A inteligência artificial que promete nos fazer sentir aromas
Projeto da UFG busca integrar a percepção de cheiros em ambientes virtuais
Ricardo Lima
Luiz Felipe Fernandes
Em vez de apenas ver e ouvir, imagine poder sentir o aroma de um jardim florido ou o cheiro de café fresco em uma experiência de realidade virtual. Essa é a promessa do projeto SOFIA (sigla em inglês de Estrutura Sensorial Olfativa de IA Imersiva), desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG), que busca integrar a percepção olfativa em ambientes virtuais e de realidade aumentada.
Liderado pela professora Carolina Horta Andrade, da Faculdade de Farmácia (FF), e em colaboração com o Instituto de Informática (INF) e o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), o projeto SOFIA utiliza inteligência artificial (IA) para simular cheiros e inseri-los em dispositivos de realidade virtual.
A iniciativa pioneira, realizada no Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (AKCIT) da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), pretende transformar a interação sensorial em diversas áreas, como saúde, entretenimento e educação.
O projeto SOFIA busca integrar estímulos olfativos a ambientes de realidade virtual, oferecendo uma experiência sensorial imersiva. Para isso, modelos de inteligência artificial estão sendo desenvolvidos com base em padrões químicos e perceptuais, mapeando relações entre compostos químicos e percepção olfativa. Esses modelos utilizam aprendizado de máquina para analisar grandes bases de dados e garantir simulações precisas de odores.
Um dos grandes desafios do projeto é a complexidade da resposta olfativa humana, que envolve a interação de moléculas odorantes com receptores biológicos – um processo ainda pouco compreendido.
"Estamos desenvolvendo mapas de redes de interações dessas substâncias químicas com os diversos receptores olfativos que existem para verificar a resposta de odor dessa interação", destaca Carolina.
Equipe multidisciplinar do projeto SOFIA lida com a complexidade da resposta olfativa humana (Foto: Arquivo Pessoal)
Aplicações
Uma das aplicações práticas pode ser integrar a tecnologia a óculos de realidade virtual, proporcionando uma imersão sensorial completa. Imagine, por exemplo, sentir um aroma relaxante de um ambiente terapêutico durante um tratamento para ansiedade.
"Na área da saúde, o cheiro pode ser integrado em tratamentos para doenças neurodegenerativas, psiquiátricas e psicológicas, criando uma experiência mais realista e emocional", afirma a professora.
A tecnologia pode impactar outros setores, como a indústria de perfumes e automobilística, por exemplo, abrindo novas possibilidades de interação com o consumidor. No entanto, os desafios são complexos, como o desenvolvimento do hardware para integrar a tecnologia aos dispositivos de realidade virtual.
O projeto SOFIA já alcançou avanços importantes, incluindo publicações em revistas científicas e apresentações em eventos internacionais. Esses resultados destacam a relevância do projeto no desenvolvimento de experiências sensoriais avançadas em realidade virtual, contribuindo significativamente para a evolução dessa área tecnológica.
O projeto está atualmente na fase de desenvolvimento de modelos de IA para simulação da resposta olfativa, assim como o desenvolvimento do dispositivo que será integrado ao óculos de realidade virtual.
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Fonte: Secom UFG