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Universidade Federal de Goiás
Fernando de Noronha

Pesquisadora da UFG desenvolve primeiro sistema de gestão de risco geológico em Fernando de Noronha

Em 30/01/25 13:26. Atualizada em 30/01/25 13:29.

Joana Sanchez, da FCT, integra projeto de preservação do patrimônio geológico da ilha vulcânica

 

Fernando de Noronha

Professora Joana Sanchez usou o rapel para retirar pedras que podem cair e ferir turistas em Fernando de Noronha (Foto: Arquivo Pessoal)

 

EM SÍNTESE:

- Mesmo com avisos, turistas acessam áreas proibidas em parques, colocando em risco suas vidas e o patrimônio geológico.

- Professora da UFG, Joana Sanchez, criou o primeiro sistema de gestão de risco geológico em um parque nacional brasileiro.

- Trabalho incluiu remoção de pedras por rapel, capacitação de guias e proposta de monitoramento contínuo.

 

Anna Paulla Soares

Nas primeiras semanas de 2025, um evento repercutiu nas redes sociais: turistas ultrapassaram a grade de proteção do precipício no Mirante Dois Irmãos, dentro do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, para tirar fotos em cima das rochas, ignorando as placas de alerta e os avisos do guia turístico. A imprudência, que trouxe à tona a importância de medidas de segurança no local, ocorreu na mesma região onde a professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Joana Sanchez, desenvolveu um trabalho inovador para a geologia e o turismo: a criação do primeiro sistema de gestão de risco geológico em um parque nacional do Brasil.

"Não identificamos outras referências mundiais de sistema de gestão de risco geológico implementado conforme realizado em Fernando de Noronha", afirma Joana, que dá aula no curso de Geologia da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da UFG, sugerindo seu pioneirismo. O projeto, resultado de seu pós-doutorado, foi executado em dois anos e orientado pelo professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Fábio Reis.

Iniciado em 2022, o trabalho envolveu etapas distintas. Primeiro, os pesquisadores realizaram a avaliação de campo e a determinação dos locais de risco. Na sequência, foi realizado o manejo geológico, que consiste no profissional descer de rapel para retirar as pedras que podem cair e ferir turistas. Houve ainda uma etapa intitulada pela pesquisadora como "treinamento para gestão de risco e educação em geociências e riscos geológicos", que foi direcionada para a oferta de aulas para guias, condutores, agentes temporários e equipe técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com o objetivo de promover a educação ambiental.

O plano de gestão foi entregue ao ICMBio e deve ser implementado em breve, com o auxílio da geóloga, para que se prossiga com o monitoramento e o possível manejo das áreas de risco, além da manutenção do próprio sistema de gestão em relação às novas demandas que possam surgir.

Financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e com o apoio do ICMBio, o projeto foi pensado após o acidente no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), há três anos, que despertou o olhar das autoridades para a proteção de áreas que apresentam risco geológico e, ainda assim, recebem visitação. Na ocasião, um paredão de rochas se desprendeu nos cânions e atingiu turistas que visitavam o lago, causando a morte de dez pessoas.

 

Fernando de Noronha

Projeto inclui educação ambiental com guias, condutores, agentes temporários e equipe técnica do ICMBio (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Riscos das infrações de turistas

Além de áreas abertas à visitação, há aquelas restritas devido ao risco geológico, como o local invadido por turistas no Mirante Dois Irmãos dentro do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Após esse episódio, a docente da UFG, Joana Sanchez, se manifestou por meio de um vídeo em seu perfil do Instagram, com o intuito de alertar o público sobre os riscos que as violações podem oferecer não só às suas próprias vidas, mas também ao patrimônio geológico brasileiro.

Ela ressaltou a importância de respeitar as regras para um turismo seguro, sustentável e sem riscos, tanto para os turistas quanto para o patrimônio. "Abaixo de onde ela [a turista] estava, há um abismo de 90 metros. Essas rochas em que ela subiu são completamente soltas. Eu não quis fazer o manejo nesse local porque é natural e não vale a pena o risco que a gente corre derrubando pedra ali".

Segundo a professora, a região logo abaixo de onde os turistas fotografavam é fechada à visitação, pois ocorre com frequência o desmoronamento de blocos de rochas gigantescos do paredão.

O Parque Nacional de Fernando de Noronha é um dos destinos de viagem mais cobiçados do Brasil. Segundo divulgado pelo ICMBio Noronha, o parque recebeu mais de 130 mil visitas em 2024. De acordo com a professora da UFG, esta é uma das únicas ilhas vulcânicas do país e a única que permite visitação. Ela reafirmou a importância de se conservar o local e de se praticar um turismo consciente, com o auxílio de um guia responsável, que preze pela sustentabilidade e preservação do arquipélago.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Meio ambiente Ciências Naturais FCT Destaque Notícia 4