirich Rosso, a professora da Faculdade de Medicina e presidente da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG (Fundahc), Cacilda Pedrosa de Oliveira, e a professora da Faculdade de Ciências Sociais, Laís Forti Thomaz.

O Instituto Confúcio de Medicina Chinesa da UFG foi oficialmente inaugurado no dia 8 de dezembro de 2022. É o único da América Latina com duas abordagens: cultura e língua chinesas, e medicina tradicional chinesa.

Em setembro de 2024, a reitora da UFG recebeu a comitiva chinesa da Universidade de Hebei para a renovação de parcerias, incluindo o novo acordo para Mestrado Colaborativo entre a Hebei University of Chinese Medicine e a Faculdade de Enfermagem da UFG, e apresentação dos novos professores do Instituto Confúcio.

Leia aqui a segunda reportagem da série Missão China: "UFG prospecta parcerias nas áreas da saúde, linguística e engenharia".