
Sem responsabilidade, jornalismo pode contribuir para violência de gênero
Tema foi discutido em evento na Faculdade de Informação e Comunicação da UFG
Participantes também compartilharam experiências pessoais e discutiram o tema (Foto: Júlia Barros/Secom UFG)
Lalice Fernandes*
A cobertura jornalística pode contribuir para a manutenção da violência ao tratar os crimes pelo viés da espetacularização do assunto, dando protagonismo aos agressores e reduzindo as vítimas a meros números ou acontecimentos trágicos. Essa foi a tônica do evento realizado na Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (FIC/UFG) na última segunda-feira (24/3).
O debate "Violência de gênero, comunicação e sociedade" foi organizado pelo projeto de pesquisa Gênero e Mídia em Goiás, em parceria com a Comissão de Inclusão e Permanência (Cinpe). A palestra foi ministrada pela historiadora e doutoranda em Antropologia Social Yordanna Lara Rego, pela mestra em sociologia Jully Anne Ribeiro e pela professora Luciane Agnez (FIC/UFG).
Violência de gênero é atravessada por fatores como raça e classe social (Foto: Júlia Barros/Secom UFG)
As debatedoras apontaram como a violência de gênero está enraizada na história e é influenciada por fatores como raça e classe social, tornando o problema ainda mais complexo. Essa abordagem reforça estereótipos e desumaniza as mulheres, minimizando a gravidade das agressões.
A professora Luciane enfatizou a necessidade de um compromisso coletivo para combater a violência de gênero. "Enquanto todas as meninas e mulheres não estiverem seguras, nenhuma de nós estará", destacou. A frase reflete a urgência de políticas públicas eficazes e de um jornalismo mais responsável.
No momento aberto ao público, diversas participantes compartilharam experiências pessoais, trazendo relatos de violências e desigualdades que vivenciaram ao longo da vida. Uma delas resumiu um sentimento comum ao afirmar: "Somos uma propriedade passando de mão em mão", referindo-se a como, historicamente, as mulheres foram vistas como pertencentes ao pai, ao marido e, posteriormente, ao filho mais velho.
Yordanna Lara, Jully Anne Ribeiro e Luciane Agnez (Foto: Júlia Barros/Secom UFG)
O evento fez parte das discussões sobre os 30 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um marco na luta pela igualdade de gênero. Embora avanços tenham sido alcançados desde então, os desafios permanecem. O debate reforçou a importância da mobilização social e da imprensa na transformação dessa realidade, para que a informação contribua para a conscientização e não para a reprodução de desigualdades.
* Lalice Fernandes é estagiária do curso de Jornalismo da FIC/UFG, orientada pela jornalista Kharen Stecca.
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Fonte: Secom UFG
Categorias: sociedade Humanidades Fic Notícia 4