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Universidade Federal de Goiás
Ambulatório trans

Pesquisa revela necessidade de mais atenção à saúde de mulheres trans

Em 13/12/24 14:30. Atualizada em 20/12/24 17:18.

Dados mostram alta prevalência de HPV nessa população

Marina Sousa

O papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais frequente do mundo. Embora não apresente sintomas na maioria das pessoas, o HPV pode se manifestar depois de meses ou anos por meio de verrugas, lesões pré-neoplásicas e cânceres na região do ânus e genitais. A doença preocupa por estar associada à quase totalidade dos cânceres de colo de útero, bem como a outros tumores em homens e mulheres.

Em Goiânia, uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) com 268 mulheres trans revelou que 77,2% delas apresentaram HPV na região anal, 33,5% na região genital e 10,9% na região oral. O estudo foi realizado entre abril de 2018 e agosto de 2019 e também identificou fatores comportamentais e genotípicos associados à infecção.

"Esses dados destacam a importância de estudos epidemiológicos adicionais para subsidiar o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento direcionadas a essa população específica", afirma a vice-diretora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, Megmar Aparecida dos Santos Carneiro.

A pesquisadora também integra o Núcleo de Estudos em Epidemiologia e Cuidados em Doenças Transmissíveis e Agravos à Saúde Humana (Necaih), da Faculdade de Enfermagem (FEN) da UFG, que liderou o estudo.

Vulnerabilidade e vacinação

De acordo com a pesquisadora, o estudo foi direcionado às mulheres trans devido à maior vulnerabilidade às ISTs. A pesquisa também reforça a importância de compreender a epidemiologia do HPV em populações vulneráveis, com o objetivo de aprimorar estratégias de prevenção e triagem.

Outro aspecto destacado é a necessidade de ampliar o acesso aos serviços de saúde para essa população, que frequentemente enfrenta barreiras relacionadas à discriminação e ao estigma. Melhorar esse acesso pode facilitar tanto a triagem quanto o tratamento de ISTs.

A vacinação contra o HPV foi fortemente recomendada no estudo. Segundo Megmar, a escolha entre vacinas de diferentes tipos – bivalente, tetravalente e nonavalente – deve considerar a caracterização dos genótipos predominantes de HPV na população-chave. "Essa abordagem pode ajudar a maximizar a eficácia da vacinação e oferecer maior proteção contra tipos de HPV de alto risco", explica a professora.

 

Leia também: Cobertura vacinal contra HPV em Goiás se mantém abaixo de 30% em nove anos, sem atingir meta nacional

 

Professora Megmar

Professora Megmar Aparecida em evento internacional sobre o HPV (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Conferência internacional

Entre os dias 12 e 15 de novembro de 2024, a professora Megmar Aparecida Carneiro representou a UFG na 36ª Conferência Internacional do Papilomavírus (IPVC), em Edimburgo, na Escócia. O evento reuniu pesquisadores de todo o mundo para discutir avanços na prevenção, diagnóstico e tratamento do HPV e doenças relacionadas.

Durante o congresso, Megmar apresentou a pesquisa "Human Papillomavirus Positivity at 3 Anatomical Sites Among Transgender Women in Central Brazil", com os achados do estudo e sua relevância no contexto global de saúde pública.

O estudo foi publicado no periódico Sexually Transmitted Diseases da American Sexually Transmitted Diseases Association (ASTDA). Essa associação é dedicada à pesquisa, educação e prevenção de ISTs.

A pesquisa foi financiada pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE) do Ministério da Saúde.

Contribuíram para o estudo: Brunna Rodrigues de Oliveira e Bruno Vinícius Diniz e Silva (IPTSP/UFG); Kamila Cardoso Dos Santos, Karlla Antonieta Amorim Caetano e Sheila Araujo Teles (FEN/UFG); Sílvia Helena Rabelo-Santos (FF/UFG); Vera Aparecida Saddi (PUC-GO); Giana Mota (Icesp); Luísa Lina Villa (FM/USP); Krishna Vaddiparti e Robert L. Cook (Universidade da Flórida).

 

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Fonte: Iptsp

Categorias: Saúde Pública Saúde IPTSP Notícia 4